- Os EUA são um mercado maior, mas a demanda americana por entrega em domicílio é superada por Argentina, Brasil e Colômbia;
- Os mercados da região possuem altos níveis de concorrência, o que já resultou na saída da espanhola Glovo do Brasil e do Chile.
A grandes mudanças no setor de serviços alimentícios na América Latina não está acontecendo na cozinha ou na mesa, mas na rua. Serviços de delivery quadruplicaram nos últimos cinco anos, o que faz da região a segunda que mais cresce no mundo, depois da Ásia-Pacífico.
Agora, a pandemia do coronavírus apresenta incertezas. Por um lado, as quarentenas e as medidas de isolamento social estão aumentando a demanda pelos serviços, por outro, o número total de transações diminuiu no último trimestre, devido a muitos restaurantes terem suspendido completamente suas operações.
Esses são alguns dos fatos apresentados pela consultoria Euromonitor International em um novo relatório intitulado “Foodservice Delivery in Latin America: The Search for Growth”.
Os mercados da região têm altos níveis de concorrência, o que já resultou na saída da espanhola Glovo do Brasil e do Chile no ano passado. E a indústria apresenta concorrentes em uma guerra feroz por uma fatia maior das vendas, como a gigante das entregas brasileira iFood anunciando a aquisição do controle na colombiana Domicilios.com, onde vai aumentar a disputa com a líder Rappi.
O serviço de alimentos para consumidores é a segunda maior indústria da América Latina, atingindo US$ 200 bilhões em 2019, e o segmento de entrega de alimentos já representa quase US$ 30 bilhões na região. “A dinâmica atual, com fatores socioeconômicos e a pandemia de coronavírus, combinada com uma forte cultura gastronômica, está impulsionando a demanda por entregas na região”, diz Rocío Guzmán, analista da Euromonitor International.

“Embora os Estados Unidos sejam um mercado consumidor muito maior do que o encontrado na América Latina, a demanda dos EUA por entrega em domicílio é superada na Argentina, Brasil e Colômbia, onde ela representa uma proporção maior das vendas totais de serviços de alimentação nesses países” diz o relatório.

Chile, Peru e México
Chile e Peru são mercados relativamente novos para delivery apps, e o México, por outro lado, demostra alta demanda. No entanto, as vendas a domicílio ainda representam apenas uma pequena proporção do total de vendas mexicanas de serviços alimentícios em comparação com outros países, segundo o estudo.

O estudo baseia-se em um prazo que terminou em dezembro de 2019, portanto, não captura a pandemia do COVID-19, mas oferece algumas ideias sobre o novo cenário. “As restrições forçaram estabelecimentos de serviços de alimentação offline a começar a utilizar aplicativos de entrega para continuar funcionando durante a pandemia. O governo argentino tem se empenhado em promover serviços de entrega como a melhor medida para ficar em casa”, afirma.
Análise
Analisando o mercado, Guzmán diz que “os consumidores são mais fiéis aos seus restaurantes favoritos do que a um aplicativo. Portanto, acordos de exclusividade com grandes marcas locais são tão importantes para aplicativos quanto as cadeias multinacionais.”
Segundo o Euromonitor, aplicativos, restaurantes e consumidores e até cidades da América Latina ainda estão se adaptando. As empresas tentam gerar fidelização de clientes através de descontos periódicos, alianças com outras marcas, consultoria para operadores de restaurantes e diversificação de serviços.
“No entanto, o dinamismo do mercado também traz barreiras, como regulamentações governamentais e insolvência financeira. A alta liquidez injetada pelos investidores abre ao mercado oportunidades sem fim, mas a longo prazo, muitos não sobreviverão”, é uma das conclusões do estudo.