Os cofundadores da InstaCasa
Os cofundadores da InstaCasa: Alexandre Hepner, Mauricio F. Carrer, Odilon Castriota e Denis Cossia. Foto: Divulgação.
Negócios

Startup InstaCasa quer tornar arquitetura de ponta acessível para classes C e D

O CEO Mauricio Carrer fala sobre solução que permite ao comprador de um lote visitar virtualmente o empreendimento antes mesmo de começar as obras

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No Brasil, cerca de 85% das pessoas que constroem suas casas não são auxiliadas por arquitetos. Mesmo que não saiba, você certamente conhece alguém que já construiu uma casa e também não teve auxílio desses profissionais. Mas e se uma ferramenta simplificasse todo o processo, da definição da planta aos detalhes da decoração? É essa a proposta da startup InstaCasa.

O modelo de negócios da InstaCasa abrange várias frentes. A startup desenvolveu seu próprio sistema de realidade aumentada, que oferece uma percepção virtual sobre os loteamentos reais e permite que os clientes visualizem várias opções de projetos arquitetônicos, feitos pelos quatro times de arquitetos da empresa, logo após a venda.

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Se trabalhar na casa própria a partir de um projeto arquitetônico encomendado é uma realidade para as classes A e B, para as classes C e D é algo totalmente distante, e o plano da InstaCasa atender justamente esse público. É, nas palavras do CEO Maurício F. Carrer, a democratização do acesso à arquitetura de qualidade.

Hoje, a InstaCasa atua como uma experiência em que o loteador e o corretor conseguem apresentar para o comprador todas as possibilidades de construção de uma casa em um lote. Nós não viabilizamos diretamente o projeto, mas temos a inteligência e a tecnologia em nossa plataforma para isso. Hoje, a plataforma entende as características de cada lote, a topografia, os declives e dimensões, profundidade e por aí vai, para analisar essas informações e cruzar com nossa base de projetos pré-desenvolvidos e com a viabilidade de cada local. Assim, projetos que possuam características não aplicáveis em um certo terreno acabam sendo filtrados pela plataforma

Maurício Carrer, CEO da InstaCasa

Além de Carrer, Alexandre Hepner, Odilon Castriota e Denis Cossia também cofundaram a InstaCasa.

Operando como um espaço que une os trabalhos do loteador, das construtoras, dos arquitetos e dos compradores, a InstaCasa se apresenta como um ecossistema próprio que visa agilizar e desburocratizar todo o processo que vai da compra de um lote até a finalização das obras de uma casa. 

A startup faz desde o mapeamento do local para identificar possíveis limitações na arquitetura até apontar se uma região não permite certa característica em uma casa. Além disso, a plataforma também faz uma previsão de gastos com matéria-prima, para que todo o processo de construção seja simplificado antes mesmo de se contratar a mão de obra.

Carrer ressalta, porém, que pelo menos por ora, a InstaCasa não participa diretamente das construções.“Não participamos do desenvolvimento do empreendimento em si, mas nossa plataforma é capaz de entender o empreendimento e apresentar todas as possibilidades de construção. Nós fornecemos ainda a possibilidade de aplicar filtros, como selecionar projetos de acordo com a quantidade de dormitórios ou banheiros e, assim, encontrar o projeto ideal para aquele lote”, disse o CEO.

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Apesar de não atuar na obra, a startup acompanha  todo o processo desde o loteamento à construção, até mesmo os insumos e matérias-primas são levados em conta: “Como nós já sabemos qual projeto foi escolhido, nós sabemos também todos os insumos necessários, os valores atualizados, e podemos até dar sugestões de financiamento sob medida e orçamentos detalhados para a viabilização do projeto. Nós não queremos atuar na construção, mas queremos, sim, colocar em contato os clientes com construtores e com o ecossistema geral de sua região. Queremos conectar e, futuramente, transacionar os materiais pela plataforma.”

Nesta semana, a startup anunciou um aporte de R$ 15 milhões liderado pela G5 Partners e acompanhado pela  Terracotta Ventures e a Gerdau Next Ventures (fundo de corporate venture capital e aceleradora de startups da Gerdau Next, divisão de novos negócios da Gerdau).

Boa parte do dinheiro deve ser destinada ao avanço das tecnologias já existentes e ao desenvolvimento de novas. A ideia é permitir que o proprietário de um lote tenha em suas mãos uma ferramenta que permita a ele visualizar cada detalhe da casa, mesmo antes das obras terem início.

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Queremos, por exemplo, que um cliente consiga visualizar como vai ficar um microondas novo, mesmo que recém-lançado, dentro do espaço de sua cozinha. Você viu um piso novo em uma loja? Nós queremos automaticamente vincular ele a todos os projetos e permitir que nossos clientes visualizem como ele ficaria na sua casa, sem precisar entrar em dez mil projetos, podendo selecionar pelo plugin dentro de nossa plataforma que instalará automaticamente na versão virtual do lote.

Maurício Carrer, CEO da InstaCasa

Em 2021, a InstaCasa diz ter auxiliado na comercialização de cerca de R$ 300 milhões em VGV (Valor Geral de Vendas dos empreendimentos em que atuou). Após o investimento, a expectativa é de transacionar mais de R$ 900 milhões em VGV em 2022 e mais de R$ 3 bilhões em 2023.

Atualmente presente em 12 estados, a InstaCasa diz que mais de 50 loteadores utilizam sua plataforma para apresentar aos compradores o potencial de cada lote dos empreendimentos. A startup recebe uma porcentagem dos lotes e empreendimentos que ajuda a comercializar. Essa porcentagem, no entanto, varia caso a caso, segundo Carrier, que também não detalhou, quanto, em média, o serviço custa.

No futuro, a InstaCasa quer ser sua própria fintech, ou, mais precisamente, uma fintech imobiliária, segundo Carrer, conectando toda a análise ao financiamento das construções. Dessa forma, a InstaCasa conseguiria operar não como uma mediadora, mas uma empresa que agrega os diferentes estágios em uma cadeia de produção. É uma proposta de tratar o processo arquitetônico de maneira “fordista” a fim de simplificar para a clientela um processo bastante complexo e burocrático, dando aos usuários ferramentas pré-concebidas para agilizar o desenvolvimento de um empreendimento.