A Shopee, plataforma de e-commerce do grupo asiático Sea, acaba de completar um ano e meio desde sua estreia no mercado brasileiro. Muito popular em Singapura, sua terra-natal, a Shopee também tem forte presença no Vietnã, Malásia, Filipinas, Indonésia, Taiwan e Tailândia. O Brasil foi a primeira aposta da gigante para além do Sudeste Asiático. Uma aposta acertada, ao que parece.
Embora a Shopee não divulgue os resultados da plataforma no Brasil, há indícios de que as operações no país são promissoras: de acordo com o Relatório State of Mobile do App Annie, a Shopee foi o 9º aplicativo mais baixado no país em 2020 e, além disso, segundo noticiado recentemente, a empresa está transferindo executivos do Sudeste Asiático para cá.
Em entrevista ao LABS, Felipe Feistler, Gerente de Negócios da Shopee Brasil, falou sobre o desempenho da plataforma junto ao consumidor brasileiro e os planos de expansão para o país.
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Com o boom do e-commerce no Brasil e na América Latina de modo geral, a Shopee pretende investir mais no desenvolvimento de um ecossistema sustentável focado em comunidades locais, empresas e usuários. Feistler explica que em todos os mercados em que está presente a Shopee adota uma abordagem local e personalizada, do marketing à seleção de produtos até a logística.

“Nosso objetivo é oferecer aos compradores a melhor experiência e ajudar as empresas locais a aproveitar as oportunidades da economia digital. Assim, permitimos que os usuários comprem de nossos vendedores em todo o mundo, ao mesmo tempo em que ajudamos os vendedores locais a fazer seus negócios crescerem,” sintetizou.
Os resultados globais da Shopee em 2020 apontam que o marketplace obteve uma receita de US$ 842.2 milhões, um crescimento de 178,3% em relação ao ano anterior. O grupo Sea, dono da Shopee, é um conglomerado sediado em Singapura que atua em três verticais – e-commerce, serviços financeiros digitais e games. O Sea hoje vale cerca de US$ 70 bilhões.
Do global para o local e do local para o global
Quando começou a operar no Brasil, a Shopee concentrava suas oferta em produtos importados, mas pouco tempo depois começou a cadastrar lojistas nacionais.
Feistler explica que o objetivo inicial da Shopee era ajudar os vendedores internacionais a expandir seus negócios e os compradores brasileiros a ter acesso a produtos globais. Por outro lado, o e-commerce brasileiro ainda está em seu estágio inicial de desenvolvimento, com muita demanda por digitalização, principalmente de pequenos e médios negócios. A Shopee enxergou a oportunidade.
“Temos visto um crescimento acelerado na ajuda aos vendedores, PMEs e marcas para digitalizar e dimensionar seus negócios de comércio eletrônico, e trabalhamos para atender à crescente demanda online à medida que mais empreendedores focam seus esforços no e-commerce para expandir seus negócios,” explicou Feistler.
A Shopee não revelou quantos vendedores nacionais já cadastrou em sua plataforma no Brasil, mas informou que no Sudeste Asiático e em Taiwan, o número de vendedores aumentou 60% em 2020.
Planos de expansão para o Brasil
De acordo com Feistler, não há planos de expansão para outros países da América Latina no curto prazo – a Shopee iniciou suas operações no México em fevereiro desse ano, mas apenas com operações cross-border. O foco é mesmo o crescimento das operações no Brasil. As áreas de crescimento e inovação futura da Shopee serão em torno da estratégia central de criar uma experiência personalizada e social para os usuários, desenvolvendo novas formas de engajar os consumidores e captar sua atenção.
Acreditamos que as compras online devem ser mais do que apenas transacionais. Estamos construindo uma comunidade forte que permite que os usuários se conectem e interajam entre si por meio de jogos dentro do aplicativo Shopee e trabalhando com influenciadores para integração com os usuários.
Felipe Feistler, gerente de negócios da shopee brasil
Mobile-commerce
Várias pesquisas mostram que as compras pelo celular têm batido recordes de adesão no Brasil e em outros países da América Latina. A aposta no mobile-first não é novidade para a Shopee, que se lançou no Sudeste Asiático em 2015 primeiro como aplicativo móvel e depois como site.
“Como pioneiros dessa transformação móvel, hoje 95% dos pedidos da Shopee são feitos pelo celular. O mercado brasileiro tem muitas semelhanças com o mercado asiático e observamos a mesma adesão ao mobile na nossa primeira Black Friday no Brasil em novembro passado.”
Disputa pelo e-commerce com gigantes
Feistler reconhece que a disputa pelo mercado brasileiro por players internacionais está cada vez mais acirrada, mas aposta que tem espaço para todo mundo.
“Acreditamos que há oportunidades para os diferentes players atenderem às necessidades dos compradores locais. O consumidor está sempre procurando o que será mais vantajoso em preço e qualidade. Com o e-commerce crescendo em importância e escala no Brasil, a Shopee quer criar mais valor para os consumidores, com uma experiência de compra satisfatória e divertida, e criar mais oportunidades de crescimento para as empresas brasileiras.”