Se por alguns anos era comum digitar “o que é nubank?” no Google para descobrir do que se tratava esse banco “diferente”, hoje o Nubank é uma marca cada vez mais popular, um protagonista da revolução das fintechs em andamento na América Latina. Fundado em 2013, o banco digital que tem como slogan “A nova geração de serviços financeiros no Brasil” cresceu de forma meteórica desde que lançou seu primeiro produto: o cartão de crédito Nubank, em 2014. Nesta segunda-feira, superou a marca de 40 milhões de clientes – em 2019, antes da pandemia de COVID-19, eram 12 milhões.
O foco em desbancarizados e gerações mais jovens, assim como a ausência de taxas e tarifas em muitos de seus produtos e serviços, e a construção de uma comunidade de clientes (NuCommunity) fazem parte da fórmula de sucesso que fez o Nubank ser eleito pela Forbes o melhor banco do Brasil em 2021.
O Nubank alcançou o status de unicórnio em março de 2018, ao atingir uma avaliação de US$ 1 bilhão. Praticamente um ano depois, multiplicou esse valor de mercado por dez.
Com a última rodada de US$ 400 milhões, levantada em fevereiro, a empresa alcançou um valor de mercado estimado em US$ 25 bilhões (mais de R$ 130 bilhões), sendo a quarta instituição financeira mais valiosa da América Latina, atrás do Santander Brasil, Bradesco e o Itaú, primeiro na lista com uma avaliação de mais de R$ 250 bilhões.
Nesta terça-feira, 8 de junho, a Berkshire Hathaway, empresa do bilionário Warren Buffett, anunciou que comprará o equivalente a US$ 500 milhões em ações do Nubank, tornando-se a maior acionista do banco digital brasileiro. O acordo vem acompanhado de mais de US$ 250 milhões vindos de investidores nacionais e internacionais e faz com que o valor de mercado da empresa pule para US$ 30 bilhões.
De quem é o Nubank?
O Nubank foi fundado em 2013 pelo colombiano David Vélez (atual CEO global da fintech), a brasileira Cristina Junqueira (CEO do Brasil) e o americano Edward Wible (CTO).
De lá para cá, anunciou ou recebeu oito rodadas de investimento, com participação de um ou mais fundos de capital de risco. Entre os investidores do Nubank estão Sequoia Capital, Kaszek Ventures, Tiger Global Management, QED Investors, Founders Fund, DST Global, Redpoint Ventures, Ribbit Capital, Dragoneer Investment Group, Thrive Capital e Tencent. A empresa não revela o tamanho da participação de nenhum deles, mas já adiantou que a Berkshire Hathaway será sua maior acionista.
- Seed: US$ 2milhões em junho de 2013. Investidores: Sequoia Capital e Kaszek Ventures
- Série A: US$ 15 milhões em agosto de 2014. Investidores: Sequoia Capital e Kaszek Ventures
- Série B: US$ 30 milhões em maio de 2015. Investidores: Tiger Global Management, Sequoia Capital, Kaszek Ventures, QED Investors.
- Série C: US$ 52 milhões em janeiro de 2016. Investidores: Founders Fund, Tiger Global Management, Sequoia Capital, Kaszek Ventures.
- Série D: US$ 80 milhões em dezembro de 2016. Investidores: DST Global, Sequoia Capital, Founders Fund, Tiger Global Management.
- Série E: US$ 150 milhões em fevereiro de 2018. Investidores: DST Global, QED Investors, Redpoint Ventures, Ribbit Capital, Dragoneer Investment Group, Thrive Capital.
- Tencent: US$ 180 milhões em outubro de 2018.
- Série F: US$ 400 milhões. Investidores: TCV, Tencent, DST Global, Sequoia Capital, Dragoneer, Ribbit Capital e Thrive Capital.
- Series G: US$ 400 milhões: Investidores: GIC, Whale Rock, Invesco, Sequoia, Tencent, Dragoneer e Ribbit.
- Series G (extensão): US$ 500 milhões: Berkshire Hathaway.
- Series G (extensão 2): US$ 250 milhões: Absoluto Partners, Verde Asset, Sands Capital, Sunley House (afiliada da Advent International), MSA Capital, Canadian Pension Plan Investment Board (CPPIB), Tencent, Invesco, Tarsadia Capital.
As rodadas de investimento recentes possibilitaram a expansão para outros países como México e Colômbia, assim como aquisições e o crescimento na estrutura, número de profissionais e produtos oferecidos.
O passo seguinte será a entrada na bolsa americana, e a empresa está fazendo o dever de casa para isso. Em maio de 2021, o Nubank nomeou quatro novos conselheiros, incluindo Jacqueline Reses (conselheira do Federal Reserve de San Francisco) e Luis Alberto Moreno (ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID entre 2005 e 2010).
“Ter a valiosa experiência que esses executivos trazem para a Nubank nos ajudará a manter o ritmo de crescimento acelerado, de forma sustentável, e garantir que continuemos oferecendo os melhores produtos e experiências aos nossos clientes”, declarou David Velez em nota na ocasião.
Do cartão de crédito Nubank à Easynvest By Nubank
Pouco a pouco, o neobanco vem aumentando seu leque de produtos e serviços. Hoje, tem mais 21 milhões de pessoas usam o cartão de crédito Nubank, e mais de 30 milhões a conta digital NuConta. De dezembro de 2020 para cá, o Nubank lançou ainda empréstimo pessoal, seguro de vida e uma plataforma de investimentos via aquisição da Easynvest, concluída no último dia 2 de junho. A empresa, que tem R$ 5 bilhões sob gestão e 1,6 milhão de clientes, passa a se chamar Easynvest By Nubank.
A fintech também oferece uma conta PJ para clientes MEI (Microempreendedor Individual), EI (Empresa Individual) e EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada).
Nubank Brasil
Com sede em São Paulo, o Nubank tem hoje clientes em todos os mais de 5 mil municípios brasileiros. A chegada do Nubank e de outras fintechs e neobancos, ao lado da agenda de inovação impulsionada pelo Banco Central, tem ajudado a aumentar a competição no setor bancário brasileiro. Mas a concentração de mercado no setor ainda é grande. Segundo o último Relatório de Economia Bancária do BC, divulgado nesta segunda-feira, os cinco maiores conglomerados bancários do país (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander) fecharam o ano de 2020 com 81,8% do mercado de crédito e com 79,1% dos depósitos totais.
Expansão internacional: Nubank México, Nubank Argentina, Nubank Colômbia
O acesso a serviços bancários e financeiros é um desafio em toda a América Latina. É por isso também que o Nubank sabe que o que deu certo aqui no Brasil, pode dar certo nos outros países da região.
O primeiro passo do Nubank nesse sentido foi em direção ao México, em abril de 2019. Ainda neste ano, o Nubank anunciou que pretende investir US$ 135 milhões no país. Do total aportado, US$ 70 milhões serão injetados pelo Nubank na operação local. Os US$ 65 milhões restantes serão financiados pela JP Morgan, Goldman Sachs e Bank of America.
Ainda em 2019, pouco mais de um mês do anúncio sobre o México, foi a vez de Buenos Aires, na Argentina, ganhar um escritório do Nubank. E, em março de 2020, da Colômbia, país natal de Vélez. O Nubank promete investir US$ 500 milhões no país em oito anos, apostando também na criação de um centro de dados e engenharia em Bogotá, capital do país.