As startups brasileiras abocanharam 75% do valor total captado pelo ecossistema de inovação da América Latina em outubro: de US$ 1,2 bilhão arrecadados por startups de toda a região, US$ 892,9 milhões foram investidos em empresas do Brasil. A título de comparação, em setembro o volume aportado no país foi de US$ 250,8 milhões, enquanto o total destinado para a América Latina foi de US$ 1,7 bilhão. Os dados são do Startup Activity Report, produzido pela plataforma de inteligência brasileira Sling Hub e obtido em primeira mão pelo LABS.
Ao todo, aconteceram 92 rodadas de investimento na América Latina no último mês; dessas, 72 ocorreram no Brasil e 8 no México; em seguida vem Chile (5), Colômbia (3), Argentina (3) e Peru e Uruguai (1 cada).
O valor médio aportado foi de US$ 13 milhões – 23 startups conseguiram captar entre US$ 10 e 50 milhões – e a Série A foi a rodada de investimento mais comum, 17 ao todo, o que indica um apetite maior por parte dos investidores em startups com potencial para se transformar em scale-ups. Também se verificou um interesse maior por modelos de negócio B2B.
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Quem levou a melhor no quesito maior cheque Série A foi a CRM&Bonus, uma startup especializada em programas e sistemas de controle para giftback, que levantou US$ 51,9 milhões em rodada co-liderada pelo SoftBank e a Riverwood Capital. De acordo com o report, essa foi a maior captação de uma sales tech na América Latina até hoje.
Olhando para os mercados que mais atraíram investidores, as fintechs continuam na frente, com 25 rodadas, ou 27% do total; em seguida aparecem as retailtechs, com 11 rodadas, e as logtechs, com 6 rodadas.
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Apesar de as fintechs continuarem liderando, a maior captação de outubro foi realizada por uma logtech, a CargoX, que conecta caminhoneiros com capacidade ociosa a empresas que precisam de frete. A startup de logística levantou uma Série F de US$ 200 milhões com o SoftBank e a Tencent.

No ranking das dez startups mais investidas, oito são brasileiras. Destaque para a rodada Série A de US$ 50 milhões da Buk, HRtech do Chile; e para a argentina Pomelo, fintech que garantiu uma Série A de US$ 35 milhões.

O grupo japonês SoftBank e a gestora norte-americana Tiger Global foram os maiores investidores de outubro na América Latina. Vale lembrar que as duas empresas também são as maiores investidoras de unicórnios latino-americanos: o SoftBank tem 13 deles em seu portfólio e a Tiger Global, 11.
Outubro quente também para M&As
O último trimestre do ano começou quente também na área de aquisições na América Latina: foram 33 compras e 2 fusões, o maior volume de operações em um único mês. “Esse movimento de fusões e aquisições é realmente impressionante. E se olharmos para os últimos meses, desde fevereiro temos pelo menos uma aquisição de startup LatAm por dia útil”, observou João Ventura, CEO da Sling Hub.
Entre os destaques de M&A, a aquisição da big data Neoway pela B3 por US$ 333,9 milhões (o equivalente a R$ 1,8 bilhão, a maior compra da história da bolsa brasileira). A Locaweb, que figura no top 3 maiores compradores brasileiros, também fez uma nova aquisição – a 13ª nos dois últimos anos! – e comprou a Squid, plataforma de gestão de influenciadores, pela qual desembolsou US$ 32,7 milhões.