Imagine que um grande banco quer vender mais cartões de crédito. Para quem deve oferecer? O produto é atraente para toda a base de clientes? Por qual canal a oferta deve ser feita para maximizar a taxa de conversão de vendas?
Conhecer o cliente e saber o caminho para chegar até ele é decisivo para qualquer segmento. Em um mundo em que os negócios estão cada vez mais digitais e orientados à jornada e à experiência do usuário, “conhecer o cliente” tem cada vez mais a ver com tecnologia, algoritmos e análise avançada de dados.
É esse mercado de crescimento exponencial que a Fligoo, startup de inteligência artificial fundada em Córdoba, na Argentina, mas sediada em São Francisco, no Vale do Silício, quer explorar também no Brasil. Segundo dados do relatório Distrito Dataminer 2021, a inteligência artificial é foco de atuação de 702 startups brasileiras, um segmento que atraiu US$ 365 milhões em investimentos só no ano passado.
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A sacada da Fligoo é sua tecnologia proprietária que já desenvolveu mais de 4.000 algoritmos para análise avançada de dados de outras empresas. “O core business da Fligoo é um framework de inteligência artificial. Em outras palavras: a gente providencia ferramentas para construção de algoritmos,” explica Carlos Naupari, CEO da Fligoo no Brasil. “Nosso trabalho é orientado a três propósitos: incrementar as vendas via personalização de ofertas; reter o cliente e otimizar processos,” completa.

Entre os clientes da Fligoo no Brasil, estão pesos-pesados como Itaú, B2W, grupo que controla marcas como Lojas Americanas e Submarino, e MAG Seguros, além de dois clientes confidenciais do setor bancário. Entre os clientes globais estão Coca-Cola e Mastercard.
“Cada cabeça, uma sentença” ou “Cada empresa, um algoritmo“
Os algoritmos da Fligoo trabalham com a base de dados armazenados pelas empresas com o objetivo de prever o comportamento dos clientes e gerar inteligência para as companhias.
As soluções de análise preditiva possibilitam que as empresas conheçam melhor seus clientes e tenham insumos para planejar ações e ofertas mais assertivas. A palavra de ordem é a personalização fundamentada em inteligência artificial, big data e machine learning.
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Com o arsenal de algoritmos, a Fligoo tem três produtos em seu portfólio: uma solução que utiliza dados do cliente para gerar recomendações de produtos por canais múltiplos; uma solução que analisa o risco do cliente e recomenda ações de retenção; e uma solução de ponta a ponta para implementar um data lake interno.
Brasil foi mercado natural na estratégia de expansão da Fligoo
Fundada pelos argentinos Marcos Martínez, Lucas Olmedo e Juan Cruz Gárzon em 2013, a Fligoo logo desembarcou em São Francisco, no Vale do Silício, para tentar a sorte no polo tecnológico. Hoje, está instalada nos Estados Unidos, mas mantém uma base em Córdoba, sua cidade-natal. É em Córdoba que fica a Fligoo House, o hub de tecnologia onde a mágica dos algoritmos da startup acontece.
O desembarque no Brasil aconteceu há pouco mais de um ano, em janeiro de 2020, meses antes de a pandemia de COVID-19 alterar bruscamente a dinâmica dos negócios e acelerar a digitalização de milhares de serviços.
Antes, a Fligoo prospectou outros países, como México, Espanha e Reino Unido. Em 2019, Naupari assumiu a expansão internacional da Fligoo e fez pelo menos doze viagens para o Brasil para estudar o mercado nacional; retornou cada vez mais convencido de que o país carecia de soluções voltadas à análise avançada de dados. A escolha pelo país resultou da combinação entre o perfil dos players brasileiros e o potencial de inovação a ser explorado.
O Brasil foi o mercado natural da primeira fase de expansão. Vimos que o país tem muitos players grandes em três setores que nos interessam, o bancário, o de varejo e o de seguros. Além disso, a Fligoo tem uma vantagem competitiva pelo conhecimento adquirido durante os anos de operação nos Estados Unidos, um mercado mais avançado em inteligência artificial.
Carlos Naupari, ceo da fligoo no brasil
A Fligoo não revela seu faturamento. O que se sabe é que em setembro passado, recebeu um aporte de US$ 7 milhões, em rodada liderada por family offices americanas e brasileiras. Segundo Naupari, em 2020 a startup conseguiu dobrar o número global de clientes e crescer o faturamento em 75%.
“2020 foi um ano espetacular para a Fligoo porque as empresas decidiram dobrar suas apostas em iniciativas digitais. A pandemia acelerou essa migração para o digital, o que levou a um interesse crescente e natural por análise de dados,” diz.
O objetivo esse ano é repetir o feito e dobrar a base de clientes, geralmente empresas com faturamento acima um bilhão.