A Shopper, supermercado 100% online brasileiro, captou R$ 170 milhões em uma rodada Série C liderada pelo GIC, fundo soberano de Singapura, e acompanhada pelos fundos Quartz, de José Galló, chairman da Renner; Minerva Foods; o multifamily office Oikos e o Floating Point, todos investidores existentes da startup.
Com o investimento, o segundo em seis meses – em maio, a startup levantou uma Série B de R$ 120 milhões –, a Shopper está pertinho de se tornar unicórnio, segundo seus fundadores, Fábio Rodas (CEO) e Bruna Vaz (COO), contaram em entrevista ao LABS. “Em 2021 captamos mais de 30 vezes o que captamos nos primeiros 5 anos de Shopper”, disse Fábio.
Fundada em 2015, a Shopper se apresenta como o maior supermercado 100% online do Brasil, presente em 75 municípios do estado de São Paulo e com uma base de meio milhão de usuários cadastrados na plataforma. A empresa não abre números absolutos, mas afirma triplicar de tamanho ano a ano desde que começou a operar.
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2020 foi uma espécie de divisor de águas para a Shopper. O boom do e-commerce impulsionado pela pandemia de COVID-19 impactou especialmente o setor de alimentação e a startup viu a demanda crescer de tal forma que precisou interromper o atendimento por três semanas para reestruturar a operação para dar conta do novo volume de pedidos.
“Nós precisamos abrir um turno noturno extra do dia para a noite. Não conseguimos aumentar a operação na mesma velocidade que a demanda cresceu. Como não queríamos entregar uma experiência ruim, optamos por fechar o site para pedidos e adequar a operação para manter a qualidade”, lembrou Bruna.
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O bom desempenho da startup chamou a atenção dos investidores e veio a Série B. “Até a pandemia, o supermercado online não era um modelo muito atrativo para os fundos de investimento. Com a pandemia, o setor virou a bola da vez”, contou a empreendedora. A Série C acabou sendo uma consequência do ritmo de crescimento da empresa.
O mercado ganhou muitos players, mas mantivemos o crescimento constante mesmo em um ano em que o setor enfrentou a chamada ‘ressaca da COVID’. Isso contou a favor para decidirmos captar mais uma rodada no ano. Achamos importante ter esse recurso em caixa para continuar acelerando.
bRUNA vAZ, cofundadora e COO da Shopper
O modelo de negócios da Shopper foi inspirado no formato Subscribe & Save, muito popular nos Estados Unidos, em que o consumidor monta sua cesta de produtos no site, define o dia de entrega e finaliza a compra. Os produtos são entregues em casa e a lista de compras fica salva no site ou no app, com a entrega automaticamente pré-agendada para cada mês. O cliente recebe lembretes para atualizar a lista de itens ou alterar as próximas entregas.
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As compras programadas adicionam à operação dois elementos valiosos para qualquer startup B2C, a recorrência e a previsibilidade. Assim, a Shopper minimiza os riscos associados ao chamado “pico de demanda” e mantém níveis baixos de estoque. Com esse modelo, reduz custos com a manutenção de grandes estoques e a perda de produtos, gerando uma economia de 12% em comparação com supermercados tradicionais que também oferecem vendas online, segundo a startup.
Em maio desse ano, a Shopper lançou o Fresh, para entregas programadas de frutas, verduras, legumes e produtos refrigerados e congelados, atendendo à demanda dos clientes por produtos perecíveis. “Assim temos uma solução completa de abastecimento para os clientes. Mas foi um desafio, porque o inventário do Fresh é mais sensível. Então, antes de montar a operação, fizemos inúmeros testes de armazenamento, de como organizar o packing dos produtos – os produtos refrigerados vão com garrafinhas congeladas, os congelados vão com gelo seco, para as frutas e verduras, testamos o fracionamento –, de como fazer a entrega mantendo a qualidade dos produtos”, explicou Bruna.
Toda a tecnologia da Shopper é proprietária, desde o sistema de gestão do centro de distribuição até os aplicativos para o consumidor. A empresa tem hoje apenas um centro de distribuição em Osasco, com 15 mil metros quadrados, onde recebe os produtos comprados dos fornecedores e faz todo o processo de picking e packing e expedição. A logística de entrega também é feita pela Shopper.
Segundo Bruna e Fábio, ao assumir todas as etapas da operação a startup tem um controle de qualidade maior. “Hoje o nosso NPS é de 87”, disse Fábio. NPS é a sigla para Net Promoter Score, uma metodologia que avalia a satisfação e o grau de fidelidade dos clientes.
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Agora, com o caixa cheio, a Shopper planeja chegar a 120 cidades no estado de São Paulo e estrear no Rio de Janeiro no próximo ano. Dois centros de distribuição devem começar a operar em breve, um em Barra Funda, na cidade de São Paulo, e outro no município de Ribeirão Preto, para otimizar o atendimento às cidades do interior. Parte do capital também será investida em tecnologia, na captação de talentos para triplicar a equipe, hoje de cerca de 1.000 colaboradores, e na aquisição de novos clientes. A startup planeja chegar a 1 milhão de usuários cadastrados até outubro de 2022.