Juliana Vital, global chief revenue officer da Nubimetrics
Juliana Vital, global chief revenue officer da Nubimetrics. Foto: Divulgação.
Negócios

Nubimetrics quer fechar 2022 com Brasil respondendo por mais da metade das suas receitas

Plataforma Saas nascida na Argentina coleta dados do Mercado Livre e os "traduz" para ajudar vendedores e grandes marcas a vender melhor online. Novas fontes de dados devem ser anunciadas em breve, junto com uma Série B

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Nascida há mais de uma década em San Salvador de Jujuy, na Argentina, a Nubimetrics chegou no Brasil em 2016, mas é nos últimos três anos que tem visto seu crescimento acelerar no país. Hoje, a maior economia da América Latina representa 40% das receitas da empresa e tem potencial para passar dos 50% ainda em 2022. Segundo a global chief revenue officer da empresa, Juliana Vital, novas fontes de dados — a startup já fechou acordos de confidencialidade com “vários” outros grandes operadores de e-commerce da região – e até mesmo uma rodada Série B devem ajudar a Nubimetrics a chegar lá.

Coletando dados do Mercado Livre — líder de comércio eletrônico na América Latina, respondendo por mais de metade do tráfego na região — e extraindo deles indicadores-chave de comportamento, a Nubimetrics ajuda vendedores independentes e grandes marcas a venderem mais e melhor na internet. “Mais da metade das vendas no e-commerce hoje acontece dentro do marketplace. Quando a marca entende o que acontece no marketplace, tem uma foto do que acontece no mercado em geral. Nenhuma ferramenta interna vai trazer a jornada inteira de venda para a marca, com a visão da concorrência, categoria e subcategorias, e em tempo real, como a Nubimetrics traz “, explica Vital.

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Se para os vendedores, a Nubimetrics oferta ferramentas que permitem conhecer a fundo a demanda do marketplace, com dados como palavras-chave e produtos mais buscados, categorias e subcategorias mais ou menos saturadas e até posição no ranking de vendas, para as marcas a startup traz uma visão sobre como os produtos estão sendo vendidos, quais vendedores estão tendo melhor performance e até mesmo ter uma ideia da projeção das vendas dentro de uma determinada categoria ou subcategoria para os próximos 12 meses.

Embora tenha nascido olhando para os merchants (como os vendedores online são chamados pelo setor), a startup descobriu nos fabricantes de diversos setores um mercado B2B que pode levá-la a outro nível de produção de inteligência de mercado. “Um [tipo de cliente] sustenta a proposta de valor do outro. Se não há vendedores movimentando o marketplace, não há dados [de leitura de mercado] para as marcas”. Sem revelar dados absolutos, a CRO da Nubimetrics diz que o número de marcas clientes cresceu 185% no ano passado quando comparado a 2020.

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Além de Brasil e Argentina, Nubimetrics processa dados do MeLi em outros 16 mercados, incluindo EUA e China. “Na Argentina, onde a empresa nasceu, já lideramos o mercado há algum tempo. Depois de Brasil, o mercado mais importante para nós e que estamos olhando de perto é o México. É um país que se aproxima do Brasil em termos de variedade de marketplaces e crescimento do e-commerce. Mas a nossa prioridade continua sendo o Brasil. Tudo o que fazemos, criamos, tem que primeiro funcionar aqui.”

“A gente vem crescendo acima de 100% nos últimos três anos de maneira geral. Em 2021, o faturamento só no Brasil também mais do que dobrou”, complementou a executiva, que foi a primeira C-level a ser contratada no escritório brasileiro, no primeiro trimestre do ano passado. Hoje, outras quatro diretorias da Nubimetrics têm seus líderes globais trabalhando do país.

O quadro de funcionários no Brasil cresceu 114% entre 2020 e 2021, passando de 50 para 148 pessoas – e deve crescer ainda mais.

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O momento econômico complicado mundialmente, de inflação e juros em alta, não assusta a startup. “Notamos uma mudança de comportamento no e-commerce. Algumas categorias que estouraram entre 2020 e 2021 agora estabilizaram, enquanto outras, como alimentos, estão em franca expansão. As pessoas estão usando o e-commerce como forma de buscar melhores produtos e preços. Há muito oportunidade em categorias ainda não exploradas.”

A executiva disse que a Nubimetrics vem buscando investidores “importantes para o mercado de Saas” para a próxima rodada, uma Série B, que, apesar de todo o cenário mais cauteloso, pode sair ainda em 2022. “É uma rodada que vai nos acelerar de maneira global.”

O último aporte recebido pela startup, um aporte Série A de US$ 2,5 milhões liderado pelo fundo Uruguaio IC-Ventures, veio no fim de 2020. Na época, a Nubimetrics foi avaliada em cerca de US$ 12 milhões.