A Fleximedical nasceu em 2005 encubada pelo Centro de Inovação e Empreendedorismo da USP (Universidade de São Paulo, quando Iseli Reis e seu primo, o médico Roberto Kikawa, começaram a trabalhar em um produto de transformação de carretas e vans em cabines de unidade de saúde para atendimentos médicos e hospitalares em áreas remotas.
Kikawa era empreendedor social na área da saúde no Brasil e CEO da empresa, e Reis atuava como arquiteta hospitalar, desenvolvendo a parte técnica de desenho, projeto e execução das unidades. Em 2018, Kikawa foi vítima de um assalto e faleceu.
Coube a Reis levar a história e o legado de Kikawa: dar acesso à saúde para populações em áreas remotas ou em áreas de alta vulnerabilidade. Ela passou do operacional para o estratégico, assumindo a posição de CEO da startup.

A Fleximedical conseguiu o certificado de empresa B, ou seja, que segue critérios ambientais, sociais e de governança. “Passamos por alguns processos de aceleração de negócio social e de aceleração de startups para crescimento da empresa”, conta Reis.
Hoje, a empresa pertence ao hub de inovação do Distrito. “Nosso último desenvolvimento foi o das cabines de telemedicina. Parece que a telemedicina é democrática, mas tem gente que não tem acesso à internet, e além de tudo, ela precisa ser um pouco mais instrumentalizada. Ou seja, tanto o paciente quanto o médico precisam ter acesso a alguns dados mínimos de mensuração de pressão arterial, por exemplo”, explica.
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“As cabines vem pra instrumentalizar e reforçar toda essa tecnologia”. A Fleximedical faz o desenvolvimento do invólucro e os softwares internos de telemedicina são oferecidos com parceiros. “Esses parceiros que acabam colocando toda essa tecnologia interna e a gente viabiliza as conexões”.
Em 2020, a Fleximedical cresceu 130% e este ano a empresa crescerá 50%, segunro Reis. Para 2022, a startup prepara uma rodada de captação para internacionalizar o negócio na América Latina, começando pela Bolívia.
“Já alguns contatos feitos, algumas negociações e alguns acordos sendo traçados. E a ideia é, a partir da Bolívia, expandir para a Colômbia, América América Central e também para o Paraguai, lugares em que o acesso à saúde é mais díficil”, diz a CEO.
“No Paraguai, há mulheres que ficam na fronteira com o Brasil em trabalho de parto e quando a criança vai nascer sai correndo para o Brasil para que a criança nasça em território brasileiro e tenha acesso ao SUS (Sistema Único de Saúde)”.
Os clientes da Fleximedical são, em maioria, empresas prestadoras de serviço para o SUS. Então, para o consumidor final, o serviço é gratuito. Essas empresas já tem contrato com o governo, estadual ou municipal, que alugam ou compram unidades da startup para fazer programas de atendimento nessas áreas com ONGs (Organizações Não Governamentais).
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A Fleximedical também atende diretamente o governo por meio de processos de licitação.
Recentemente, Reis ganhou o Prêmio Empreendedor Social do Ano, na categoria Mitigação de Impactos da Covid-19, pela Fundação Schwab, organização irmã do Fórum Econômico Mundial.