São mais de 41 milhões de usuários – quase 25 milhões conquistados durante 2020, o ano da pandemia do novo coronavirus. Ao longo do ano passado, a empresa processou R$ 49.6 bilhões em pagamentos. Esses são números que fazem do PicPay a maior carteira digital do Brasil e da América Latina. O próximo passo? Ser um superapp. O lançamento de um serviço de mensagens neste mês de fevereiro é mais um passo nessa direção.
Dentro do app, os usuários já podiam compartilhar suas atividades e “seguir” outros mediante autorização, mas não tinham como interagir. Esse lado rede social será fortalecido com o serviço de mensageria e complementará a estratégia de loja virtual/marketplace da plataforma, iniciada há três anos.
LEIA TAMBÉM: A multiplicação das carteiras digitais no Brasil
São 70 marcas vendendo produtos e serviços dentro da carteira digital, que hoje ganha, em média, 2 milhões de novos usuários todos os meses. Ao longo do ano passado, mais de 25 milhões de transações foram realizadas dentro do marketplace, batizado de PicPay Store. A ideia é aumentar consideravelmente esse número em 2021. “Recentemente, iniciamos o processo de abertura da nossa plataforma, o que vai permitir que cada fornecedor interessado em integrar a PicPay Store possa desenvolver uma experiência customizada, proporcionando um crescimento rápido e estruturado”, diz Anderson Chamon, co-fundador e vice-presidente de Produtos e Tecnologia do PicPay, em entrevista ao LABS. Um executivo foi contratado para especialmente cuidar dessa expansão do marketplace: Fábio Plein, ex diretor-geral da Uber Eats no Brasil.
Além do serviço de mensagens e do marketplace, o PicPay aposta em mais duas frentes de monetização e crescimento: publicidade (a base de usuários já é grande o suficiente para despertar o interessa de outras marcas e a medida que ela cresce faz ainda mais sentido apostar em publicidade in-app); e, claro, serviços financeiros, com possibilidades que vão muito além dos pagamentos.
LEIA TAMBÉM: Cielo faz parceria com startup Payface para aceitar reconhecimento facial em pagamentos
“Nossa frente de serviços financeiros também permite a rentabilização da companhia por meio de serviços tarifados, embora grande parte das soluções que disponibilizamos na plataforma seja gratuita. Da mesma forma, a proposta é que as outras frentes – PicPay Store, Social e Ads – encontrem um equilíbrio entre os diferentes formatos existentes para monetização, seguindo a estratégia de negócio própria de cada uma”, ressalta Chamon.
No início deste ano, como forma de atrair mais usuários e fazer com que eles usem efetivamente a carteira (cerca de metade dos usuários é realmente ativa), o PicPay aumentou o rendimento dos depósitos de 100% para 210% do CDI – dando um primeiro passinho dentro do mundo dos investimentos.
Em janeiro, a empresa disse ter alcançado a marca de 2 milhões de cartões de crédito emitidos para seus usuários. Os cartões têm a marca do PicPay, mas são, na verdade, do Banco Original, neobanco que virou sócio da empresa em 2015 e tem22,70% do negócio. Os demais controladores da startup são a J&F Participação (do grupo J&F que também é dono do Banco Original), com 9,66% da empresa, e José Batista Sobrinho, fundador da gigante agro JBS que deu origem do grupo J&F, com 67,64%.
LEIA TAMBÉM: Brasileiros fariam mais transferências bancárias se elas fossem gratuitas, diz estudo
Também em fevereiro, Chamon disse que o PicPay lançará seu primeiro produto de crédito. Segundo revelado pelo CEO do PicPay, José Antônio Batista, ao portal Neofeed, será um peer-to-peer lending, ou seja, um empréstimo de um usuário para o outro. “Para continuar crescendo de forma constante e ordenada, vamos apostar no desenvolvimento de nosso ecossistema, tanto no braço financeiro, quanto nas demais frentes em que atuamos,” diz Chamon ao LABS.
A empresa não revela sua meta para o volume de processamentos para 2021. Mas seja qual for o número, capital para chegar lá existe. Em fevereiro, o Banco Central aprovou um aumento de capital de R$ 259 milhões no PicPay, que passou para um total de R$ 841,246 milhões. O montante veio de um aporte do grupo J&F.
LEIA TAMBÉM: Burger King e C&A vão aceitar PIX via Mercado Pago
Um crescimento nesse patamar também exigirá a contratação de mais talentos, principalmente na área de tecnologia. “São mais de 2 mil funcionários e, desse total, 1 mil atuam em tecnologia. Até o fim do ano teremos 3,5 mil funcionários e 2,5 mil deles atuarão em tecnologia. Nós integramos uma holding robusta, e entendemos que o momento atual é o de centrar esforços no nosso próprio crescimento,” complementa Chamon.
Após a publicação dessa matéria, na sexta-feira, o jornal O Estado de S.Paulo divulgou informações de bastidores sobre a contratação do BTG Pactual pela coordenar o futuro processo de IPO da empresa. PicPay não comentou o assunto ao jornal.
Ao LABS, Chamon disse que “IPO pode ser um caminho natural para empresas de tecnologia com forte crescimento, como o PicPay. Mas não falamos sobre isso no momento, e o mesmo é válido para a questão das aquisições. O nosso foco principal continua sendo o desenvolvimento da operação e o crescimento da companhia.”