A startup irlandesa Vaultree anunciou, nesta quarta-feira (3), que recebeu um aporte de US$ 3,3 milhões (R$ 18 milhões) liderado pela Ten Eleven Ventures, com a participação da Enterprise Ireland, Unpopular Ventures, HBAN e John N. Stewart, ex-chefe de segurança e diretor de confiança da Cisco. Com a rodada, a startup também anuncia sua chegada ao Brasil.
O alemão Tilo Weigandt e o irlandês Ryan Lasmaili se tornaram amigos em 2013 e decidiram empreender juntos. Weigandt morou no Brasil, onde trabalhou com a unicórnio Creditas. O sócio fundador da Vaultree conta ao LABS que percebeu que, embora existiam empresas focando em vulnerabilidades na cibersegurança no país, elas são, em maioria, consultorias que analisam falhas nos sistemas. “A LGPD (Lei Geral de Proteção dos Dados) foi o gatilho para a Vaultree no Brasil. Na Europa, a GDPR (equivalente da LGPD) já funciona e aqui no Brasil vimos que as empresas não sabiam por onde começar”, explica.

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Weigandt e Lasmaili encontraram o professor de cyber segurança Kevin Curran que estudava a chamada searchable symmetric encryption. Unindo forças, os fundadores juntaram vários tipos de criptografia para criar a tecnologia própria de Enhanced Searchable Symmetric Encryption (ESSE), que aguarda patente, e a Fully Homomorphic Encryption (FHE), que, de forma geral, permite o processamento de dados criptografados de forma escalável e simples, segundo Weigandt. Shaun McBrearty e Maxim Dressler completam o time de co-fundadores da startup.
Ele explica que, na maior parte dos casos de criptografia, para manejo e edição dos dados é necessário desfazer a criptografia, submetendo a base de dados não só a ataques hackers, mas também a erros humanos. Segundo Weigandt, o principal diferencial da Vaultree é que, por se tratar de uma solução simples, o time de tecnologia de uma empresa cliente não precisa ser robusto para implementar a solução. O primeiro produto é um software development kit (SDK) e o segundo produto será um Database as a Service que será hospedado em marketplaces de nuvem como a AWS e a Azure.
“O problema é que como essa área é tão complexa, até os fundos que investem em big tech não entendiam o negócio às vezes. Demorou um pouco para achar um fundo que conseguisse entender o que a gente estava fazendo e conseguir ajudar de verdade”, conta Weigandt.
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O novo aporte foi feito em dólares e euros e será usado para contratar time e criar a solução para os mercados iniciais que a startup está mirando: Irlanda (onde está a sede da empresa), Reino Unido, Estados Unidos e Brasil. Parte dos recursos também será destinada à pesquisa e desenvolvimento em criptografia.
Em fase inicial, a startup tem um time espalhado pela Índia, Turquia, Reino Unido e Brasil, mas a maioria da equipe está na Irlanda. “Queremos continuar desse jeito porque os talentos estão no mundo inteiro e não só em um país”, diz o co-fundador. “Esse aporte vai nos ajudar a contratar mais pessoas porque precisamos de talentos para vencer os cibercriminosos, que estão cada vez mais sofisticados”.
Com o produto em fase beta sendo trabalhado com uma grande fintech, a Vaultree pretende lançar o serviço ao mercado no primeiro semestre do ano que vem e já conta com uma lista de espera de empresas interessadas.
“Nosso primeiro produto é um kit de ferramentas, é a fundação para tudo que a gente quer fazer. A gente vai vender de forma direta ou através cloud marketplaces em formato de licenciamento ou assinatura”, disse.
A empresa ainda estuda o preço da assinatura. “O nosso público-alvo são empresas de tecnologia que estão atuando na indústria regularizada como finanças, seguros, saúde, direito e RH, que trabalham com dados sensíveis e já estão buscando por uma solução forte. Nossa tecnologia é de fácil implementação e qualquer empresa pode usar”.