Luiz Piovesana, CMO da Nuvemshop. Foto: Divulgação.
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"O próximo mês é sempre o melhor mês. O e-commerce nunca deixa de crescer no Brasil", diz CMO da Nuvemshop

Em entrevista ao LABS, Luiz Piovesana falou sobre o crescimento 77% nas vendas online das PMEs atendidas pela plataforma em 2021 e como isso também se reflete nas estratégias da Nuvemshop

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A plataforma da Nuvemshop é usada hoje por 95 mil lojistas na América Latina, sendo 50 mil só no Brasil. No ano passado, essas pequenas e médias empresas viram as vendas crescerem 77% sobre 2020, ano em que a pandemia já tinha provocado uma explosão no e-commerce. Elas faturaram R$ 2,3 bilhões – R$ 1 bilhão a mais do que em 2020, segundo dados do NuvemCommerce, estudo que a plataforma realiza todos os anos olhando. “O crescimento de 2019 para 2020 foi maior [166%], mas mês a mês a gente vê a evolução acontecer. Não só em faturamento, mas em número de novas lojas entrando. Nunca teve uma baixa [no número de novas lojas]. O próximo mês é sempre o melhor mês”, disse Luiz Piovesana, CMO da empresa, em entrevista ao LABS.

Impulsionado pela pandemia, estima-se que o comércio eletrônico tenha crescido de cerca de 5% para mais de 10% do varejo brasileiro, segundo dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), em parceria com a Neotrust. “Em 2021, isso foi para 12%. E aí entra também questões de sazonalidade e crise. Por falta de outras alternativas, as pessoas são levadas a empreender mais. Sendo a bola da vez, o e-commerce também atrai cada vez mais essas pessoas”.

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O número de pedidos também cresceu, em 75%, saltando de 6 milhões para 10,5 milhões. E 5 milhões de consumidores compraram online pela primeira vez no ano passado – é um número menor do que o estimado para 2020, mas que ainda assim atesta o quanto o e-commerce está fazendo cada vez mais parte da rotina das pessoas.

Os segmentos que mais faturaram não mudaram: moda, saúde & beleza, acessórios, eletrônicos e casa & jardim.

No ano passado, o cartão de crédito continuou sendo o meio mais utilizado de pagamento nas compras online, com mais da metade das transações dos lojistas da Nuvemshop. Já o PIX, com 6% do total de transações, superou o boleto (5%) e deve continuar a crescer. “Principalmente quando pensamos em compras de menor ticket. Para os produtos mais caros as pessoas continuará precisando dos cartões de crédito e outras soluções de financiamento e parcelamento. Os cartões tem um arcabouço de benefícios muito amplo “, comenta Piovesana.

Nós vemos o comércio eletrônico representando uma fatia de pelo menos 40% do varejo brasileiro. China já chegou nos 50%, Reino Unido 40% e Estados Unidos está em 20%. E não estamos falando só de peso em relação às vendas totais. Acreditamos que 80% das transações do varejo terão pelo menos um ponto de contato digital nos próximos 15, 20 anos.

Luiz Piovesana, CMO da NUVEMSHOP.

Com essa premissa em mente, a empresa tem apostado em duas frentes: produto e serviço. A Nuvemshop já oferece quase 200 aplicações na sua plataforma, próprias e de parceiros, gratuitas e pagas, que vão de soluções de gestão de frete e fornecedores a pagamentos. “Oferecemos ali uma série de ‘tomadinhas’ nas quais o cliente pode plugar e acessar os produtos de que precisa, com autonomia de escolha. Isso faz com que a gente também proporcione uma operação localizada, com produtos e parceiros que atendem determinada cidade/região melhor.”

Já na frente de serviços, o lojista tem acesso a cerca de 1 mil agências e freelancers parceiros conectados à plataforma, no estilo self-service.

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Para empresas com faturamento superior a R$ 100 mil mensais, a Nuvemshop oferece um suporte maior, uma equipe para ajudar esses clientes a escalar e melhorar suas operações. “O chamado mid-market é algo que a gente tem desenvolvido bastante e é algo natural. Nós começamos olhando para os pequenos, mas, assim como nós crescemos, eles também cresceram.”

Duas das marcas atendidas mais recentemente pelos times da plataforma são a Aff the Hype (uma marca de produtos autorais “para pessoas ranzinzas, porém bem-humoradas” de papelaria, meias e objetos de decoração) e a Lolja (a loja geek do Felipe Neto).

Ao contrário dos grandes varejistas ou mesmo de outras plataformas, a Nuvemshop não pretende sair verticalizando operações. “A gente acredita muito na estratégia de ecossistema. Para quem tá começando, a plataforma dá muita autonomia e isso só vai crescer. Devemos fechar 2022 com mais de 300 apps prontos para os clientes plugarem. Nossa solução de pagamentos, a NuvemPago, lançada no ano passado, é um exemplo disso. Tem uma equipe de engenharia por trás, mas também tem parceiros nos ajudando com conversão, com mecanismos anti-fraude. A gente quer que nossos clientes tenham acesso às melhores soluções, mas que não fiquem amarrados a ninguém.”

A Nuvemshop foi fundada na Argentina em 2011, é uma das líderes de mercado lá e tem no Brasil sua maior operação, mas, aos poucos, vai intensificando sua atuação também em outros países da América Latina. Em 2020, a plataforma fechou o ano com pouco mais de 70 mil lojistas na região, hoje, conforme já mencionada, tem 95 mil.

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“Estamos há pouco mais de um ano no México, e a velocidade que a gente está alcançando lá, em comparação até mesmo com o Brasil, é impressionante. Também iniciamos, de leve, operações da Colômbia e no Chile. Nos próximos trimestres a gente deve investir mais na Colômbia, montando um time lá também”.

Ao todo, a Nuvemshop tem hoje cerca de 1 mil funcionários na América Latina, contando as aquisições recentes: Mandaê, plataforma de logística que trouxe 250 pessoas a bordo, e a plataforma de educação Ecommerce na Prática, que trouxe mais 50.

Dentro da estratégia de ser um ecossistema, a Nuvemshop anunciou ainda em dezembro um fundo de US$10 milhões, batizado de Nuvemshop Capital, para investir em startups de e-commerce. “É uma entidade separada, focada nisso. Ainda estamos estruturando a operação, trazendo as pessoas certas para fazer e nos próximos semanas a gente deve divulgar mais novidades”.