Michele Chahin, country manager do marketplace Tiendamia no Brasil. Foto: Divulgação/Tiendamia
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Marketplace de produtos dos Estados Unidos, Tiendamia quer quintuplicar faturamento no Brasil em 2021

O LABS conversou com Michele Chahin, nova country manager da Tiendamia no país, sobre as adaptações da plataforma para o mercado brasileiro

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“O Brasil não é para amadores”, é uma frase atribuída a Tom Jobim. Michele Chahin, nova country manager do marketplace Tiendamia no Brasil, lembrou da frase ao contar ao LABS que a empresa quer botar o pé no acelerador por aqui. Presente no Brasil desde 2018, a plataforma de e-commerce contratou a experiente publicitária para assumir a direção dos negócios no país em novembro do ano passado, quando entendeu que a estratégia adotada nos outros países da região não funcionaria no Brasil. 

Embora a Tiendamia tenha nascido nos Estados Unidos, há sete anos, a startup tem seu principal escritório no Uruguai. Nos últimos dois anos, expandiu suas operações pela região, comecando pela Argentina, depois Equador, Brasil e, recentemente, Costa Rica. 

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A empresa já recebeu US$ 1,8 milhão em duas rodadas de investimento Seed, segundo dados do Crunchbase, e funciona de forma sustentável. A curto prazo, não tem planos para IPO, mas está “estudando os caminhos para isso”, disse Chahin, enquanto busca maneiras de escalar suas operações e expandir geograficamente.

O Brasil tem um papel importante nesses planos, mas também traz desafios para a Tiendamia: a língua (português e não espanhol como no restante da região), a logística (país continental, o Brasil traz uma série de entraves nessa área em comparação a outros mercados onde a empresa atua), a necessidade de se oferecer métodos de pagamento alternativos (nenhum e-commerce cresce no país oferecendo apenas o cartão de crédito como opção de pagamento), entre outros. 

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Aos poucos, a empresa vai vencendo todos eles. No Brasil, a Tiendamia já aceita boleto, cartão de crédito e oferece opção de parcelamento em até doze vezes, “porque a gente sabe que o pagamento parcelado tem um apelo muito brasileiro, principalmente para compras de valores um pouco mais altos”, disse Chahin. A empresa estuda aceitar pagamentos via PIX até o final do ano. 

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A empresa também tem olhado para marcas já mais consolidadas no país às quais possa se associar. Com parcerias com varejistas, a Tiendamia distribui produtos dos Estados Unidos que são encontrados na Amazon e no Walmart, mas a ideia é trabalhar no Brasil com uma varejista local. 

Chahin não disse quanto será investido no país “por uma questão estratégica”, mas reforçou que, até dezembro, a empresa espera ver o faturamento no Brasil crescer 400%. “Obviamente temos um investimento por trás disso”.

Para vencer o desafio da comunicação, a empresa também tem apostado em estratégias de localização que vão além da tradução do site para o português. “O brasileiro tem muito medo de comprar em sites internacionais, as pessoas não entendem como são os impostos, as taxas. Então colocamos o botão do WhatsApp na nossa plataforma em 1º de abril para trazer suporte na hora do carrinho”, contou Chahin.

Se o cliente brasileiro tiver alguma dúvida na hora da compra, ele pode conversar com um chatbot via WhatsApp. Se a dúvida não for resolvida, o usuário pode conversar com uma atendente brasileira. 

“No Uruguai não existe o botão de WhatsApp, não há essa necessidade. O botão é exclusivo para o Brasil porque o brasileiro se comunica pelo WhatsApp, compra pelo Whatsapp, tira as dúvidas pelo WhatsApp“, disse Chahin. 

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Outro fator de localização importante é a moeda. A Tiendamia trabalha com o dólar congelado, isso é, o consumidor pode fazer a compra em sua moeda local, e, mesmo com a variação do dólar, ele não tem de pagar qualquer diferença.

“Fazemos isso por meio de um acordo que temos com um parceiro de pagamentos, em que já convertemos a moeda no ato da compra”, explicou. Assim, todos os preços do marketplace são em dólares, espelhados na moeda local pela cotação na hora da compra.

A despeito da forte concorrência com marketplaces de e-commerce da Ásia como AliExpress e Shopee, que escalaram rapidamente no Brasil, e dos grandes Mercado Livre e Amazon, além de marketplaces do Brasil como Magazine Luiza, Americanas/B2W, OLX, a Tiendamia considera que “tem espaço para todos” no Brasil

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“A Tiendamia se posiciona como e-commerce que traz produtos dos Estados Unidos, então isso por si só já é um diferencial. O crescimento dessas outras plataformas é muito benéfico para nós porque as pessoas aprendem a fazer compras internacionais. Estamos todos no mesmo barco”, disse Chahin. 

Segundo a country manager, a proposta da Tiendamia é “alimentar paixões”. O público-alvo são pessoas que acessam a plataforma porque praticam algum esporte específico ou colecionam algum artigo ou jogos de tabuleiro, por exemplo. 

A Tiendamia promete trazer produtos específicos que não são possíveis comprar no Brasil, seja porque não existem ou porque são muito caros. “Mais do que competir por preço e velocidade na entrega, que são importantes, a gente quer chegar na pessoa que tem uma paixão por um esporte específico. Por exemplo, alguns mergulhadores compram cilindros e máscaras na nossa plataforma”. 

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Chahin explicou que na pandemia muita gente começou a cozinhar ou retomou hobbies esquecidos. “Queremos aproveitar esse movimento para ajudar o consumidor com as paixões dele. Chegamos no Brasil e sabemos que precisamos ter calma e ouvir o consumidor para adaptar o nosso produto para o mercado, que é muito peculiar”. 

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