A Casai, startup mexicana de tecnologia focada no setor de hospedagem, inaugura suas operações no Brasil nessa terça-feira como parte da estratégia de expansão da marca na América Latina. O lançamento no Brasil terá um investimento de cerca de R$ 100 milhões e começa com a oferta de apartamentos premium, a marca da startup, em bairros nobres de São Paulo, como Vila Olímpia, Pinheiros, Jardins e Itaim Bibi. De acordo com a empresa, a Casai já estreia com ocupação de 90%.
Com sede na Cidade do México, a Casai foi lançada em 2019 com a proposta de unir tecnologia smart-home, design e confortos de hotel em alugueis de curto prazo. Apesar de ter começado a operar pouco antes de a pandemia de COVID-19 provocar uma queda de 74% nas viagens internacionais, segundo dados da Organização Mundial do Turismo, a Casai afirma ter triplicado de tamanho desde o início da pandemia.
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Em outubro passado, a proptech recebeu um aporte de US$ 54 milhões em rodada com participação de fundos como Monashees Capital, Kaszek Ventures e Andreessen Horowitz. Hoje, a Casai tem em seu portfólio cerca de 300 imóveis na Cidade do México, Tulum e, agora, São Paulo.

Nico Barawid, cofundador e CEO da Casai, contou ao LABS que a startup nasceu de uma percepção de que o setor de hospedagem precisava de inovação. “A Casai é uma empresa de tecnologia e a inovação sempre fez parte do nosso DNA. A Casai oferece uma experiência única de hospedagem, com um conceito de hospitalidade que alia tecnologia, design e confortos típicos de hotéis, mas preservando a personalidade e a identidade de cada local. Os viajantes querem viver como os locais, mas com os confortos de um hotel”, explica ele.
Smart-home e imersão cultural
O modelo de negócios da Casai é baseado no conceito de smart-home, ou casa inteligente. A startup oferece apartamentos totalmente equipados para estadias curtas ou prolongadas. O diferencial são o design exclusivo – os imóveis são decorados por especialistas em design da Casai em projetos que valorizam o uso de produtos sustentáveis e marcas de origem local – e a tecnologia smart-home, em que o imóvel é 100% conectado e gerenciado por dispositivos.
O ponto alto da experiência fica por conta do “Butler”, um sistema interno desenvolvido pela Casai que se conecta aos apps dos hóspedes, dando a eles total controle sobre a experiência interativa dentro do imóvel e atendendo a seus pedidos remotamente. Além disso, o acesso aos imóveis é feito sem chave e todo o processo de check-in é realizado sem contato físico. A tecnologia também é aplicada para gestão dos estoques e gerenciamento dos pedidos dos clientes a partir das tendências de consumo.

Os hóspedes dispõem ainda de uma equipe de concierge disponível sete dias por semana. O suporte é coordenado remotamente por pessoas reais, e visa dar um toque mais personalizado à estadia, com recomendações sobre restaurantes, programas turísticos e serviços de suporte. Essa curadoria, inclusive, é feita por locais: são os “Vizinhos”, um serviço criado pela Casai para promover uma espécie de imersão na cultura local e projetar um sentimento de pertencimento e autenticidade à experiência do turista.
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“A imersão local é um conceito muito importante para a Casai. São Paulo é uma das maiores e mais importantes cidades da América Latina. Queremos oferecer uma experiência diferenciada em hospedagem, alinhada ao alto padrão de serviços que uma cidade tão cosmopolita exige”, explica Luiz Eduardo Mazetto, diretor geral da Casai no Brasil.
A busca por essa imersão cultural também orienta a estratégia de expansão da Casai. Segundo Nico, a proptech planeja ampliar sua operação em cidades com perfis diferentes entre si. No Brasil, cidades como Rio de Janeiro, Búzios e Florianópolis estão no radar.
Veja os principais trechos da conversa com Nico Barawid com o LABS:
Novo conceito de hospitalidade
“Antes de mudar para a Cidade do México, eu vivi em São Francisco e trabalhei em uma fintech. Eu viajava muito a trabalho e sempre ficava em hospedagens do Airbnb. E eu percebi que esse modelo de aluguel era excelente pela flexibilidade, mas não oferecia tanta qualidade e consistência quanto um hotel.
Comecei a pensar como poderia criar um conceito de hospedagem e uma experiência de hospitalidade mais consistente em termos de qualidade, mas mais flexível e personalizada do que um hotel. Foi assim que a Casai, que vem de “casa inteligente”, nasceu: com a proposta de reinventar o setor de hospedagem para o turismo.
A tecnologia é outra constante para otimizar todas as etapas da nossa operação, tornando o processo de contratação, de check in e a estadia mais fácil, seguro e confortável.”
Seleção do portfólio de imóveis
“Nós somos muito rígidos na escolha dos imóveis que integram nossa plataforma. A Casai não é proprietária dos imóveis, mas atua em parceria com imobiliárias e proprietários para gerenciar o aluguel daquele imóvel. Também pegamos imóveis vazios e transformamos de acordo com nossos parâmetros de qualidade. Deixamos ele pronto para receber hóspedes.”
Impacto da pandemia
“A pandemia foi um grande desafio para todo o setor de turismo e viagens, principalmente no início, quando as pessoas pararam de viajar. Mas em julho e agosto, nós já estávamos com 80% de ocupação novamente.
Acredito que com a pandemia, agora as pessoas querem viajar para ficar mais tempo, e querem mais conforto, um imóvel mais equipado.”