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Negócios

O Crescimento Da Classe C No Brasil: Quais São Os Impactos E As Oportunidades Para O País

Depois da crise de 2015, chegou a hora da economia brasileira respirar aliviada e repleta de otimismo para os próximos anos. Confira o aquecimento do mercado e as oportunidades para negócios que desejam investir no país

Em 2015, dados divulgados pelo IBGE, apontavam um momento de recessão e de recuo na economia brasileira. A boa notícia é que de lá para cá muita coisa mudou.

Segundo pesquisa do Instituto Locomotiva, a Classe C – até então conhecida como “nova classe média” – voltou a crescer de 2017 para 2018. O estudo aponta um crescimento de 1% da população, passando de 50% para 51%.

Essa porcentagem representa mais de 2 milhões de pessoas que chegaram à nova classe social. Ao todo, são 106 milhões de brasileiros que fazem parte da classe média.

Além disso, com o aumento da renda, estima-se que até o fim de 2019 essa população arrecadou um total de R$ 1,57 trilhão. Ou seja, dinheiro que pode virar investimentos e/ou mais lazer para estes brasileiros.

Mas atenção: se antes da queda de 2015 a classe C tinha como meta o consumo-ostentação, agora a exigência é por uma compra com o melhor custo-benefício para o consumidor.

Oferecer qualidade aliada a um preço justo é o segredo para empresas que desejam se destacar para esse público e aumentar o faturamento.

Impactos reais no mercado

Você já viu como as pessoas andam mais exigentes na hora de comprar? Além de gastar com mais consciência, a Classe C tem como grande aliado todo o conteúdo que a internet oferece sobre produtos e serviços antes de fechar uma compra.

Segundo dados do Google, já em 2015 a classe C representava 54% dos brasileiros conectados. Entre eles, 81% dos usuários tinham o hábito de buscar informações em diferentes plataformas antes de comprar produtos. Atualmente, com toda a evolução da tecnologia, esse número é ainda maior.

O primeiro ponto é que o aumento da renda entre os brasileiros faz a economia girar e, consequentemente, as vendas de pequenas, médias e grandes empresas aumentarem. Isso resulta em mais empregos e mais oportunidades para o país se desenvolver.

O segundo ponto de atenção é que com esse consumo mais consciente, as empresas devem ficar atentas em oferecer uma entrega de qualidade e um preço competitivo.

Para se destacar, são super bem-vindos:

  • Brindes e/ou descontos;
  • Produtos mais baratos que o habitual, mas que mantém a qualidade;
  • Maior opção de parcelamento para produtos com preços elevados.

Como um exemplo de empresas que se destacam entre a Classe C, os grandes players de beleza e estética. Diariamente, essas marcas oferecem brindes nas compras de valores pré-definidos e outros benefícios para o consumidor.

Inclusive empresas que focavam apenas no público A e B, começaram a abrir as portas e tornarem-se mais acessíveis para a Classe C. Dessa forma, essas marcas conseguem expandir e aumentar ainda mais as vendas no país.

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E-commerce Sephora (ShutterStock)


Como pontuou Flávia Bittencourt, diretora geral da Sephora Brasil e vice-presidente sênior para América Latina, em entrevista ao Meio e Mensagem:

“Nosso maior objetivo é trazer as clientes que ainda não compram prestígio e sim as marcas nacionais, porque têm medo de comprar uma internacional. Mostrar que dá para ter. Temos produtos que começam em R$ 10. Cabe em qualquer bolso, e quando o produto é mais caro, parcelamos em seis, dez vezes”

Palavras da especialista

Para entender mais sobre todo esse cenário e esse momento do mercado, convidamos para uma entrevista a publicitária, professora universitária e CEO da 220watts Comunicação, Anne Matoso.

Anne atua há mais de 15 anos como Gerente de Mídia e Planejamento estratégico em agências de Curitiba e já atendeu clientes como Volkswagen, Carrefour, Grupo Barigui, Omar Calçados, Prefeitura de Pinhais, Pátio Batel, Ecovia, entre outros.

1. Quais oportunidades podem surgir para as empresas a partir deste crescimento da classe C?

A Classe C cresceu e mesmo estando em um período de recessão, continua consumindo muitos serviços e produtos que não consumia de forma frequente há 10 anos atrás. Salão de beleza, comer fora de casa, ir ao cinema frequentemente, são alguns exemplos.

A Classe C ainda é extremamente dependente de bancos e condições de financiamento, o que pode ser uma oportunidade para marcas de bens duráveis ou maior valor agregado possam ter sucesso, desde que tenham condições facilitadas de pagamento.

2. De acordo com a pesquisa da Locomotiva, a classe C está agindo de forma mais consciente no momento de fazer uma compra. Quais estratégias você acredita que as empresas podem abordar para ganhar a atenção deste público?

A Classe C tem uma característica predominante que é consumir sim, mas não se permitir errar o consumo. Por isso eles preferem marcas sólidas e boas referências quando estão decididas a consumir algo.

Não existe a possibilidade de não gostar e investir em outro bem, por isso a compra é mais pesquisada, mais consciente e se quando existe a decisão de compra tomada, se procura mais qualidade e procedência, com menor possibilidade de compras feitas por impulso.

3. Como o seu mercado de atuação pode aproveitar esse momento da economia?

Grandes marcas sempre tiveram maior facilidade para implementar estratégias de comunicação, já que isto demandava um investimento alto. Com o crescimento da Classe C e a força das estratégias digitais, o mercado publicitário presenciou não somente novas marcas, mas empresas menores investindo e tendo possibilidade de fazer do seu negócio uma empresa de fato rentável.

Além disso surgem as estratégias de nicho pensadas especificamente para Classe C. Anteriormente as marcas enxergavam esse público como uma fatia menos importante nas estratégias de comunicação, hoje não.

Por serem maioria, as marcas passam a priorizar a classe C nas suas estratégias e começam a surgir agências de comunicação, institutos de pesquisa e profissionais capacitados para rentabilizar a estratégia dos anunciantes, especificamente neste nicho.

Em resumo: temos novas oportunidades no Brasil

O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou há algumas semanas o Panorama Econômico Mundial, documento no qual revela a projeção de crescimento do Brasil.

Essa projeção é mais alta do que falava-se no mercado, mas houve uma pequena redução em relação à primeira estimativa divulgada logo após o resultado das últimas eleições que elegeram Bolsonaro como presidente.

Segundo o Valor Econômico, a projeção de crescimento do Brasil para 2019 passou de 2,5% para 2,1%. Mas a estimativa para 2020 foi elevada, de 2,2% para 2,5%.

Acontece que sim, o Brasil está crescendo. Porém, o ritmo não é tão acelerado.

O país está melhorando, a economia está estável e o brasileiro está começando a comprar e consumir mais, porém com cautela.

O crescimento da classe C representou uma grande oportunidade para negócios que desejam investir no país.

As intenções de compra dessa classe aumentaram, mesmo que de forma modesta, e se antes o foco das empresas estava em chamar a atenção das classes com maior poder aquisitivo, hoje elas já miram a grande massa para ampliar as vendas.

Por isso, negócios começarão a surgir para suprir as demandas desse público e esse é o momento ideal para empresas que desejam expandir.

Podemos enxergar um futuro promissor para os negócios no Brasil. Então, alinhar estratégias para aproveitar esse momento de um mercado mais moderno e amadurecido é essencial para o sucesso.

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