Foto: REUTERS/Kim Kyung-Hoon
Negócios

Recado do SoftBank de que pode desacelerar não vale para a América Latina (não por enquanto, pelo menos)

Mais da metade do segundo fundo do grupo já foi investido na região e os US$ 1,1 bilhão restantes devem seguir o mesmo ritmo de sempre

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O SoftBank reportou na quinta-feira prejuízo recorde de US$ 26,2 bilhões em seu braço de investimento, o Vision Fund. A inflação, o consequente aumento das taxas de juros e a instabilidade política ameaçando as ações de empresas de tecnologia de alto crescimento também afetaram o grupo japonês. A perda contrastou com o ano anterior, quando o SoftBank apresentou um lucro recorde, colocando a estratégia do fundador e presidente-executivo Masayoshi Son de se concentrar fortemente em ações mais arriscadas e de alto crescimento sob escrutínio.

Apesar da mensagem de Son de que a empresa vai “se preparar para o pior”, no entanto, a América Latina tem se mostrado um “oásis” em termos de valorização de investimentos. Como a maior parte do volume prometido (US$ 6,9 bilhões de US$ 8 bilhões) já foi investido na região, não há sinais de desaceleração para o restante do segundo fundo.

“Com o mundo em desordem, o SoftBank deve jogar na defesa”, disse Son após o anúncio de resultados, prometendo reforçar a posição de caixa do grupo por meio da monetização de ativos e apertar os critérios de investimento. O SoftBank provavelmente investirá metade ou até um quarto do que no ano passado, disse Son, como parte de uma promessa de manter a relação empréstimo/valor do grupo, que era de 20,4% no final de março, abaixo de 25%.

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Enquanto 20 empresas do portfólio levantaram fundos com avaliações mais altas no trimestre, o SoftBank também reduziu alguns de seus ativos não listados, em setores como consumidor, fintech e transporte, contribuindo para a perda recorde.

O Vision Fund possui 475 empresas em seu portfólio e realizou 43 investimentos durante o trimestre. O grupo está diminuindo o ritmo do investimento.

Os ativos da unidade Vision Fund, incluindo os fundos latino-americanos, valiam US$ 175,6 bilhões em março. Isso comparado a um custo de aquisição de US$ 141,6 bilhões. No entanto, os números específicos da América Latina mostram um desempenho muito melhor do que outros investimentos do SoftBank em startups e empresas de tecnologia.

Em setembro do ano passado, o SoftBank anunciou que alocaria um fundo adicional de US$ 3 bilhões, denominado SoftBank Latin America Fund II, para a América Latina. Como principal investidor de capital de risco da região — com 30 negócios da Série A e acima apenas em 2021 e mais de 32 unicórnios em seu portfólio desde sua chegada —, o SoftBank já gastou mais da metade de seu segundo fundo. Apenas no primeiro semestre de 2022, cerca de US$ 250 milhões foram investidos na região.

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Eduardo Vieira, sócio-líder de marketing e comunicação do SoftBank para a América Latina, disse ao LABS que os US$ 1,1 bilhão restantes devem seguir o mesmo ritmo (acelerado) de sempre. “Nosso compromisso contínua inabalável e é de longo prazo. Sem dúvida, o mundo vive uma situação caótica, mas se compararmos os resultados da América Latina com os demais investimentos globais do SoftBank veremos que a região é um oásis [em termos de valor de mercado das investidas]. Os desafios aqui são estruturais, profundos, precisam de startups e empreendedores geniais e agora é que temos um volume de capital justo para a região.”

Os fundos do SoftBank para a América Latina investiram US$ 4,3 bilhões no ano fiscal (US$ 6,9 bilhões no total), com 65 novos negócios. Atualmente, os fundos detêm um total de 101 investimentos na região (incluindo sete empresas listadas), apontando para um fair value de US$ 9,4 bilhões.

(Co-escrito com Reuters)