A empresa de pagamentos online PayPal, assim como muitas outras companhias de serviços financeiros, viu suas operações avançarem fortemente, com a pandemia de COVID-19 atraindo um número sem precedentes de pessoas para o mundo do comércio eletrônico e dos pagamentos digitai. Neste cenário perfeito a digitalização, o que o PayPal tem que os outros não têm é uma rede única de parceiros. É o que afirma Federico Gomez Schumacher, vice-presidente de vendas do PayPal América Latina, em entrevista ao LABS.
Segundo ele, o motivo de a empresa ter números tão expressivos vem da versatilidade de sua rede, que pode ser usada pelo lojista local no Brasil ou no México da mesma forma que outro usa na Ásia, Europa ou Estados Unidos. “Obviamente, existem grandes empresas que fazem pagamentos no Brasil e no México, e empresas dos EUA que se tornaram globais. E nós as temos como concorrentes, mas nenhuma delas se compara ao tamanho e à amplitude de uma rede como nossa”, diz Schumacher.
No primeiro trimestre deste ano, o PayPal reportou 392 milhões de contas globais, 67 milhões a mais do que no ano anterior. Na América Latina, a empresa tem mais de 15 milhões de clientes ativos. Em 2019, eram 10,2 milhões – um salto de cerca de 50%.
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Disponível em mais de 200 mercados, a plataforma do PayPal permite que consumidores e comerciantes recebam dinheiro em mais de 100 moedas, retirem fundos em 56 delas e mantenham saldos em suas contas do PayPal em 25.

Você pode abrir uma conta PayPal em mais de 200 países ao redor do mundo, mas não temos o mesmo negócio nesses 200 países. Em 22 deles, você pode não apenas abrir uma conta do PayPal e fazer compras internacionais, mas também pode fazer transações locais. A América Latina foi o último lugar onde fizemos isso
Federico Gomez Schumacher, vice-presidente de vendas do PayPal América Latina.
Embora o esforço de localização dos negócios da empresa tenha ocorrido por último na América Latina (primeiro no México, depois no Brasil), a região se tornou aquela de crescimento mais rápido para o PayPal no mundo, de acordo com o executivo. Das 15 milhões de contas, quase 6 milhões estão no Brasil e mais de 5 milhões no México (posições bastante equilibradas entre as principais economias da América Latina). Chile, Argentina, Colômbia, Chile e Porto Rico também são mercados relevantes para a empresa na região.
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Nos últimos anos, a empresa evoluiu de uma opção de pagamento online para uma plataforma robusta que compreende uma variedade de métodos, que incluem até os meios mais locais, como o PIX, no Brasil. “Embora não seja tão usado por comerciantes, o PIX é uma tendência que prevemos – e a próxima área na qual iremos (focar).”
Além de detectar um crescimento particular em métodos de pagamento alternativos na região, o executivo destaca que o PayPal também tem uma forte estratégia de aquisições, a exemplo da plataforma de comércio para pequenas empresas na Europa e América Latina, Zettle, comprada em 2018. A Zettle começou a operar no Brasil e no México em 2013, oferecendo aos comerciantes uma solução omnichannel, com serviços e dispositivos de pagamento, seja online ou na loja física.
PMEs e concorrência acirrada: os planos do PayPal para a América Latina
Embora a empresa trabalhe oferecendo sua solução de pagamento para grandes empresas como Walmart, no México, e Ipiranga, no Brasil, foi nos pequenos e médios negócios que o PayPal percebeu uma aceleração pós-pandemia. “A plataforma que os grandes usam, no caso do PayPal, é exatamente a mesma que os lojistas menores usam, e essa é a beleza de como trabalhamos. É a mesma segurança e a mesma capacidade de fazer transações. Em alguns aspectos, nosso negócio sempre foi mais voltado para pequenas empresas do que qualquer outra coisa”, afirma.
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“Vimos um grande aumento nas pequenas empresas, com muitas novas entrando [na plataforma] e as existentes transacionando mais.” De acordo com Schumacher, a tendência por trás desse crescimento está relacionada a uma mudança de comportamento nos pagamentos online – algo que, segundo ele, veio para ficar.
Na esteira dessa evolução no mercado de pagamentos digitais, vem uma competição acirrada. A América Latina, região especialmente atingida por uma avalanche de soluções fintech, é palco de empresas como o PicPay, com mais de 50 milhões de usuários no Brasil; e Nubank, que atingiu, no início deste mês, a marca de 40 milhões de clientes no Brasil, sem contar listas de espera na Colômbia, e usuários na Argentina e no México.
“A América Latina é um grande mercado; este não é uma situação do tipo ‘um vencedor leva tudo’. A realidade é que as empresas que vemos surgindo, há muitas delas com as quais competimos, e algumas com as quais colaboramos,“ diz o executivo, citando a parceria com o Mercado Livre como o melhor exemplo disso.
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O PayPal foi capaz de aprofundar seu alcance na América Latina por meio de uma integração com o gigante do comércio eletrônico da região em julho do ano passado, permitindo que os usuários do Mercado Pago, braço de pagamentos digitais do Mercado Livre, no Brasil e no México também pudessem usar o PayPal como forma de pagamento local em lojas que aceitam o Mercado Pago. Em dezembro de 2019, o Mercado Livre já havia permitido que os usuários de seu braço de pagamentos nos dois países fizessem transações internacionais usando o PayPal. O PayPal também se tornou uma opção de pagamento no Mercado Livre.
“O Mercado Pago estava realmente interessado em nossa rede global porque os clientes querem gastar dinheiro não apenas no Mercado Livre, mas querem comprar algo na China, Europa ou nos EUA. Bem, nós temos isso. E não há outro concorrente local regional que já possa oferecer isso”, acrescenta Schumacher. “Temos uma rede global de aceitação – e até mesmo uma rede dentro dos países – que é muito difícil para outras empresas replicar.”