Os fundadores da MadeiraMadeira, os irmãos Marcelo e Daniel Scandian, e o atual diretor de operações Robson Privado. Foto: MadeiraMadeira/Divulgação.
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Os próximos passos da MadeiraMadeira: logística própria para conquistar Sul e Sudeste com entrega no dia seguinte

O co-fundador e presidente do mais novo unicórnio brasileiro, Daniel Scandian, falou também sobre aquisições e um futuro IPO

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O marketplace de vendas de móveis e artigos para a casa MadeiraMadeira se tornou o primeiro unicórnio brasileiro de 2021 na última quinta-feira. Ao anunciar um aporte de US$ 190 milhões liderado por SoftBank e Dynamo, a startup de Curitiba revelou que havia ultrapassado o valor de mercado de US$ 1 bilhão. A quinta rodada de investimentos da história da empresa veio pelo menos um ano antes do esperado, motivada pelo crescimento substancial das vendas na plataforma em 2020, que mais do que dobraram sobre 2019, e a vontade de ser a escolha número um dos brasileiros quando o assunto é produtos para a casa, a “Ikea (ou WayFair, para usar o nome da loja de um dos principais investidores iniciais da startup, Niraj Shah)” brasileira.

Em conversa com o LABS na tarde de sexta-feira, o CEO e co-fundador da MadeiraMadeira, Daniel Scandian, disse que os próximos passos da empresa estão concentrados na oferta de entregas no dia seguinte para as regiões Sul e Sudeste a partir da operação logística própria que a startup estruturou ao longo de 2020. No restante do país, a startup atua com parceiros.

Presidente da plataforma online de móveis e artigos para o lar MadeiraMadeira, Daniel Scandian. Foto: Divulgação.

No ano passado, a MadeiraMadeira triplicou o número de centros de distribuição, para os 15 atuais. Entre eles, um centro de 20 mil metros quadrados em Jundiaí (SP) faz o papel estratégico de fullfilment, isto é, armazenamento e tratamento logístico dos móveis de marca própria como também dos cerca de 10 mil lojistas do marketplace da MadeiraMadeira que permite avanços como a entrega no dia seguinte. Na Grande São Paulo, isso já começará em fevereiro, seguido outras capitais do Sul e Sudeste, e do interior dessas duas regiões. São cerca de 300 mil produtos à venda.

É uma operação semelhante ao que Mercado Livre e Magazine Luiza também vêm fazendo, mas com uma diferença: “nós somos 100% especializados produtos grandes e multivolume, sobretudo móveis. Normalmente não se vê centros de fulfillment para esse tipo de produto”, explica Scandian.

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Em paralelo, a MadeiraMadeira continuará investindo na estratégia de abertura de lojas físicas – guide shops focadas na experiência do consumidor – como forma de fazer a marca chegar aos corações dos clientes finais de uma maneira mais orgânica do que os anúncios no Facebook ou no Google. Nove foram abertas em 2020.

Fachada da loja compacta inaugurada na sede da empresa, em Curitiba, em 2020. Foto: Divulgação.

Embora o e-commerce tenha sido impulsionado pela pandemia de COVID-19, com milhões de consumidores comprando pela primeira vez online, Scandian disse que ainda é cedo para dizer quanto desse movimento veio para ficar.

“O e-commerce no Brasil tinha uma penetração de 7% no varejo. Ao longo da pandemia isso chegou a um pico de 17%, e agora caiu para 10%. Ainda não sabemos onde vai se estabilizar. Mas, veja, historicamente a penetração das vendas online cresce entre 1% e 1,5% ao ano no país. Isso quer dizer que daqui a cinco anos, mais de 80% desse mercado ainda vai ser offline”, explica Scandian. Ao contrário de grandes varejistas que tiveram que acelerar a transformação digital, a MadeiraMadeira está aprendendo a fazer varejo físico de uma maneira nova, já contando com uma estrutura de logística otimizada que usará as lojas apenas como ponto de relacionamento com o cliente final. “Os nossos concorrentes tão apostando em lojas grandes e a gente, em lojas compactas e pulverizadas. A gente visitou uma empresa na Índia, a Pepperfry, que aposta nesse modelo também. É um complemento de construção de marca”, conta ele.

Interior da loja compacta inaugurada na sede da empresa, em Curitiba, em 2020, com foco principalmente na linha de móveis da marca própria da startup. Foto: Divulgação.

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Aquisições e futuro IPO

A última rodada de injeção de recursos na MadeiraMadeira foi acompanhada por Flybridge e Monashees, que já eram sócias da empresa, e também por novos investidores que ajudarão a startup a se preparar para um futuro IPO. Segundo Scandian, as gestoras Velt PartnersBrasil Capital Lakewood Capital têm “um pé no investimento em startups”, mas têm experiência mesmo é de investimento em empresas de capital aberto, por isso serão fundamentais na preparação da MadeiraMadeira para esse objetivo nos próximos anos.

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Há mais ou menos seis meses, a MadeiraMadeira também montou uma equipe focada em fusões e aquisições. Segundo Scandian, a missão principal desse time é criar um framework que guiará as próximas ações da startup nesse sentido. “É uma ferramenta de crescimento inorgânico, que vai trazer talentos e novas tecnologias”, frisa Scandian.

A MadeiraMadeira tem hoje cerca de 1.300 funcionários, e deve chegar em dezembro de 2021 com 2.700.