Nubank e Creditas anunciam parceria para oferta de produtos de crédito
Foto: Nubank/Blog
Negócios

Nubank a caminho de um dos maiores IPOs de 2021

A estreia na NYSE, com ações precificadas pelo mercado em US$ 9, acontece apenas um dia antes dos BDRs da empresa chegarem à B3, a Bolsa brasileira

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O maior banco digital da América Latina e também um dos maiores emissores de cartões de crédito da região, o Nubank está prestes a estrear na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). Nesta quarta-feira, o mercado fixou os preços das ações da Nu Holdings (NU) em US$ 9, segundo publicou primeiro o Pipeline, portal de negócios do Valor Econômico, justamente a faixa máxima esperada pela empresa e que confirma o Nubank como o banco de capital aberto mais valioso da América Latina.

O IPO americano acontecerá apenas um dia antes da estreia dos BDRs (ativos que representam na Bolsa brasileira as ações de uma empresa listada lá fora) da empresa na B3.

De acordo com o próprio Nubank, afiliadas e investidores da Sequoia Capital, Tiger Global Management, SoftBank Latin America Funds, Dragoneer, TCV, Sands Capital, Morgan Stanley e JPMorgan vão “ancorar” o IPO, comprando ações no valor de pelo menos US$ 1,3 bilhão.

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Ainda no fim de novembro, o Nubank cortou suas expectativas de arrecadação com a operação, na esteira de uma série de quedas de valor de empresas de tecnologia e startups. Apoiada pela Berkshire Hathaway de Warren Buffett, a empresa havia planejado anteriormente levantar quase US$ 3 bilhões com com preços por ação entre US$ 10 e US$ 11. Agora, espera uma oscilação entre US$ 8 e US$ 9, que poderia levar o neobanco a levantar US$ 2,6 bilhões e a ser avaliado em US$ 41,5 bilhões. Esses valores ainda podem subir se a empresa decidir, juntamente com os bancos responsáveis pela operação (Morgan Stanley, Goldman Sachs e Citi), alocar os lotes adicional e suplementar.

Para os BDRs na B3 (NUBR33), cujo valor é de um sexto de cada ação americana, a faixa de preços está entre R$ 7,45 e R$ 8,38.

A estreia do Nubank no mercado financeiro virá logo de dois IPOs importantes da indústria, os das fintechs americanas Robinhood e Coinbase. Investidores, no entanto, estão um tanto desconfiados das fintechs latino-americanas após a Stone reportar prejuízo no último trimester – as ações da empresa de pagamentos caíram quase 80% neste ano.

O cenário global de inflação alta e taxas de juros maiores, ao lado do surgimento da nova variante do coronavirus, Ômicron, também ajudaram a aumentar a preocupação do mercado nas últimas semanas.

Mas se há uma empresa que pode enfrentar tal turbulência, é o Nubank – a notícia sobre a vacina Pfizer/BioNTech sendo eficaz contra a nova variante após três doses também parece ter vindo no tempo certo para ajudar a acalmar os nervos do mercado.

Conforme reportado pelo próprio banco digital, o Nubank tem mais de 48,1 milhões de clientes (quase dez vezes o que tinha há três anos), a maioria no Brasil, e já opera no México e na Colômbia (país natal do cofundador e CEO David Vélez), sinalizando que sua fome pelos mercados latino-americanos é grande.

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A empresa também informou ter 35,1 milhões de usuários ativos mensais (73% da sua clientela), o que dá ao Nubank várias outras possibilidades de diversificação de negócios.

Alimentado por rodadas milionárias, o Nubank comprou sete empresas desde 2020 para acelerar seu crescimento além das possibilidades orgânicas. No ano passado, adquiriu a Easynvest, a Cognitect (empresa de engenharia de software) e a Plataformatec (consultoria voltada para o desenvolvimento e gestão de produtos). E em 2021, comprou a Juntos (plataforma focada em conversas automatizadas e personalizadas entre bancos e seus clientes), Spin Pay (fintech de pagamentos instantâneos) e Olivia (fintech de inteligência artificial).

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Essas aquisições são fundamentais para a estratégia de expansão do portfólio do Nubank. Ao longo deste ano, o banco digital lançou marketplace dentro de seu aplicativo, além de uma série de novos produtos financeiros, como investimentos, empréstimos pessoais e seguros. Também anunciou parcerias para oferecer serviços que ainda não fornece sozinho, com empresas como a Remessa Online, fintech brasileira que faz transferências internacionais, e a Creditas, para empréstimos com garantia de automóvel.

Apesar de seu crescimento expressivo, o Nubank não é lucrativo – porque não quer ser. Em 2020, o Nubank registrou uma receita anual total de mais de R$ 4 bilhões, um aumento de 20% sobre o ano anterior, e um prejuízo líquido de R$ 230 milhões. Neste ano, até setembro, o neobanco registrou prejuízo líquido de R$ 528 milhões (no primeiro semestre, a operação apenas no Brasil chegou a dar lucro: R$ 76 milhões).

O Nubank está constantemente alocando seus recursos para aumentar sua participação em um mercado em franca expansão e ainda longe de se consolidar. O IPO – e um mercado menos paciente com startups – pode mudar isso? Ainda é cedo para saber.