A Tembici, startup brasileira de tecnologia para micromobilidade, anunciou nessa quinta-feira uma nova captação de US$ 80 milhões (cerca de R$ 420 milhões) em rodada liderada pela Crescera Capital, que também passa a fazer parte do board da startup. A Série C contou ainda com a participação da Pipo e da Endeavor Catalyst.
O investimento chega em uma fase de expansão da Tembici. Enquanto as rodadas anteriores foram importantes para a consolidação do produto e do modelo de negócio, essa nova captação será toda destinada para o crescimento da operação: aumento da frota, expansão para outras cidades e aceleração da nova linha de negócio da Tembici, focada na cicloentrega (ou entregas feitas de bicicleta).
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“Esse investimento acontece em um momento diferente para nós, é literalmente para continuarmos crescendo. Vamos ampliar os investimentos em tecnologia e dados, consolidar as bicicletas elétricas e o novo modelo de negócio focado na cicloentrega”, disse Tomás Martins, CEO e co-fundador da Tembici.
O plano de expansão prevê o acréscimo de 10 mil novas bicicletas na frota até o fim do ano que vem e o início da operação em novas cidades, começando por Brasília, onde a Tembici estreia em outubro com 500 bikes e 70 estações. Atualmente, a startup opera 16 mil bikes no Brasil, na Argentina e no Chile; dessas, 1.000 são elétricas, as e-bikes, que atendem principalmente profissionais que trabalham para apps de entrega no Rio de Janeiro e em São Paulo. A ideia é que dessa nova frota, 5 mil sejam bicicletas elétricas.
A aposta alta nas e-bikes tem razão de ser. A startup acredita que o modal é o futuro da mobilidade em cidades mais inteligentes e sustentáveis, uma vez que facilita deslocamentos mais longos, exigindo menos esforço de quem pedala, e principalmente de quem pedala para trabalhar, como os cicloentregadores. Além disso, é um modal que gera economia, pois permite que as pessoas que antes combinavam diferentes meios de transporte em seus trajetos usem apenas a bike elétrica para se locomover.
A Tembici começou a operar com bicicletas elétricas em setembro do ano passado, apenas nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. A adesão ao modal surpreendeu: só entre janeiro e agosto desse ano, o número de viagens com e-bikes cresceu 66%.
Vimos do ano passado para cá um aumento expressivo do uso das bikes para cicloentrega. O mercado pede por soluções mais eficientes de mobilidade na cidade, nesse sentido a bike elétrica se mostrou um instrumento muito poderoso, principalmente para as soluções de logística.
Mauricio Villar, COO e co-fundador da Tembici
Em outubro do ano passado, a startup desenvolveu um projeto piloto em parceria com o iFood para oferecer aos cicloentregadores parceiros da food tech acesso às bicicletas elétricas por preços mais acessíveis. O projeto já tem mais de mil profissionais cadastrados e também receberá investimentos para crescer.
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“Além de oferecer um modal mais eficiente e sustentável para o cicloentregador, da bike elétrica disponível para o cicloentregador, o projeto contempla um pilar de educação e boas práticas de mobilidade urbana e um outro pilar de apoio aos entregadores, com estações espalhadas pela cidade onde eles podem descansar, carregar o celular, ir ao banheiro…”, conta Villar.
Agenda ESG
O investimento nas bicicletas elétricas está alinhado com um posicionamento cada vez mais forte da Tembici junto à agenda ESG. Recentemente, a startup contratou uma linha de crédito ESG de R$ 29 milhões, um tipo de empréstimo aprovado mediante evidências de compromissos sustentáveis da empresa. A linha de financiamento verde é estruturada pelo Santander e condiciona o desconto nos juros à comprovação, pela empresa, da melhoria de indicadores ESG pré-definidos.
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Além disso, há três meses, a startup anunciou uma nova funcionalidade no app: os usuários que pedalam as bikes compartilhadas recebem informações sobre a quantidade de CO2 economizados ao finalizarem suas viagens, além do resumo de tempo e calorias gastas. As informações ficam registradas na conta do usuário. Somente em 2020, a Tembici registrou mais de 4 mil toneladas de CO2 economizados com pedaladas, que se fossem emitidos, seria necessário o plantio de aproximadamente 30 mil árvores.
Esse bom momento da Tembici se traduz nos números da empresa. No início de 2021, a startup anunciou ter atingido um faturamento de R$ 100 milhões em 2020, com um saldo superior a 30% no EBITDA e um crescimento de 300% na margem bruta. Para 2021, a empresa prevê um aumento de 60%, visando um faturamento de R$ 180 milhões.