Merama completa um ano e ganha unicórnio de presente
Renato Andrade e Guilherme Nosralla, cofundadores da Merama, que recebeu US$ 225 milhões da Advent e SoftBank este ano. Foto: Merama/Divulgação
Negócios

Merama completa um ano e ganha unicórnio de presente

Startup de aceleração de marcas de varejo capta extensão de Série B e alcança valuation de US$ 1,2 bilhão em apenas um ano

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Exatamente um ano desde o início de suas operações, a Merama, startup de aceleração de marcas de varejo com ênfase no e-commerce, comemora seu primeiro aniversário como o mais novo unicórnio da América Latina. A startup captou US$ 60 milhões em uma extensão da rodada Série B anunciada em setembro. O aporte adicional teve participação dos fundos Advent International e SoftBank Latin America e eleva o total captado pela empresa em menos de oito meses para US$ 445 milhões e o valuation para US$ 1,2 bilhão.

A ascensão rápida da Merama segue o aquecimento do mercado de e-commerce da América Latina registrado em 2021 – dados do relatório Beyond Borders 2021/2022 mostram que o e-commerce deve registrar um crescimento de 37% na região. Além disso, os investidores têm olhado com mais atenção para os chamados “agregadores de marcas”, modelo da Merama, e das mexicanas Valoreo e Wonder Brands, que também levantaram rodadas recentemente. A própria Advent investe na Thrasio, o maior adquirente global de marcas Amazon. 

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Em entrevista ao LABS, Renato Andrade e Guilherme Nosralla, os cofundadores brasileiros da Merama ao lado do mexicano Felipe Delgado e do americano Sujay Tyle, disseram que, desde a Série A em abril, a startup dobrou de tamanho e está próxima de bater a marca de US$ 300 milhões em receita gerada em 2021. A Merama não revela o valor médio que investe nas marcas, mas costuma apostar em empresas com um faturamento médio de R$ 30 milhões e afirma que a taxa de crescimento das “agregadas” varia entre 40 e 60%. 

Nosso modelo exige muita capacidade de análise dos potenciais alvos de aquisição e parceria. Nós conseguimos ser muito bem sucedidos nessa estratégia de construir uma primeira base de parceiros sólida, que nos prepare para o futuro; 99% do nosso valor hoje vem de uma boa estratégia de M&A. Nosso modelo de negócio é bem alavancado, mas não imaginamos essa velocidade.

Renato Andrade, cofundador da Merama

Atualmente, mais de 30 marcas compõem o portfólio da startup, em países como Brasil, México, Chile, Colômbia, Peru e Estados Unidos. Para o próximo ano, a meta é dobrar de tamanho. “Nossos dois maiores desafios é continuar crescendo e escalando essas companhias e fortalecer nossa presença em outros segmentos do e-commerce”, acrescentou Andrade.

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Com o caixa cheio, a Merama vai lançar uma nova divisão, o Merama Labs, uma espécie de catalizador de inovação das marcas do portfólio, segundo Andrade, que permitirá que a startup desenvolva marcas e produtos em sub-segmentos em que ainda não tem um parceiro competitivo. 

“Nossa estratégia sempre foi fazer parcerias e aquisições de empresas, mas sentimos falta de poder desenvolver nossos produtos. O Merama Labs vai permitir testar modelos de criação de produtos e marcas, como um laboratório para alavancar a inovação do grupo. Hoje, nós estamos presentes nos principais segmentos de produtos, mas às vezes ainda não temos o parceiro mais competitivo. O Labs vai entender se faz sentido tentar desenvolver esse produto com o parceiro ou desenvolver o produto e a marca do zero”, explicou. 

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A Merama tem hoje dois grandes grupos de marcas: o “funcional”, que engloba categorias como utensílios domésticos, eletrônicos, esportes; e o “emocional”, que engloba produtos com um apelo mais pessoal junto ao consumidor, como beleza e cosméticos. Hoje, a Merama investe mais nas marcas ditas funcionais; o plano é fortalecer o grupo das “emocionais”.  

“Unilever da América Latina”

Com sede no Brasil e no México, a companhia iniciou suas operações em dezembro passado com a meta de ser o principal player de marcas próprias da região e o maior parceiro de gigantes do varejo e do e-commerce, como Mercado Livre, Amazon, Magazine Luiza, B2W e Via Varejo. Uma espécie de Unilever latino-americana. 

“A Merama tem uma proposta de ser uma holding, um grande conglomerado de marcas focadas em plataformas digitais. É uma adaptação do modelo de empresas que já vêm fazendo isso nos Estados Unidos e em países europeus, os famosos agregadores. Nós adaptamos esse modelo para a América Latina,” definiu Andrade em entrevista ao LABS em junho.

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O negócio da Merama é baseado em escala, o que também explica o volume das rodadas até aqui, já que precisa do caixa cheio para trazer as marcas para o seu portfólio. Na prática, a Merama se concentra em identificar as marcas que mais se destacam em cada categoria e comprar uma fatia majoritária delas, permitindo que os empreendedores continuem operando o dia a dia como parceiros, com acesso a tecnologia, capital e auxílio de uma equipe especialista em e-commerce.

“O e-commerce cresce muito na América Latina, é uma região que já tem muitos negócios bem sucedidos, mas os empreendedores têm desafios. Por exemplo, ele cresce, mas reinveste todo o lucro. Ao mesmo tempo, falta capital para turbinar o negócio. A Merama solta as amarras de crescimento. A gente oferece o capital e as condições para que a operação tenha liquidez, mas também deslanche no digital e internacionalize,” disse Nosralla.