Maite Muñiz, David Cuadrado, Daniel Bilbao e César Pino fundaram a startup de SaaS Truora em 2018. Nadando de braçadas na onda de fintech e marketplaces na América Latina, a Truora nasceu como uma ferramenta de autenticação para empresas de tecnologia na região.
“Na América Latina, dependendo do país é muito difícil saber quem é a pessoa, ou o histórico do usuário, se pode ou não confiar nas pessoas. Então começamos com a missão de fazer com que as empresas soubessem quem é essa pessoa, começamos a pensar em como tornar a tecnologia acessível para as empresas contratarem mais trabalhadores autônomos de uma forma que seja simples ”, disse Muñiz, em entrevista ao LABS.
As operações da Truora começaram na Colômbia e no México e, um ano depois, a empresa expandiu para o Brasil, Chile e Costa Rica. “Nosso objetivo era alcançar marketplaces como o Rappi, eles precisavam contratar pessoas muito rápido de uma maneira que fosse segura para o usuário final e para o marketplace”, conta.
A Truora executou as validações na Colômbia e depois expandiu para outras tecnologias de autenticação e identidade para ajudar a reduzir a fraude. A empresa trabalha principalmente com empresas B2B2C, como bancos, fintechs e marketplaces.
“Nós fornecemos a eles experiência de integração e temos tudo junto com uma verificação de antecedentes, então é o reconhecimento de rosto, biometria, além de verificações de antecedentes criminais e às vezes uma verificação de histórico de crédito, principalmente descobrindo o passado da pessoa para que eles possam ter acesso a cartões de crédito de forma remota”.
Com um modelo baseado em assinatura, os clientes da Truora pagam por validação, o que, de acordo com Muñiz, é bom para marketplaces que agora perto do Natal, geralmente contratam mais pessoas do que normalmente contratariam em janeiro e fevereiro. “Eles não precisam pagar uma taxa fixa, eles pagam conforme usam o serviço. As fintechs também, pagam na medida em que usam, então não precisam investir muito em algo que podem não usar”. A startup espera fechar o ano com uma receita recorrente anual de US $ 3 milhões.
Aquecimento SaaS na América Latina
Muñiz diz que, embora ainda haja um longo caminho a percorrer para as empresas de SaaS na região, nos últimos anos houve um grande crescimento do setor na América Latina. “A captação de recursos para SaaS agora está na moda na América Latina. Muito dinheiro foi injetado na região nos últimos dois meses, a maioria deles em SaaS”.
A Truora, por exemplo, já captou US $ 3,5 milhões em rodadas Seed, e agora está planejando uma nova captação. Muñiz diz que, antes, os fundadores precisavam não apenas provar aos investidores que eram capazes de executar algo, mas também que a América Latina era um bom lugar para investir. Agora, os fundadores não precisam provar a eles que a América Latina é uma região que vale a pena investir, “eles já sabem”, segundo a co-fundadora.
Agora, a Truora está se concentrando na expansão no Brasil e no México e aumentar o marketing dos produtos que lançou, como a autenticação por meio do WhatsApp. “Devido às regras de compliance, a maioria das empresas precisa autenticar usuários para muitos de seus serviços e, como latino-americanos, estamos procurando a maneira mais fácil de finalizar essa validação”, diz ela, sobre a ferramenta WhatsApp.
As redes sociais como forma de login são mais rápidas e fáceis. Mas quando você está falando sobre bancos ou fintechs, a regulamentação não permite que você faça apenas um login no Facebook. Também percebemos que, na maioria das vezes, isso acontece porque os latino-americanos não têm acesso total à Internet 24 horas por dia, 7 dias por semana. Ou os dados do celular não cobrem o uso de qualquer tipo de aplicativo que você queira ou o download a qualquer momento.
MAITE MUÑIZ, CO-FUNDADORA DA TRUORA
A Truora conseguiu fazer autenticações pelo WhatsApp em que o cliente precisa enviar documentos para solicitar crédito para uma fintech, por exemplo. “A autenticação através do WhatsApp é a nossa grande aposta e achamos que isso pode ser uma mudança para a maior parte da América Latina“.
Atualmente, a empresa possui mais de 140 clientes B2B e mais de 300 PMEs. Na sede da Colômbia, está a maior parte da equipe de engenharia, que representa 60% dos 110 funcionários. A Truora também tem times no México, Brasil, Colômbia e Chile. “Depois da Colômbia, nosso próximo maior escritório seria o Brasil e depois o México”, diz Muñiz.
Principalmente por conta de seus clientes brasileiros e europeus, a Truora afirma que cumpre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) para todos os países em que atua.
Nossa estratégia no Brasil é um pouco diferente por causa da competição no mercado. Estamos realmente direcionando mais para o setor financeiro e também para as PMEs, e nosso maior serviço hoje é a assinatura eletrônica. No Brasil, também temos uma forte verificação de antecedentes criminais, e nossos maiores clientes atuais são marketplaces.
Muñiz diz que espera que a Truora triplique sua receita nos primeiros seis meses de 2022. “Construímos nossos serviços para serem muito simples e fáceis para os engenheiros, precisamos construir tudo de forma escalável para que possamos trabalhar com empresas realmente grandes e bancos realmente grandes, sem esse problema de escalabilidade que muitas startups enfrentam em seus primeiros anos. Estamos trabalhando com segurança, estamos trabalhando com dados das pessoas, estamos trabalhando com antecedentes criminais, então nossa missão hoje é como podemos ajudar as empresas a conseguirem mais usuários com um custo de aquisição de clientes realmente baixo para que possam crescer”.