Maior restaurante da América Latina, o Madalosso, localizado em Curitiba, reabriu nesta terça-feira após manter as portas fechadas por dois meses para impedir a propagação do coronavírus. O local de comida italiana, capaz de atender 4 mil pessoas ao mesmo tempo, planeja agora oferecer drive-in, drive-thru e entregas para continuar prestando serviços em meio à pandemia. Com as novas ideias, a empresa espera manter 40% do faturamento regular pré-crise.

O restaurante Madalosso é um ponto turístico. Foi fundado por imigrantes italianos na cidade do sul do Brasil. Mas, devido à pandemia de coronavírus no país, onde anteriormente havia grandes estacionamentos e mesas cheias de famílias, por 60 dias havia salões vazios. Pela primeira vez em seus 57 anos de história, o segundo maior restaurante do mundo foi fechado no Dia das Mães, quando o movimento é mais alto.
Antes da pandemia, cerca de 60 mil refeições mensais eram servidas ali – a receita bruta advinda apenas das refeições, excluindo bebidas, eventos, sobremesas e outros extras, era de quase R$ 2,7 milhões por mês.
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Por dois meses, os salões do Madalosso estiveram irreconhecíveis: seus espelhos, que dão a impressão de ainda mais pessoas sendo atendidas, ampliavam o vazio. Enquanto isso, os profissionais da saúde continuam combatendo um vírus ainda pouco conhecido, e que já matou 17.375 pessoas no país.

“A pandemia não é simples. Quando vimos que estava prestes a chegar ao Brasil, estávamos preparados para fechar para preservar clientes e funcionários. Não podíamos continuar trabalhando em um ambiente em que não tínhamos certeza de sua segurança”, explica Lorenzo Madalosso , um dos gerentes do Madalosso.
Como a COVID-19 obrigou a fechar restaurantes da Áustria até a Zâmbia, o Madalosso foi um dos primeiros restaurantes em Curitiba, a oitava maior cidade do Brasil, a fechar. Apesar da perda financeira, Lorenzo acredita que o fechamento foi a decisão certa. Agora, os restaurantes Madalosso reabrem com cautela, sem receber um grande número de clientes. “Nesse período de fechamento, aproveitamos a oportunidade para tornar nosso ambiente seguro, tanto para funcionários quanto para clientes. Se houver mais clientes do que aquilo que conseguimos atender, nós os recusaremos, teremos um limite estabelecido”, afirma.
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O empresário diz que estudou várias opções para se adaptar à nova realidade trazida pelo vírus. Uma das ideias era o drive-in, o cinema visto de carros, muito popular na década de 1950 e que agora está voltando na Argentina, nos Estados Unidos e na Europa como forma de entretenimento, atendendo aos padrões sociais de distanciamento.
O Madalosso viu no drive-in a oportunidade de aproveitar o amplo estacionamento do restaurante enquanto servia a famosa mandioca frita com refrigerante. A ideia começou como um projeto de caridade, pois o ingresso seria uma doação, revertida para uma campanha de solidariedade.

“Como vemos que a pandemia pode durar um longo prazo, não temos tanta pressa em lançar o drive-in, mas queremos lançá-lo da maneira certa, com leis consistentes, para que respeite todas as regras de segurança e em conformidade com o que as autoridades solicitam”, afirma. Madalosso ainda negocia com a prefeitura de Curitiba as regras para a autorização do evento. “A distância entre os carros, o uso de máscara, proibição de sair do carro, a menos que seja para ir ao banheiro, limite do número de veículos. Várias regras foram criadas para preservar a saúde do cliente”, acrescenta.
O conceito de drive-thru também pode chegar ao restaurante tradicional, segundo Lorenzo, já que o modelo está recebendo alta demanda. O Madalosso nunca ofereceu entregas, mas também é algo proposto agora. “Temos um projeto de entrega pronto para lançamento”, diz ele.
O parceiro também aposta na Rotisseria, que oferece massas prontas do restaurante, congeladas para a venda. Madalosso explica que, mesmo com essas iniciativas, a expectativa é ganhar muito menos do que antes da pandemia e que a ideia é se ajustar ao longo do tempo.
Nosso objetivo hoje, mais do que manter os negócios, é manter os funcionários. Com tudo isso que estamos montando, a expectativa é alcançar 40%, 30% dos ganhos regulares
lorenzo madalosso, sócio do restaurante madalosso
O restaurante demitiu cerca de 5% da equipe. Agora tem 300 funcionários. Mas, segundo ele, as demissões já estavam programadas para acontecer. “Quem não é visto, não é lembrado e quem não está se adaptando, não será lembrado”, ressalta. Para o empreendedor, durante a crise, o cliente deve saber que o restaurante está lá, oferecendo opções aos consumidores.
Mesmo se não tivermos lucro agora, sabemos que quando voltarmos o cliente se lembrará de nós. As pessoas vão se lembrar de como as empresas se comportaram durante a crise.
LORENZO MADALOSSO, SÓCIO DO RESTAURANTE MADALOSSO