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Nova empreitada do ex-CEO da Webjet promete imóvel de lazer por um oitavo do preço total

Ter um segundo imóvel na praia ou no campo para chamar de seu ou apelar para hoteis e plataformas de aluguel de temporada à la Airbnb? A nova empreitada do ex-CEO da Webjet (adquirida pela GOL em 2011) e da GJP Hotels, Fabio Godinho, é um meio termo entre as duas ideias. A MyDoor, em operação desde a metade de maio, oferece imóveis de alto padrão no interior e no litoral de São Paulo que podem ser comprados de maneira fracionada. Ao adquirir 1/8 do imóvel, o comprador poderá combinar o investimento em uma propriedade com o conforto de um serviço de concierge que, promete Godinho, gera uma experiência muito mais personalizada que qualquer hotel ou plataforma digital de viagens pode oferecer.

O lançamento da startup aconteceu na esteira da sua primeira captação externa: uma rodada de R$ 8 milhões liderada pela RTSC Holding (grupo ao qual também pertence a R Capital, que adquiriu a GJP Hotels no ano passado) e com participação da Apex Partners, que avaliaram a empresa em R$ 50 milhões. Na mesma rodada, o investidor líder colocou mais R$ 200 milhões para a aquisição de casas e/ou financiamento aos compradores e a formação do primeiro portfólio da MyDoor.

Inspirada na startup americana Pacaso — uma das startups a atingir mais rapidamente o status de unicórnio nos Estados Unidos em 2021 —, o que a MyDoor oferece, na prática, é uma coparticipação na compra do segundo imóvel, com cotas a partir de R$ 350 mil. Cada imóvel pode ter de dois a oito proprietários (cada um deles pode comprar até quatro cotas por casa).

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O “bônus” oferecido pela MyDoor nessa operação é a oferta de financiamento, além de serviços de gestão geral, decoração e manutenção da residência. Via agendamento online, é possível ter acesso a serviços como concierge, governanta, limpeza, manutenção e conservação do imóvel, entre outros. 

Para oferecer tudo isso, a MyDoor está também buscando funcionários que conheçam bem cada localidade onde opera. Por isso também a startup está expandindo sua área de atuação de maneira gradual. Enquanto o serviço de concierge é online, cada imóvel tem uma governanta e cada oito a dez casas, um hostess.

A MyDoor começou oferecendo imóveis no Litoral Norte e Sul de São Paulo (Maresias, Riviera de São Lourenço, Praia de Juquehy, Praia da Baleia, Barra do Una e Guarujá) e no interior de São Paulo (Terras de São José/Itu, Avaré, Campos do Jordão). “Queremos nos consolidar nessas regiões e, a partir do ano que vem, queremos abrir novos hubs regionais”.

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Pelo modelo jurídico da MyDoor, os proprietários são sócios das casas e poderão usar o imóvel por até 44 dias por ano. Os proprietários também têm direto a pelo menos uma data especial dentro desse cronograma, como Natal, réveillon ou carnaval, por exemplo.

O público alvo da startup são famílias renda mensal superior a R$ 30 mil, e o ticket médio das frações dos imóveis disponíveis no momento está em R$ 700 mil. “Junto com a Ace [Studio, aceleradora], estimamos um mercado endereçável de R$ 500 bilhões no Brasil.”

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Fabio Godinho, CEO da MyDoor. Foto: Filip Calixto/Divulgação.

Mas a gente sabe que ninguém tem esse montante assim sobrando, por isso também um dos diferenciais do nosso modelo é o acesso a um financiamento dessa fração, com 30% de entrada e o resto em até dez anos

Fabio Godinho, CEO da MyDoor.

Sobre o financiamento, incide IPCA mais uma taxa de juros que varia entre 8% a 12% ao ano, dependendo do imóvel e da avaliação de crédito do comprador. “O custo de captação não é mesmo que o de um banco, claro. Por outro lado, é tudo muito mais fácil e ágil.”

Ele explica que toda a parte burocrática de compra do imóvel também é mais rápida e pode ser feita digitalmente. “A dona da casa é uma empresa, então mesmo o registro da compra em cartório e todos os trâmites de financiamento podem ser feitos digitalmente.”

This post was last modified on junho 6, 2022 8:26 pm

Fabiane Ziolla Menezes

LABS Editor-in-chief Fabiane has more than 15 years of experience reporting on business, finance, innovation, and cities in Brazil. This last passion took her back to the classroom not long ago and made her a Master in Urban Management at PUCPR. At LABS, she tries to always keep on game-changing businesses and people driving these changes in Latin America.

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Fabiane Ziolla Menezes

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