A OnePercent atua com soluções em blockchain e está por trás de algumas das últimas inovações no mercado brasileiro, como o primeiro crédito de carbono tokenizado do mundo, o MCO2, da Moss, startup focada em soluções ambientais em blockchain que se tornou sócia da OnePercent em maio do ano passado. O MCO2 é o primeiro criptoativo brasileiro listado em grandes corretoras globais, como Coinbase e Gemini, além da brasileira Mercado Bitcoin, e já ajudou na compensação da pegada de carbono de mais de 300 empresas como GOL, Reserva, iFood e Hering, destinando mais de R$ 100 milhões para projetos de conservação na Amazônia.
“Nós começamos cedo. Entramos no segmento na época em que o assunto ainda estava engatinhando. E nosso modelo evoluiu de forma interessante durante cinco anos”, disse Fausto Vanin, cofundador e sócio da OnePercent, em entrevista ao LABS.
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Segundo ele, a trajetória do modelo de negócios da OnePercent pode ser dividida em três momentos-chave. O primeiro foi marcado pelo desenvolvimento de softwares em blockchain, focado em background de T.I. para diferentes segmentos. Em um segundo momento, a OnePercent passou a ter seus próprios produtos, como um software de tokenização de ativos.
Agora, mais madura, a OnePercent afirma ter estruturado um modelo que a permite cocriar novos negócios a partir de suas tecnologias. “Hoje atuamos como venture builders, pois construímos novos negócios com nossa expertise e tecnologia. Nós não apenas fornecemos a tecnologia e o conhecimento, mas participamos desde a modelagem do negócio até a execução, criando novos negócios de forma conjunta”, disse Vanin. Sem dar números absolutos, ele diz que a OnePercent cresceu “20 vezes entre 2020 e 2021”.
Vanin acredita que a entrada de novos investidores na empresa, em um futuro próximo, pode fazer esse novo modelo de venture building deslanchar. “Com esse posicionamento, nós temos duas abordagens perante os investidores: queremos viabilizar os negócios derivados [da nossa expertise], trazendo investidores como co-fundadores ou viabilizadores [desses novos negócios] pelo capital”, disse.

Queremos ser uma fábrica de startups de blockchain, fortalecendo os negócios em segmentos específicos. Fazemos um pouco disso com a Moss e com a Netspaces [startup gaúcha de ‘digitalização’ de imóveis]. Queremos que esse modelo ganhe corpo ao longo do tempo
Fausto Vanin, cofundador e sócio da OnePercent.
O exemplo da Netspaces é um dos principais cases da OnePercent até aqui. A startup trabalhou com o conceito de propriedade digital, desenvolvendo um dos primeiros projetos de ‘tokenização’ de um imóvel no Brasil, em parceria com a Netspaces e a Imovelweb.
“Esse projeto da Netspaces foi muito interessante por introduzir o conceito de propriedade digital. Tanto na abordagem de alugar ou vender imóveis e ter esse artigo apresentado de forma digital pelo NFT, quanto por abrir uma série de possibilidades. A Netspaces trabalha com tokenização de ativos no mercado imobiliário, articulando soluções tecnológicas. Criar uma experiência digital tendo segurança jurídica e contratual. Foi um case muito interessante como exemplo para mostrar o potencial desse modelo”, conta Vanin.
Outro exemplo interessante foi uma parceria com a Volkswagen para celebrar a relação entre a marca e seus fãs. A OnePercent desenvolveu uma coleção de 600 pacotes de NFTs que esgotaram em menos de um dia. O produto foi comercializado nas Américas do Sul e do Norte, além da Europa. “Criamos colecionáveis na forma de pacotes, além de experiências, como uma visita virtual à fábrica. Comprando o NFT da Volkswagen, você ganhava peças de arte exclusivas. Vendemos todos os itens em apenas 8 horas. Chegamos a leiloar alguns itens também, que performaram muito bem ao longo de uma semana”.
Hoje, o modelo de negócios da OnePercent possui um mix de receitas. Alguns projetos possuem um custo de montagem de equipamento que exige um esforço inicial para viabilizar o projeto. “Em geral, buscamos desenvolver novos negócios que possam se conectar com a base tecnológica que já temos. Então remuneramos um custo operacional para que a operação siga funcionando”, disse o cofundador.
Outra fonte de receita importante é a participação nos lucros, que permite à startup manter uma parte da receita dos produtos que coloca no mercado. Agora com a diretriz de venture building, isso deve evoluir para participação societária em novos negócios.
Metaverso, novos negócios e impacto social
Palavras do momento como “metaverso” ajudam a abrir novas oportunidades de negócio para empresas como a OnePercent, mas nem tudo é de fato novo. “Esse tema está, ao mesmo tempo, super aquecido e muito vago. Eu pessoalmente acredito em várias experiências de metaverso, e não em apenas um metaverso, como geralmente é tratado. Eu sinto que essa novidade cria uma expectativa de mercado que, para nós, é positiva, porque atrai uma atenção para nossos negócios. Por outro lado, traz uma confusão, pois as promessas do metaverso já são realidade. Ativos tokenizados, realidade expandida e virtual… Tudo isso já existe, não é algo que dependa do metaverso”, disse o sócio da startup.
O mercado financeiro e o dos games, um dos mais aquecidos na última década, também são segmentos que interessam à OnePercent. A empresa é parceira da Universus.Game. Utilizando a modalidade de jogos play-to-earn, os jogos baseados em blockchain permitem aos usuários receber recompensas que podem ser pagas em criptomoedas, tokens ou até mesmo em NFTs. O jogo ainda vai ser lançado e a OnePercent está fazendo toda a parte do tokenomics — tokens, NFTs, entre outros pontos de interação no jogo que tenha aplicação em blockchain. Mas para além dos novos mercados a serem explorados, Vanin ressalta a importância de não se esquecer do potencial social do blockchain.
Nós acreditamos também que o blockchain possui um potencial social fortíssimo. Temos dialogado com alguns projetos muito interessantes de uso da tecnologia para causar impacto social. Para que as pessoas tenham mais acesso a novas economias, a indústria financeira com segurança e com menos custos e barreiras. Queremos chegar à população vulnerável do Brasil, o chamado público não-bancarizado. Temos visto iniciativas que aumentam o microcrédito e viabilizam acessibilidade financeira. O blockchain pode ser esse elemento de conexão, permitindo que as pessoas estejam financeiramente conectadas em uma escala não regional ou nacional, mas global.
Fausto Vanin, cofundador e sócio da OnePercent.