Imagine programar sem saber programar ou “codar”. É isso que a Jestor (com “J” mesmo), startup brasileira fundada em 2020, possibilita graças à uma ferramenta que permite que empresas de qualquer setor e tamanho criem sozinhas aplicativos internos e customizáveis sem necessidade de construir um código de programação. A tese da statup caiu nas graças do Y Combinator, aceleradora americana famosa por revelar gigantes como Rappi e Airbnb, e selecionada para o programa. Além de um investimento de US$ 125 mil, a Jestor vai participar do Demo Day da YC e apresentar a solução para investidores e empresas do mundo todo.
O pulo do gato da Jestor é a plataforma customizável e intuitiva que proporciona mais autonomia para as empresas clientes. Com uma equipe enxuta de 10 pessoas, a Jestor atende hoje uma base de 11 mil clientes, incluindo startups como Loft e Sami e a Endeavor. O CEO Bruno Bannach, um dos cofundadores junto com Guilherme Pinheiro, explica que a Jestor nasceu para ajudar empresas a escalar suas operações, permitindo que bases de dados e automações sejam integradas com apps e ferramentas internas em poucos cliques.
“Cada operação de cada empresa é única. Não tem software de prateleira, que atenda a todas às demandas de uma forma padronizada. A Jestor tem essa flexibilidade de a empresa criar a ferramenta exatamente para o fluxo e o processo dela”, diz Bannach.
Não adianta criar uma ferramenta para hoje, tem que criar uma ferramenta que evolua junto com a operação da empresa. Tem o clássico do ERP, que leva dois anos para ser implementado e, quando a implementação é concluída, já está desatualizado.
Bruno Bannach, CEO e cofundador da Jestor
Na prática, ao criar um login e acessar a interface da Jestor, o usuário irá encontrar uma série de funcionalidades que podem ser combinadas de modo a criar uma solução para determinada operação – é possível criar automações, regras de permissionamento, dashboards, BIAS, entre outros.
O foco da Jestor são os times de Operação das empresas. Isso porque eles perceberam que esses times precisam de suporte para desenvolver melhores aplicações internas, uma demanda que, geralmente, os times de Tecnologia não conseguem atender por estarem envolvidos com as aplicações externas.
A gente ajuda esse time de Operação a ganhar o super poder de developer, esse é o maior ganho do no-code. Porque esse time consegue criar automações, usar uma lógica de banco de dados relacional sem nem precisar saber o que é isso. O que ele precisa saber é qual é o problema que ele precisa resolver.
BRUNO BANNACH, CEO E COFUNDADOR DA JESTOR
Um exemplo de aplicação customizada pela própria empresa na plataforma da Jestor é a criada por uma startup de homecare que tinha muitas dificuldades com a gestão dos estoques de medicamento que ficavam na base, em cada ambulância e nas casas de cada paciente. Via Jestor, a health tech conseguiu criar uma aplicação de estoques múltiplos integrados.
Bannach aponta a versatilidade da Jestor como um dos grandes diferenciais: a plataforma roda em computador e smartphones e em qualquer navegador. Além disso, pode ser utilizada para automatizar operações financeiras, logísticas, de Recursos Humanos, entre outras.
Como tem uma API aberta e moldável, também pode ser integrada a outras plataformas e bases de dados distintas. “A regra é: se a outra ferramenta permite integração, a gente integra. Nossos clientes não precisam nem falar com a gente para ter acesso à nossa API e fazer a integração”, resume Bannach.

Hoje, a solução da Jestor pode ser acessada gratuitamente, com limitação quanto ao número de ações, ou por plano de assinatura. A startup não cobra por número de usuários ou por funcionalidade, mas sim por uso – uma métrica em que o usuário vai pagar mais quanto mais ações realizar na plataforma. Há três planos – o Startup, o Growth e o Pro. Um exemplo de métrica de uso é a criação de uma nova variável ou um novo componente no dashboard. Há clientes que rodam mais de 400 mil ações por mês e há clientes que rodam 400 ações mensais.
Empresa de tecnologia que resolve problemas com tecnologia
A Jestor não abre números absolutos, mas afirma que, projeta crescer dez vezes no próximo ano. Além do investimento da Y Combinator, a Jestor também recebeu uma rodada de R$ 1,8 milhão, liderada pela firma de venture capital Canary e com a participação dos anjos Renato Freitas, cofundador do unicórnio 99, e Paulo Silveira, da Alura.
Segundo Bannach, a empresa agora se prepara para expandir internacionalmente, começando pelos Estados Unidos, e para ampliar a capacidade de atendimento a startups e empresas de maior porte. “Mas sem perder a essência de uma empresa de tecnologia que resolve problemas com tecnologia, mantendo um time enxuto, muito técnico e focado em produto”.
Em relação ao acesso a investidores e fundos que o programa do Y Combinator vai proporcionar, Bannach explica que a empresa não busca aportes apenas pelo capital.
“O que a gente tenta avaliar é quem são os parceiros que a gente quer. Nós estamos criando uma empresa para mudar o padrão da tecnologia que se tem hoje para empresas. Esse parceiro é muito importante para o futuro. Vamos conversar com parceiros em potencial e avaliar o que faz sentido para a gente. Capital em si não é algo que nos restringe, mas ter bons parceiros é fundamental.”