Com menos de dois anos de operação e uma plataforma B2B para venda de materiais de construção – um modelo de negócio em ascensão em vista do crescimento do mercado de construção civil no Brasil nos últimos dois anos –, a startup Oico captou R$ 30 milhões em uma rodada Seed liderada pelo Valor Capital Group. Também assinaram o cheque a Tiger Global, CSN – Inova Ventures e Jonathan Wasserstrum, CEO do SquareFoot, além da MAYA Capital e FJ Labs, que já tinham investido na rodada pre-Seed de R$ 8,5 milhões levantada em 2020.
Fundada em abril de 2020 por Pedro Dellagnelo e Pedro Rocha, a Oico é um marketplace de materiais de construção que gerencia os pedidos, faz cotação e orçamento, realiza as entregas e processa os pagamentos em uma única plataforma.
A proposta de valor da startup é destravar a “via sacra” empreendida por construtoras e empreiteiras sempre que precisam comprar insumos para obras, um processo que, via de regra, envolve comprar de múltiplos fornecedores, prazos de entrega diferentes e negociação de preços e condições de pagamento variadas. Com a Oico, construtoras e empreiteiras conseguem comprar de vários fornecedores e concentrar tudo em um pedido só, pagar via plataforma e receber tudo de uma vez só.
“A gente começou olhando para problemas enfrentando pelas lojas de materiais de construção, fornecedores e distribuidores. Esse é um mercado muito fragmentado, e no fim todo mundo quer vender mais. Do lado dos compradores, esse processo de compra de materiais não mudou nos últimos 20 anos, existem demandas diárias e diferentes por obra que não são atendidas por uma única loja. Então o comprador precisa pesquisar preço em várias lojas, comprar de vários fornecedores, negociar as entregas. É uma burocracia que não faz mais sentido algum hoje”, contou Dellagnelo em entrevista ao LABS.
A Oico oferece duas modalidades de compra: o cliente pode comprar a partir de uma lista de materiais de construção, com indicação de preços, disponibilidade em estoque e prazo de entrega; ou pode solicitar o orçamento de um pedido específico. “A cada interação, nós coletamos dados e hoje temos uma base de dados com mais de 1000 fornecedores e 100 mil produtos únicos. Isso nos possibilita responder muito rápido aos pedidos dos clientes e oferecer o melhor orçamento, o melhor mix de produtos”.
A startup também oferece serviço de crédito para as construtoras e empreiteiras clientes, em que a Oico paga ao fornecedor e possibilita que seus clientes quitem o débito diretamente com a startup em 30, 60 ou 90 dias.
Segundo Dellagnelo, o crédito é um problema frequente do setor. “Porque eles não querem pagar à vista por materiais para uma obra que será entregue dentro de 90 ou 120 dias. Então precisam de crédito para poder parcelar essa compra, pagar lá na frente. Mas se você lida com 20 fornecedores, imagine negociar e alinhar esse crédito com todos”. No futuro, a startup planeja oferecer produtos de crédito customizados.
A Oico chegou ao mercado dias antes da pandemia virar o mundo do avesso. Dellagnelo lembra que, na época, o negócio foi desacreditado por alguns. No entanto, o que se viu foi uma disparada de reformas e obras, movimento que ainda não desacelerou. A startup encerrou 2021 com mais de 100 clientes, um ticket médio de R$ 4 mil e um crescimento de 30 vezes em relação ao ano anterior, disse Dellagnelo.
Para Antoine Colaço, managing partner da Valor Capital Group, além do timing certeiro, o bom desempenho da Oico tem a ver com a solução oferecida pela startup às ineficiências marcantes do mercado de construção civil no Brasil.
“Apesar de toda a relevância para a economia brasileira, o mercado de construção civil ainda tem uma série de dores e ineficiências nos seus processos de compra de materiais, afetando principalmente as pequenas e médias construtoras. A solução one-stop-shop da Oico busca retirar as fricções desse processo e entregar uma solução integrada não apenas para as construtoras, mas também para as lojas de material de construção, que terão melhores opções de liquidez e acesso a novos clientes”, disse Colaço.
Por enquanto, a Oico opera apenas em São Paulo e região metropolitana. Os recursos recém captados serão investidos em tecnologia e infraestrutura logística, para escalar operações complexas e automatizar processos. Para isso, parte do dinheiro será destinada para a contratação de talentos para os times de operação e tecnologia.