startups 2022
Foto: Shutterstock
Negócios

O que esperar do ecossistema de startups da América Latina em 2022?

O LABS conversou com fundos e a plataforma de inovação Distrito sobre as expectativas para o próximo ano, que já está quase aí

Read in englishLeer en español

Depois de mais um ano convivendo com a pandemia de COVID-19 e de novos recordes batidos pelas startups da América Latina em 2021, o que podemos esperar do ecossistema da região em 2022? 

Para Gustavo Araujo, CEO e cofundador da plataforma de inovação Distrito, a transformação que será vivida ao longo de toda essa década “será uma das maiores transferências de valor do mundo tradicional para o que se chama de nova economia”. 

Ele acredita que empresas que se transformaram ou já são nativas da nova economia devem se tornar grandes líderes dos seus mercados. “O crescimento que tivemos em 2021 deve continuar em 2022, liderado principalmente pelas fintechs, já consolidadas como grande segmento no Brasil, assim como as retail e proptechs”, disse. Já o varejo deve seguir o processo contínuo de digitalização e ampliar sua área de atuação, entrando em outros mercados, como serviços financeiros, saúde e educação – um movimento que já observamos em 2021. 

LEIA TAMBÉM: Startups vão às compras e registram recorde de aquisições em 2021

“Tanto o Brasil como toda a América Latina estão desenvolvendo empresas mais maduras, que agora deixam mais claro todo o potencial de atuação. Hoje não há uma região no mundo com maior oportunidade do que a América Latina. Muitas empresas acordaram para a inovação, e esse é um processo que não tem fim, a transformação não acaba”. 

Pensando em 2022, o sócio da Valor Capital Group, Michael Nicklas, disse que embora as novas cepas da COVID-19 sempre tragam alguma surpresa, ele acredita que o próximo ano será mais parecido com 2021 do que com 2020. 

“Em 2020 havia muita incerteza, muitos desafios para as empresas. Todas as companhias do portfólio estavam migrando para o trabalho remoto. A gente ficou super impressionado como elas conseguiram fazer isso com desenvoltura”, disse Nicklas.

Superada essa etapa de transição para o modelo remoto, ele lembra que houve uma aceleração dos negócios digitais, com grande parte do portfólio da Valor Capital Group se beneficiando. “Muitas das nossas empresas têm crescido durante a pandemia e eu acho que essa tendência deve continuar [em 2022]”. 

LEIA TAMBÉM: As 10 maiores rodadas de investimento em startups da América Latina em 2021

Mesmo 2022 sendo um ano de eleição polarizada no Brasil, Nicklas afirma que o capital de risco, embora acompanhe o mercado macroeconômico, vive um ciclo mais longo, e portanto sofre menos com as instabilidades políticas. Um fundo de VC investe de um a três anos, mas leva cerca de mais sete anos para passar por eventos de liquidez. “Acaba extrapolando e cruzando várias administrações [de governos]”, disse. 

Mesmo quando as empresas alavancam suas operações com sucesso, há um receio de que investidores estrangeiros não queiram investir em um fundo que está focado na América Latina em um ano de eleição e de incertezas macroeconômicas. Porém, segundo Nicklas, isso só ocorre quando um fundo de venture capital está captando no meio de uma eleição, o que poderia gerar um pouco de dificuldade. 

“Mas o nosso argumento é que, se você olhar o histórico dos nossos fundos, a gente já captou em 2017, que foi um momento bem difícil para a economia brasileira. Então a gente tem como demonstrar que, não é que o venture capital seja anticíclico necessariamente, mas é bem menos atrelado aos indicadores macroeconômicos, porque a gente está disruptando, usando tecnologia para criar eficiências”, disse. 

LEIA TAMBÉM: Bilionárias em tempo recorde: startups recebem novas rodadas com intervalo cada vez menor

Segundo Nicklas, ainda que a taxa de juros brasileira vá de 3% para 12% e impacte a macroeconomia como um todo, uma empresa da nova economia que está crescendo 200 a 300%, “geralmente consegue superar essas questões”. 

A expectativa, portanto, é de que o enorme fluxo de capital de risco injetado na América Latina, que acelerou a digitalização e o crescimento de startups (muitas recém chegadas ao mercado) em 2021, continue em 2022. 

Um dos fundos mais presentes nas rodadas de investimento em empresas latino-americanas, o conglomerado japonês manterá a estratégia de apoiar os empreendedores em todo o ciclo de vida das empresas na região, segundo Eduardo Vieira, diretor de comunicação do SoftBank na América Latina, disse ao LABS

“Já temos muitos investimentos em growth equity e estamos agora anunciando os primeiros investimentos em early-stage“, disse. Além dos três revelados nas últimas semanas (para a Worc, Abstra e BotCity), o SoftBank espera ter mais quatro anúncios de aportes de menor cheque ainda em janeiro.  “É uma demonstração de que a nossa tese na região está correta”, disse Vieira. 

Keywords