Já tem alguns meses que 2021 é apontado como o “ano dos recordes” no que diz respeito ao ecossistema de inovação e investimento de venture capital na América Latina. E quem esperava que em Novembro – o ano quase “fazendo a curva” rumo à 2022 – houvesse uma desaceleração, enganou-se: o mês não só registrou um volume de dólares captados superior a outubro, passando de US$ 1,2 bilhão para US$ 1,4 bilhão, como viu também o valor médio dos rounds saltar de US$ 13 milhões para US$ 31,9 milhões.
Em outubro, aconteceram 92 rodadas de investimento na América Latina, em novembro, foram 76: menos rodadas com cheques mais polpudos.
Assim, as startups latino-americanas chegam à reta final do ano superando a marca de US$ 1 bilhão em investimentos por mês desde fevereiro. Para efeito de comparação, em 2020 essa marca foi superada apenas no mês de setembro. Os dados são do Startup Activity Report, produzido pela plataforma de inteligência brasileira Sling Hub e obtido em primeira mão pelo LABS.
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Nesse cenário de expansão e fluxo intenso de capital de risco, o Brasil continua se destacando, tendo abocanhado 70% do volume total captado em novembro, ou US$ 988 milhões. O país também concentrou a imensa maioria das fusões e aquisições de novembro; apenas dois dos 23 deals ocorreram fora do Brasil.
Rodadas e unicórnios
Ao todo, aconteceram 76 rodadas de investimento na América Latina no último mês; dessas, 60 ocorreram no Brasil e 10 no México; o Chile registrou 4 rodadas, e a Argentina e a Colômbia, apenas uma. As três maiores rodadas, que juntas captaram US$ 576 milhões, mais de 40% do total de investimentos em toda a região, foram destinadas para empresas brasileiras.
As fintechs ficaram com a maior fatia dos investimentos, foram 30 rodadas para empresas do setor; edtechs receberam cinco aportes; HRtechs, retailtechs e healthtechs ficaram com 4 rodadas cada. Outros 23 aportes foram destinados a startups de setores variados.
Embora as fintechs ainda sejam o setor preferido por parte dos investidores, os maiores cheques de novembro foram para uma retailtech – a brasileira Facily, que levantou US$ 250 milhões, aporte que a coloca bem próxima do status de unicórnio –, e para uma edtech, também do Brasil – a Ânima Educação, que recebeu US$ 176 milhões.
Já o clube dos unicórnios latino-americanos ganhou de fato um novo membro, e ele é uma fintech brasileira: a CloudWalk. A fintech captou uma Série C liderada pela Coatue e alcançou valuation de US$ 2,1 bilhões.
O dez maiores aportes em startups da América Latina em novembro foram:
Facily (Brasil) – US$ 250 milhões
Ânima Educação (Brasil) – US$ 176 milhões
CloudWalk (Brasil) – US$ 150 milhões
isaac (Brasil) – US$ 125 milhões
Stori Card (México) – US$ 125 milhões
Mundi (México) – US$ 100 milhões
Stori Card (México) – US$ 75 milhões
Fazenda Futuro (Brasil) – US$ 52,8 milhões
QI Tech (Brasil) – US$ 47,5 milhões
Fintual (Chile) – US$ 39 milhões
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VCs locais lideraram investimentos
Quando se olha para os investidores mais ativos em novembro, uma mudança importante: se em outubro os maiores investidores (em número de aportes, não em volume investido) na América Latina foram o grupo japonês SoftBank e a gestora norte-americana Tiger Global, em novembro, essa lista foi dominada por empresas e fundos de venture capital locais: a Kaszek lidera, com 6 startups investidas; em seguida vem o Canary, com 4; e empatadas com 3 aportes cada estão a Norte Ventures, a CapTable, e a Valor Capital.