“Quer investir sem grandes riscos? Vai na renda fixa.” Erga a mão o investidor, de primeira viagem ou não, que nunca ouviu esse conselho. A renda fixa é, há muitos anos, considerada a categoria de investimentos ideal para quem não é muito afeito a grandes riscos, mas quer ter algum retorno em vez de deixar o dinheiro “parado”. Embora não seja sinônimo de rentabilidade garantida e sua remuneração varie conforme o papel, o prazo, o emissor e os indicadores (como Selic, CDI e TR), a renda fixa é, de modo geral, um de baixo risco e de rentabilidade proporcional. Pelo menos até chegar ao mercado secundário.
O mercado secundário é o ambiente em que investidores negociam diretamente, por meio de corretoras, sem a participação dos emissores dos títulos – no caso da renda fixa, bancos, empresas e governo. Assim, o mercado secundário possibilita o resgate de investimentos antes do vencimento mantendo a liquidez; no mercado primário o investimento só teria liquidez no vencimento. Para quem vende um produto de renda fixa no mercado secundário a vantagem é acessar os recursos antes do vencimento da aplicação. Para quem compra, a vantagem é adquirir um investimento de baixo risco com taxas superiores às do mercado primário.
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Os produtos de renda fixa disponíveis no mercado secundário são mais limitados do que os produtos de renda variável e, via de regra, “acabam rápido na prateleira”.
“Esses investimentos são super disputados nas plataformas das corretoras porque têm taxas muito altas. Alguns investimentos não ficam disponíveis por mais do que alguns segundos, você visualiza ele e no tempo de clicar, já foi negociado por outro investidor. Enxergamos uma oportunidade aí: criar um algoritmo, um robô, que identifique os melhores investimentos e faça a aplicação”, conta Lucas Seixas, ao explicar a tese da InvestAI.

Fundada em setembro de 2020 por Seixas e Rafael Correia, a InvestAI desenvolveu um algoritmo que garimpa investimentos de renda fixa no mercado secundário.
Na prática, basta o investidor entrar na plataforma da startup, informar o valor que deseja investir, o indexador que está buscando (prefixado, pós-fixado ou atrelado à inflação), o prazo do investimento e a taxa de retorno mínima que deseja. A partir daí, a InvestAI assume e faz a aplicação dentro do ambiente de corretoras habilitadas (atualmente, XP, BTG e Genial).
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Os recursos do investidor não passam pelo sistema da startup; o dinheiro a ser investido fica na conta da corretora. “O cliente tem essa segurança de que o dinheiro dele permanece na corretora dele. A InvestAI acessa a conta dele da corretora e fica monitorando a prateleira de investimentos. Assim que encontra o título de renda fixa dentro dos parâmetros definidos pelo investidor, executa a compra”, explica Seixas.
De acordo com Seixas, no início, o algoritmo da InvestAI “era para a gente usar, para a família, alguns amigos que investiam”, mas o sistema se mostrou tão eficiente que logo outros clientes começaram a procurar a dupla para utilizar a plataforma. “Foi aí que nós entendemos que tínhamos um negócio nas mãos: a tese validada, o produto desenvolvido, crescimento orgânico e sustentável”, lembra.
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A startup se remunera com uma comissão sobre o rendimento das aplicações feitas por meio da plataforma. “A gente encontra o melhor investimento, com o melhor rendimento, e essa foi a forma que encontramos para monetizar o negócio. Não recebemos sobre o valor que o cliente investe, apenas sobre o que o investimento rende”, explica.
Com pouco mais de um ano de operação, a InvestAI já tem mais de 500 clientes e já movimentou mais de R$ 60 milhões em investimentos no mercado secundário.
Há alguns dias, a startup fechou sua primeira rodada de captação. O TC (Traders Club), plataforma que reúne educação financeira, análise de dados e inteligência de mercado para investidores da América Latina, aportou R$ 3,1 milhões, assumindo uma participação de 20% da empresa. Segundo o TC, em breve as operações da InvestAI poderão ser realizadas dentro da plataforma TC, que conta com uma comunidade de mais de 560 mil membros cadastrados.
Com os recursos recém captados, a InvestAI pretende investir na tecnologia da plataforma e na aquisição de clientes, já que até aqui o crescimento da base foi orgânico. A startup estuda começar a operar no mercado secundário de renda variável e cripto.