A TerraMagna, que fornece financiamento para produtores e os conecta a diversos distribuidores de insumos, indústrias e outros agentes da cadeia do agro, anunciou nesta quarta-feira um aporte de hoje levantou US$ 40 milhões (cerca de R$ 220 milhões) – US$ 10 milhões tendo como contrapartida uma parte da empresa, e US$ 30 milhões como dívida.
O investimento foi liderado pelo SoftBank Latin America Fund – seria o primeiro cheque do grupo japonês para uma agtech – e a Shift Capital, e também teve a participação da Milenio Capital, além de investidores anteriores. Anteriormente, a empresa tinha levantado US$ 2,2 milhões com ONEVC, MAYA Capital, Accion Venture Lab, The Yield Lab e Canary.
Com uma carteira de mais de US$ 120 milhões em 2021 – dez vezes mais do que tinha em 2020 –, a TerraMagna se posiciona como “a maior fintech agrícola em volume de ativos”da América Latina.
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Ao LABS, o cofundador e CEO da TerraMagna, Bernardo Fabiani, disse que embora a empresa tenha a intenção de explorar outros mercados, por ora, se concentra apenas no Brasil. Com o novo investimento, a empresa pretende expandir sua presença regional no Brasil e diversificar sua oferta de produtos.
A TerraMagna oferece uma plataforma de financiamento integrado à cadeia do valor do agronegócio, conectando produtores e distribuidores de insumos e indústrias e facilitando a geração e a concessão de crédito aos agricultores, principalmente capital de giro, já que a maioria dos agricultores brasileiros normalmente não têm a liquidez necessária para conseguir esse tipo de financiamento com instituições financeiras tradicionais.
O que ocorre normalmente é que o produtor rural acaba comprando parte dos insumos de que precisa a prazo, dando também como pagamento parte da sua produção futura. O que a TerraMagna faz por ele é entrar em contato com o distribuidor de preferência e fazer a compra, à vista, por ele.
Na ponta do distribuidor, a startup acaba funcionando como uma alternativa para antecipar receitas, não só por meio da venda descrita acima, mas por meio de antecipação de duplicatas ou CPRs (certificados ou cédulas de produção rural, que é normalmente o que o produtor oferecer como parte do pagamento).
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Ao conectar esses agricultores à cadeia desta forma, a TerraMagna tem em mãos informações valiosas para a avaliação de crédito desses produtores, o que facilita e barateia o processo. Segundo Fabiani, a remuneração da agtech acontece por meio da própria operação de crédito – dando a entender que a agtech fica com parte dos juros e taxas incidentes.
“A agricultura é um grande mercado no Brasil, mas os pequenos e médios agricultores ainda carecem de financiamento de capital de giro para comprar sementes, fertilizantes e pesticidas. A equipe da TerraMagna desenvolveu uma tecnologia inovadora e um modelo de negócios que lhes permitiu atender este segmento de forma eficiente. Com o tempo, acreditamos que mais dados continuarão a melhorar os modelos de subscrição da TerraMagna para reduzir consistentemente o custo de financiamento para pequenos e médios agricultores”, disse Felipe Fujiwara, líder de Investimentos do SoftBank Latin America Fund, em comunicado.
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“A TerraMagna é a mais preparada tecnologicamente, com capacidade de implantar e monitorar múltiplas operações de crédito de forma simultânea e efetiva. Além disso, o go-to-market da empresa é extremamente eficaz – aproveitando os canais com os quais os agricultores estão familiarizados, ela faz o melhor uso da cadeia de valor agrícola e impulsiona o incrível crescimento do portfólio em um mercado historicamente contrário às inovações. Conhecíamos a empresa há algum tempo e decidimos investir depois que ela sistematicamente forneceu desempenho e crescimento de crédito excepcionais,” disse, também via comunicado, Bernardo Garcia, sócio geral da Shift Capital.
A TerraMagna tem 110 colaboradores atualmente. Parte dos recursos levantados vão reforçar a contratação de mais profissionais de tecnologia e vendas. Além da operação de financiamento, a agfitnech também faz monitoramento de garantias – propriedades dadas como garantia em operações de crédito entre produtores e cooperativas ou instituições financeiras.