A startup de música Moises anunciou nesta terça-feira (3) que recebeu um aporte Seed de US$ 1,6 milhão liderado pelo fundo de venture capital americano Kickstart, com a participação dos fundos Valutia, do investidor brasileiro Kiko Lumack, e Verve Capital.
Cinco anos atrás, rodadas de US$ 10 milhões eram consideradas Série A, mas atualmente esse montante tem sido captado em rodadas Seed. Por isso, Geraldo Ramos, CEO e cofundador da Moises, disse ao LABS que escolheu fazer uma rodada Seed “pequena” para não diluir muito o controle da empresa. “Optamos por fazer uma rodada não muito grande porque a empresa já é rentável. Foi uma rodada focada em escala”, disse.
LEIA TAMBÉM: O árduo caminho entre o meu dinheiro e os músicos em um mundo dominado pelo streaming
Limitado de saída, o aporte foi oversubscribed, ou seja, a demanda de investidores interessados em bancar a empresa foi maior do que a Moises estava disposta a receber. “Pode ser que outros investidores [que não puderam participar agora] participem das futuras rodadas”, disse Ramos.
O Kickstart é um dos maiores fundos de capital de risco da região de Utah, onde o executivo vive, em Salt Lake City. O CEO da Moises nasceu em Recife, mas viveu boa parte de sua vida em João Pessoa, onde trabalhava como desenvolvedor. Em 2012, Ramos se mudou para Nova York, onde criou a plataforma de programação Hackhands, que foi vendida para a Pluralsight, de Utah, em 2015.

Ramos passou cinco anos trabalhando com a Pluralsight, mas fazia projetos por fora. Foi assim que, em um final de semana, ele criou a Moises.ai, ao se debruçar sobre um algoritmo de licença aberta do Deezer que permitia separar faixas de músicas, removendo o baixo, a voz ou a bateria, por exemplo.
Baterista amador, Ramos usou o algoritmo para criar o protótipo do aplicativo em 2019. A ideia era criar um produto “democrático”, que pudesse ser usado por qualquer usuário, sem a necessidade de saber programação para separar faixas com o algoritmo do Deezer, por exemplo. No ano passado, o CEO deixou a Pluralsight para focar 100% na Moises.ai, contratou um time de 28 pessoas (24 no Brasil entre João Pessoa, Recife e São Paulo) e trouxe dois cofundadores, Eddie Hsu e Jardson Almeida.
Hoje, a empresa já tem três cientistas de dados com PhD que desenvolveram modelos próprios a partir da tecnologia de separação das faixas, para detecção de acordes, de batida, e que permitem adicionar metrônomos, por exemplo. Essa é uma das funcionalidades mais usadas no aplicativo.
O produto ficou bem democrático. Qualquer músico pode ter acesso a tecnologias que antes só pessoas especializadas que trabalham com áudio tinham
Geraldo Ramos, CEO e cofundador da Moises.
Mais de 50% dos 4,2 milhões de usuários da Moises são músicos, desde pessoas que estão começando, até profissionais, como o baterista da banda One Direction, Josh Devine. “É muito útil para praticar. Se você toca bateria, você pode reduzir a bateria na música original e tocar a sua em cima, além de usar outras ferramentas como o metrônomo”.
O aplicativo atingiu 4 milhões de usuários em julho, o mês em que mais cresceu, quando chegou ao segundo lugar nos Estados Unidos na categoria de aplicativos de música, atrás apenas do Spotify na App Store.
Disponível em 21 idiomas, nos últimos 12 meses os países que mais acessaram o app foram: Brasil, México, Estados Unidos, Egito, Índia, Irã, Itália, Argentina, Espanha e Peru.
Apesar de ser caracterizado como um app gratuito, a plataforma trabalha em um modelo freemium. Ou seja, há limitações na plataforma de graça, como por exemplo, o upload de apenas cinco músicas. O serviço premium custa US$ 3,99 por mês, com preço localizado pela App Store.
A nova rodada será investida em marketing e aquisição de usuários para crescer a marca pelo mundo e fazer parceria com artistas. Parte do montante também irá para pesquisa e desenvolvimento de algoritmos.
A Moises pretende chegar a 10 milhões de usuários até o final do ano, o que, segundo Ramos, é muito provável que seja superado.