Startup Deel é avaliada em US$ 5,5 bilhões após aporte da Coatue
Cristiano Soares, country manager da Deel no Brasil. Foto: Deel/Divulgação
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Startup Deel é avaliada em US$ 5,5 bilhões após aporte da Coatue

Seis meses após estrear no Brasil, startup norte-americana focada em contratações internacionais anuncia Série D de US$ 425 milhões e planeja estratégia agressiva de aquisições. Deel projeta que o Brasil poderá representar até 10% do seu faturamento

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Seis meses após estrear no Brasil, a Deel, startup fundada no Vale do Silício que desenvolve soluções para que empresas globais possam contratar profissionais de qualquer país de maneira descomplicada, acaba de captar uma rodada Série D de US$ 425 milhões. O aporte, que acontece apenas seis meses após a empresa ter captado uma Série C de US$ 156 milhões, alavancou o valuation da startup de US$ 1,25 bilhão para US$ 5,5 bilhões.

A rodada foi liderada pela gestora norte-americana Coatue Management, investidora de grandes empresas globais como Spotify e ByteDance, dona do TikTok, e incluiu ainda Altimeter Capital, Andreessen Horowitz, Neo, Spark Capital e YC Continuity Fund.

Em conversa com o LABS, Cristiano Soares, country manager da Deel no Brasil, contou que a empresa não estava buscando uma nova rodada para já, mas que a chegada dos novos investidores era uma oportunidade que não poderia ser perdida. “Temos o respaldo de investidores de peso, que trazem mais credibilidade ao nosso modelo de negócio perante o mercado e nossos clientes. São fundos que apostam no que dá certo. É algo estratégico para a empresa”, disse. 

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Com o caixa cheio, a Deel planeja dar início a uma estratégia global agressiva de fusões e aquisições. De acordo com Soares, o pipeline de M&A da startup tem mais de 80 empresas. “2022 será o ano das aquisições”, disse o executivo. 

A Deel busca dois tipos de negócios: empresas de forte base tecnológica que possam gerar valor agregado aos clientes da startup, a exemplo da alemã ZeitGold, adquirida recentemente, que desenvolve inteligência artificial para a área contábil; e empresas que atuam no mesmo mercado que a Deel e têm uma participação relevante no mercado. “Nesses casos eu consigo trazer para a Deel a receita, os clientes, a participação no mercado, e aportar a nossa tecnologia, que eles não têm. É um casamento perfeito”, explicou Soares. 

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Parte dos recursos também será destinada para impulsionar o lançamento de um novo produto de folha de pagamento internacional e o desenvolvimento de uma API aberta, além da ampliação do time global, que hoje conta com 350 profissionais. A Deel planeja chegar ao fim do ano com uma equipe de 500 pessoas, pelo menos; no Brasil, Soares espera dobrar o time. 

Atualmente, a Deel atende mais de 4.500 empresas, incluindo nomes como Coinbase e Shopify, e viabiliza a contratação de profissionais de 150 países. A startup não revela o faturamento, mas afirma ter um crescimento global médio de 35% ao ano e, no primeiro trimestre de 2021, ter registrado um GMV superior a US$ 100 milhões. Na América Latina, a Deel está presente também no México e na Colômbia, e já tem empresas clientes em todos os países da região.

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No Brasil há seis meses, a startup tem mirado em clientes enterprise, com mais de mil funcionários, e já tem contratos com empresas como NubankiFood e Quinto Andar. O Brasil é  considerado um dos mercados mais relevantes para a Deel, que projeta que o país poderá representar até 10% do faturamento da startup. 

“O Brasil é o maior mercado da América Latina e tem grande potencial para nós por conta da falta de mão de obra qualificada e complexidade dos processos trabalhistas. O trabalho remoto continua crescendo de forma exponencial. As empresas precisam contratar para crescer e expandir. E precisam contratar bem e rápido. É aí que a Deel entra”, disse Soares. 

Cultura do trabalho remoto veio para ficar

A Deel iniciou suas operações em 2019, surfando a onda de um processo global de internacionalização de mão de obra. Pouco tempo depois, a pandemia de COVID-19 obrigou empresas de todo o mundo a adotar o trabalho remoto e adaptar normas de trabalho e modelos de contratação. Terreno fértil para a startup.

Agora, começam a intensificar as discussões sobre o retorno ao trabalho presencial ou a adoção de modelos híbridos. Grandes empresas globais como Amazon e Google tentaram implementar a retomada presencial e logo recuaram, adotando uma abordagem mais flexível e permitindo que os funcionários decidam de onde querem trabalhar. 

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Questionado sobre se a startup se preocupa com uma possível desaceleração nas contratações remotas, Soares foi taxativo: não. E não apenas porque a experiência global com o modelo remoto mostrou que é possível manter taxas de eficiência e crescimento, mas também devido a uma mudança profunda de cultura de trabalho. O executivo também lembra que a busca por mão de obra qualificada em outros países ainda é uma realidade

A pandemia provou que é possível criar uma cultura forte remotamente e que eficiência não tem a ver com o lugar de onde se trabalha. Se as empresas não se adaptarem, elas vão perder os melhores talentos, que vão buscar empresas com modelos de contratação mais flexíveis. Não vejo nenhum risco para a operação nesse sentido. Além disso, a falta de mão de obra local qualificada continua sendo um grande desafio. As empresas precisam buscar talentos em outros lugares.

Cristiano Soares, country manager da Deel no Brasil

Contratações internacionais descomplicadas

Fundada por Alex Bouariz e Shuo Wang, dois ex-alunos do MIT, o core-business da Deel é intermediar contratações de profissionais estrangeiros. Em outras palavras, a Deel cuida de todo o processo de contratação e a operacionalização dos pagamentos desses colaboradores, observando as normas trabalhistas e tributárias de cada país. 

A plataforma oferece os serviços de folha de pagamento, compliance, benefícios e outros recursos ​​necessários para contratar e gerenciar uma equipe global. As empresas também podem pagar equipes em mais de 120 moedas. 

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“A forma como as pessoas trabalham está mudando fundamentalmente. E isso nunca vai voltar. Fundamos a Deel porque não queríamos que contratações ou pagamentos internacionais fossem empecilho para que as empresas criassem as equipes globais remotas de que precisam para prosperar”, explicou Bouariz, CEO da Deel. 

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