Da esquerda para a direita: Rolando Esparza, CoFounder e COO, Francisco Leitao, CoFounder e CMO e Hector Hernandez, CoFounder e CCO da Lomi. Foto: Lomi/Divulgação
Negócios

Os planos da Lomi, o "Mercado Livre" das frutas e verduras, que recebeu US$ 850 mil do fundo americano ASAP

Só em abril, a startup recebeu cerca de 2 mil pedidos de mais de mil usuários e faturou aproximadamente US$ 100 mil

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Reduzir intermediários e ligar produtores de frutas, verduras e legumes diretamente ao consumidor. Essa é a proposta da Lomi, startup chilena fundada no ano passado, em meio à pandemia de COVID-19, que fechou um aporte de US$ 850 mil na quinta-feira com o fundo americano ASAP e investidores anjos do Chile não divulgados. 

O aporte será usado para expansão de lojas no Chile, tecnologia e marketing. Fundada em agosto de 2020, a Lomi (acrônimo para Local Market Integration), aproveitou a maré do e-commerce durante a pandemia. Na vitrine virtual da startup, os usuários podem comprar frutas, vegetais, snacks, laticínios e carne – desde a sua fundação, mais de 100 mil pessoas já passaram pelo site da Lomi. A empresa opera hoje em quase toda a região da capital Santiago e logo expandirá para uma ou duas regiões do Chile, segundo Francisco Leitao, cofundador da startup

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Leitao conta ao LABS que a ideia da Lomi é apoiar principalmente os pequenos produtores. “Acreditamos que hoje em dia as pessoas querem se alimentar de forma saudável, querem consumir um produto orgânico e ajudar o ecossistema de alguma forma. Quando a pandemia chegou, vimos que os produtores tinham dificuldade de entregar seus produtos aos usuários. Tinham de bater de porta em porta diariamente. Então, decidimos criar um ‘Mercado Livre’, um marketplace para juntar a oferta de produtores pequenos, locais e orgânicos”. 

E o mercado potencial da Lomi não é pequeno. Leitao afirma que só no Chile há cerca de 300 mil produtores, 93% deles são pequenos. “A gente quis criar um ecossistema em que esses produtores pudessem entregar, em poucos cliques, o que os usuários queriam: comer melhor e ajudar o planeta com tecnologia”. 

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Como a Lomi funciona

Hoje, a startup tem mais de 1,6 mil produtores locais e mais de 1,5 mil produtos de mais de 25 categorias disponíveis na plataforma. Os produtos chegam à dark store da Lomi, que guia e integra o usuário com a última milha do delivery, com players como o Cabify e o Pedidos Ya. O produto chega entre 30 a 60 minutos, dependendo da região da entrega em Santiago. “Quando você entra no site, você não vê só o produto, mas também toda a história do produtor”. 

Hoje, a startup tem mais de 2 mil vendas mensais. Os usuários já compraram mais de 5 mil produtos em menos de nove meses de operação. Só em abril, a startup recebeu cerca de 2 mil pedidos e faturou aproximadamente US$ 100 mil. “Temos uma curva exponencial [de vendas semanais] na Lomi hoje”, afirma Leitao. 

Para oferecer os produtos no marketplace, os produtores podem se registrar pelo site da Lomi ou enviar um e-mail para [email protected]. “Nós compramos os produtos com margens justas para ambas as partes”, diz Leitao, sem especificar as porcentagens. 

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Em novembro de 2020, a startup recebeu uma rodada de US$ 160 mil levantada via o crowdfunding chileno Broota. O dinheiro foi investido na primeira dark store da plataforma. Poucos meses depois, em março deste ano, a Lomi recebeu um investimento de US$ 400 mil dos mesmos investidores do último aporte. 

Até o fim de 2021, a startup quer abrir de 30 a 40 novas vagas remotas na América Latina, além de contratar mais pessoas para trabalhar presencialmente na dark store de Santiago.

A startup planeja expandir para outros países, começando pelo México, e está avaliando a entrada na Flórida (Estados Unidos), Colômbia, Peru e outros. “As pessoas estão esperando que as plataformas as aproximem de seus objetivos de se alimentarem melhor, de cuidar do ecossistema. Não é por acaso que em boa parte do mundo há protestos, há um descontentamento das pessoas com a forma que vivemos hoje em dia. Dito isso, as pessoas têm nos perguntado se podemos expandir para outros países e outras regiões do Chile. Definitivamente queremos acelerar porque acreditamos que há uma oportunidade para os produtores chegarem a esses locais rapidamente.” 

A expansão para outros mercados deve acontecer no último trimestre deste ano ou no primeiro semestre de 2022. Para isso, a Lomi está planejando uma Série A nos próximos meses. “Quando se tem um crescimento exponencial, se você não tem dinheiro para expandir e adquirir usuários, você pode perder aquele consumidor.”

O interesse de investidores em modelos de negócios capazes de conectar produtores e consumidores finais na América Latina parece estar crescendo. Na última quarta-feira, a colombiana Frubana, que funciona de maneira semelhante à Lomi mas tendo bares e restaurantes como clientes finais, levantou uma rodada de US$ 65 milhões para financiar sua expansão na América Latina. O aporte teve entre os participantes Hans Tung e os fundos de capital de risco GGV Capital, Tiger Global, SoftBank, monashees e Lightspeed Venture.

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