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Negócios

Saiba o que faz a América Latina ser tão importante para a economia global e o que esperar dela em 2019

O ano que começou se apresenta como um período que deve diminuir as incertezas econômicas mundiais – o que repercutirá no crescimento da economia da América Latina. Conheça razões pelas quais a região se destaca e números atualizados sobre o crescimento previsto

Afinal, o que faz da América Latina tão importante em termos de economia global? Uma série de fatores ajuda a explicar as transformações que estão ocorrendo na região, fazendo com que ela adquira posição de destaque no contexto global e seja alvo do desejo de fortalecimento de laços de muitos países.

Importante iniciar essa análise sob uma ótica política, uma vez que os principais governos da América Latina estão se abrindo cada vez mais para o resto do mundo, o que torna vantajoso para todos envolver-se economicamente com ela.

No Brasil, é inegável que o novo presidente, Jair Bolsonaro, traz um novo tom político, desafiando muitas das tradicionais normas sociais e econômicas. Muitos especialistas acreditam que as reformas neoliberais podem, finalmente, consolidar a economia brasileira – que já é a maior da América Latina.

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Mais do que isso, e apesar da massiva emigração venezuelana, violência das drogas e mudanças demográficas, fatores constantemente explorados pela imprensa e que podem ajudar a desenhar um cenário de certo modo desorganizado nessa região, a ruptura de velhos modelos políticos experimentada por alguns países da América Latina pode suscitar novos avanços científicos e de saúde, redução do subemprego, maior envolvimento dos cidadãos e criação de riquezas.

Bons exemplos

Os impactos mais abrangentes dessa ruptura claramente estão nos negócios. Alguns dados que bem endossam esse pensamento vêm da Americas Market Intelligence (AMI), a principal consultoria de inteligência, gestão e pesquisa de mercado para a América Latina. Segundo a entidade, a América Latina é a região com crescimento mais rápido do mundo para modelos de negócios disruptivos em economia empresarial, como Airbnb, Coursera e Netflix.

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Foto: Airbnb, um exemplo de modelo de negócio disruptivo e parceiro do EBANX. Fonte: ShutterStock

Um exemplo clássico vem do segmento de transportes. A Uber começou a operar na capital do México em 2013 com 20 motoristas. No início de 2019 a empresa já conta, por lá, com 500 mil motoristas e 12 milhões de usuários mensais, o que representa 15% dos adultos mexicanos. Na comparação, os Estados Unidos, país-berço da Uber, demoraram quase dez anos para atingir essa marca.

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Aos olhos da economia global

Uma América Latina cada vez mais próspera é capaz de atender os interesses globais com muito mais desenvoltura. Para se ter uma ideia, a maior economia do mundo – os Estados Unidos – tem mais parceiros de livre comércio na América Latina do que em qualquer outra região do globo.

E mesmo que a região não seja considerada prioridade por determinados países, as previsões para 2019 revelam novas oportunidades que merecem ser exploradas. E é natural que, à medida em que a América Latina continua a crescer em importância mundial, muitas outras potências passem a enxergá-la como uma agente em ascensão no estabelecimento de agendas comerciais.

Expansão e serviços beneficiados

Segundo a AMI, a América Latina dobrou de tamanho na última década e continuará crescendo em 2019 como resultado de uma importante mudança demográfica, o que fortalece moedas e o apetite de investidores na maioria dos mercados dos países da América Latina.

Espera-se que a ruptura já mencionada proporcione um novo nível de competitividade e transparência às economias latino-americanas, uma vez que abre espaço para a modernização e formalização de uma série de serviços.

Varejo, logística, turismo, saúde, tecnologia, não importa a área, é bem verdade que empreendedores arrojados terão vez e lugar. O diretor administrativo de inteligência de mercado das Américas da AMI, John Price, afirmou em relatório que a perspectiva para 2019 em todo o mundo aponta para impactos no setor empresarial. Para ele, na América Latina, os países, setores e empresas que adotarem as mudanças que a realidade exige, irão prosperar.

Confira uma visão geral para alguns desses países, publicada em janeiro pela AMI em relatório sobre o que esperar da América Latina, com base nas últimas movimentações sobre acordos comerciais (bons sinalizadores do futuro) :

  • Em 2020, há uma boa chance de que o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul avance. Após muitos anos e rodadas de negociação, a publicação de um texto final parece iminente. A segunda metade de 2019 e até 2020 é um prazo mais realista para avanços sérios entre UE e Mercosul, uma vez que o Brasil, peça importante nesse contexto, se concentra por ora na reforma previdenciária, dando importância quase que secundária ao comércio. Isso, porém, não deixa de sugerir um bom futuro entre os blocos.
  • Enquanto isso, a Aliança do Pacífico (composta por Chile, Colômbia, México e Peru) está muito aberta aos negócios para os exportadores europeus. Todos esses países assinaram acordos de livre comércio não apenas com a União Europeia, mas também com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), além de remover tarifas de 92% de suas importações, dando pequenos e bons passos em direção à integração e harmonização econômica.

Crescimento em números

Após apresentar crescimento de 1,2% em 2018 (levemente inferior a 2017), a América Latina deve crescer 1,7% em 2019, segundo a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) – um organismo técnico das Nações Unidos com sede em Santiago, no Chile.

Já segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o crescimento deve ser de 2% em 2019 e 2,5% em 2020. Apesar de mais otimista que a previsão da Cepal, o crescimento projetado pelo FMI está dois décimos abaixo do calculado há três meses pela própria organização e foi publicado no relatório “Perspectivas Econômicas Globais”.

No Fórum Econômico Mundial (FEM) em Davos, na Suíça, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, comentou que a piora das perspectivas para a América Latina foram estimuladas pelo aprofundamento da crise na Venezuela, a contração da Argentina dentro de seu processo de ajuste e a piora das previsões no México. Confira o que diz o relatório para alguns dos países de destaque na região:

  • O México deve crescer 2,1% em 2019 e 2,2% em 2020, abaixo da previsão inicial, em função de um menor investimento privado.
  • O Brasil deve seguir sua “gradual recuperação”, com uma expansão de 2,5% em 2019 e 2,2% em 2020.
  • Para a Argentina, o FMI prevê uma contração econômica para 2019, graças a políticas de ajuste destinadas a reduzir os desequilíbrios que terminam por frear a demanda interna, antes de o país retornar ao crescimento positivo em 2020.
  • Para a Venezuela, sem maiores surpresas, a recessão será “ainda mais severa”.

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Somados, todos os pontos abordados acima ajudam a explicar por que a América Latina, apesar de alguns problemas estruturais, econômicos e de gestão, pode ser encarada como uma “terra de oportunidades” para quem deseja fazer negócios com esses países e atingir novos mercados.

Além de trazer boa expectativa e entusiasmo, toda a ruptura prevista e aventada para os próximos meses e anos pode ajudar no planejamento de empresas e seus negócios.

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