Esq. para direita - Guilherme Berardo(CEO) e Vitor Asseituno(Presidente) - Crédito: Fernando Mendes
Negócios

Sami, de plano de saúde para PMEs, capta R$ 111 milhões em extensão da Série A

A startup espera crescer pelo menos quatro vezes a atual base de 7 mil clientes em 2022

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Se antes de fazer um IPO a uma avaliação de US$ 52 bilhões as empresas de tecnologia da América Latina queriam ser “o Nubank de x ou de y”, agora isso é ainda mais verdade. O Nubank virou referência para além das fintechs. É o caso da health tech Sami, que nesta terça-feira (14) anunciou uma rodada de R$ 111 milhões liderada pelo fundo britânico DN Capital, com participação dos já investidores Monashees, Redpoint e Valor Capital, sócios que fizeram 14 dos 16 unicórnios brasileiros. A StartUp Health também participou do investimento.

Formado em medicina em 2012, Vitor Asseituno, presidente da Sami, fundou a startup com a ideia de criar um novo modelo de plano de saúde. “O plano de saúde é um produto conhecido. Comparo muito com o que fez o Nubank, que por muito tempo só teve o produto de cartão de crédito. E o plano de saúde é um produto que 48 milhões de brasileiros compram todos os anos. E o resto dos 160 milhões de brasileiros queriam ter”, disse, em entrevista ao LABS.

O CEO da Sami, Guilherme Berardo, veio do mercado financeiro, mas montou a primeira rede de hospitais de permanência no Brasil e conhece bem o lado prestador, da clínica, e do hospital.

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Agora, unem esforços (e capital) com os sócios os fundos Two Culture Capital e Ricardo Marino (chairman do Itaú para a América Latina), que já investiram na Sami, e os novos investidores Kevin Efrusy (sócio do fundo americano Accel), a boutique de wealth management Lakewood a Endeavor Scale Up Ventures e o The Fund, que participaram da rodada de extensão da Série A. 

Focado no acompanhamento contínuo do paciente, o plano de saúde da Sami conta com médicos, laboratórios, hospitais, mas também Zumba, Pole Dance e Crossfit. “Com isso, a gente pretende participar mais da vida dos nossos clientes, porque um plano de saúde você usa quatro vezes ao ano, mas na academia você pode ir três vezes por semana, por exemplo”, disse Asseituno. 

No ano passado, a Sami captou R$ 86 milhões em sua Série A; até hoje, a startup já levantou mais de R$ 201 milhões e prevê uma Série B no próximo ano. “A saúde é um setor muito dependente de capital”, afirma. 

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Segundo Asseituno, 75% dos clientes da Sami não tinham plano de saúde antes da startup, o que pode indicar um aumento da parcela de brasileiros que aderem à saúde suplementar. 

“Eu comparo um pouco com o Uber e o táxi. Foi uma mudança de mercado por conta do acesso e do preço. Hoje tem cinco vezes mais Uber do que táxis em São Paulo. Então dá para ter uma operadora de plano de saúde que vai ter 10 milhões de clientes, até 48 milhões de clientes”. 

O preço é uma condição chave para que o cenário que o executivo desenhou aconteça. Segundo Asseituno, um dos grandes entraves para os planos de saúde brasileiros são os reajustes. 

“Se você comprar um plano de saúde, no final do ano pode ter reajuste de 20%, 30% se for um plano empresarial. Ao longo de cinco, seis anos isso vira 100%, não dá para as empresas pagarem”. 

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Aliado a esse cenário de insustentabilidade financeira para empresas pagarem planos de saúde, a tempestade perfeita para o setor de startups oferecendo planos de saúde (como a rival Alice, por exemplo) foi a pandemia, que criou o problema de pessoas preocupadas com saúde mas com medo de sair de casa e ir até o hospital. Foi na pandemia que o Brasil liberou a telemedicina, o que alavancou ainda mais esses planos de saúde digitais. 

Hoje, mais da metade dos casos dos clientes da Sami são resolvidos por telemedicina. “O médico de família resolve 70% dos casos e 75% a 80% são digitais”. 

Saúde é um setor regulado no Brasil e é necessário tirar a licença para ser um operador de planos no país. Depois, o plano deve construir uma rede credenciada, assim como o iFood tem uma rede com restaurantes parceiros. Foram nesses dois movimentos que os aportes anteriores da Sami foram alocados. 

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Em janeiro, a Sami vendeu um plano empresarial digital sem necessidade de vendedor ou corretor. O cliente entrou no site, subiu os documentos e comprou a assinatura do plano de saúde. Mesmo assim, a startup está crescendo o time de vendas: começou 2021 com quatro pessoas e hoje são 54 na equipe. 

A Sami fechará 2021 com quase 7 mil clientes. A rodada de extensão será usada para escala e tecnologia. O ticket médio da startup é de R$ 300 e a empresa gasta 60% disso para cuidar de seus clientes. 

O custo por vida na média é de R$ 200, segundo o executivo.

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A empresa lançou seu primeiro plano de saúde em novembro de 2020, exclusivo para a capital paulista. Em junho de 2021, expandiu para seis cidades da região metropolitana: Guarulhos, Osasco, Taboão da Serra e o ABC. O foco da Sami são as pequenas e médias empresas e microempreendedores individuais. 

Segundo Asseituno, a ideia é crescer quatro vezes a base de clientes em 2022, para 28 mil clientes. A empresa também espera dobrar o número do time, de 400 funcionários para 800.

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