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Foto: MedRoom/Divulgação
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MedRoom aposta no metaverso para revolucionar o ensino à distância em saúde

Parte de um dos maiores grupos de educação privada do Brasil, a companhia quer levar seu laboratório virtual para faculdades e hospitais de toda a América Latina

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Usar realidade virtual para treinar médicos mais eficientes e, assim, conseguir reduzir o número de mortes causadas por erros no atendimento. Um objetivo que soa fácil de falar, mas difícil de realizar. Usando design, engenharia, efeitos especiais e pesquisa científica, a MedRoom aposta que consegue transformar essa promessa em realidade.

Fundada em 2016, pelos empreendedores Vinicius Gusmão e Sandro Nhaia, a startup acredita que pode ajudar médicos, professores e alunos com ajuda de ambientes virtuais e mais: conta com a ajuda de uma das maiores organizações educacionais privadas de ensino superior do Brasil, o grupo Ânima Educação. A edtech foi adquirida em novembro de 2020 e agora faz parte do grupo dono das universidades Anhembi Morumbi, São Judas e Unisul, dentre outras. Os valores da transação não foram revelados.

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Com a união, a startup passa definitivamente a atuar nos dois universos: educação e saúde, explica o cofundador e CEO da MedRoom, Vinicius Gusmão. E, com um diferencial relevante, mais agilidade.

“A gente conversa com mais pessoas por conta da distribuição do grupo, mas o maior ganho foi em velocidade de desenvolvimento. Não só do ponto de vista técnico, mas também na profundidade, discussões de quanto os produtos servem de fato para a academia. A gente tem agora um laboratório gigantesco que são as faculdades do grupo”, explica.

Tendo em vista os desafios e possibilidades da parceria, a desenvolvedora pretende, ainda em 2021, expandir seus negócios para outras Instituições de ensino superior. Atualmente, a solução da empresa é licenciada para pelo menos 30 instituições (entre hospitais e faculdades) de Brasil, México, Peru e Paraguai.

Em 2022, a ideia é levar também seus laboratórios virtuais para hospitais e farmacêuticas de países latinoamericanos.

Laboratórios virtuais e ensino híbrido: o metaverso

A principal solução da edtech é o software Atrium, focado no ensino de anatomia, com um modelo completo do corpo humano em 3D. Todas as estruturas, aspecto e funcionamento foram modeladas contando com a colaboração de especialistas do Hospital Albert Einstein.

No laboratório de anatomia virtual os alunos podem estudar livremente o corpo humano, explorar cada estrutura, isolar órgãos e sistemas de uma maneira nunca antes vista, afirma Gusmão.

Sandro Nhaia e Vinicius Gusmão (à direita), fundadores da MedRoom. Foto: MedRoom/Divulgação

No entanto, o momento de crise vivido por conta da pandemia do COVID-19 trouxe uma série de desafios para as soluções de aprendizado oferecidas pela startup. Afinal de contas, por mais que o ambiente desenvolvido pela companhia seja virtual, para oferecer uma experiência, os alunos precisavam estar em um espaço físico bem preparado.

“A gente tinha um produto antes da pandemia, que era um laboratório de anatomia em realidade virtual. Era um produto virtual, mas baseado no ensino presencial. Isso fez com que a gente trouxesse uma nova proposta: construir um ensino de saúde híbrido, nosso próprio metaverso”, conta o CEO da MedRoom.

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A companhia deve lançar em novembro uma plataforma que vá além do laboratório mostrado por um óculos de realidade virtual. Esse metaverso deve ser testado primeiro nos cursos de saúde das universidades do grupo Ânima.

Com a pandemia, vimos a necessidade de os alunos terem acesso a esses conteúdos em casa para ele poder realizar tanto o aprendizado à distância quanto o aprendizado assíncrono

Vinicius Gusmão, CEO da MEdRoom

“Conseguimos desenvolver e validar uma proposta de ensino híbrido. Construímos um universo virtual onde temos o laboratório de anatomia, estamos construindo cenários clínicos de atendimento ao paciente. E vamos entregar uma plataforma onde o aluno consegue acessar esse mundo virtual por meio do celular”, explica Gusmão.

Desafios culturais e expansão

Apesar dos avanços no campo do ensino híbrido, o CEO da MedRoom conta que ainda há uma parte dos profissionais bastante crítica ao uso de algumas tecnologias. No fim do dia, a união entre tecnologia, ensino e soluções inovadoras para médicos, professores e alunos ainda está longe de pronta.

Para superar as barreiras culturais — Gusmão conta que já ouviu de médicos que ‘videogame não serve para ensino’ — o que fez com que a empresa focasse em ganhos mais fáceis de demonstrar, como no aprendizado de anatomia, uma “pedra fundamental” do ensino de saúde.

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“A gente usou essa estratégia das ferramentas novas, do hype da realidade virtual. Começar esses trabalhos com realidade virtual chama a atenção e traz um impacto que você literalmente vê. A gente teve essa discussão do que a gente precisa construir para mostrar o valor de colocar tecnologia no setor de saúde de uma forma menos arisca para os médicos”, argumenta o fundador da MedRoom.

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