Foto: Divulgação/ZAK
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ZAK, de SaaS para restaurantes, capta R$ 80 milhões do Tiger Global

Nos moldes de Shopify e Square, a ZAK pretende juntar fintech e SaaS e ser uma subadquirente para os restaurantes

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A plataforma brasileira de SaaS para restaurantes ZAK anunciou, nesta quarta-feira (10), que captou uma Série A de R$ 80 milhões do Tiger Global, com participação da Valor Capital, Monashees, Base 10 e Canary. Ao LABS, os co-fundadores da startup explicaram os motivos de terem ido atrás do tigre de Nova York para essa rodada e as perspectivas de negócio com a digitalização dos restaurantes.

“O mundo de SaaS para e-commerce e fintech já é muito bem atendido [em termos de capital de risco]. Mas para restaurantes, queríamos ir atrás de um investidor que já estava entendendo para onde as coisas estavam indo”, disse o equatoriano Andres Andrade, co-fundador e co-CEO da ZAK.

David Grandes e Andres Andrade, co-fundadores e co-CEOs da ZAK. Foto: Divulgação/ZAK

Fundada em 2018, a ZAK se originou dentro de outra empresa, a Mimic, uma dark kitchen especializada em produzir comida em escala com vendas em canais online.

Como empresa independente, a ZAK quer otimizar a operação de entrega. “Quando a pandemia aconteceu, entendemos que a dor do delivery foi potencializada para a digitalização inteira da operação. O que a gente se propôs a fazer foi criar um ecossistema que ajudasse esse restaurante a ter o controle total das informações e dos dados dos clientes, tanto online como offline”, comenta Andrade.

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“Com Mimic a gente era um restaurante, basicamente. Fazíamos comida para outros restaurantes e vendíamos online por meio deles. Mas, nessa operação, aprendemos o quão é difícil executar na cozinha e a falta de tecnologia que realmente otimize e facilite a produção de maneira uni-canal (venda online venda física)”, disse o também equatoriano e co-fundador da ZAK, David Grandes

Com a COVID-19, os restaurantes passaram a se interessar mais pela tecnologia da Mimic do que pela comida que a marca fazia. No Brasil, Andrade e Grandes conheceram Marina Lima (ex-Printi e Pátria Investimentos), que ocupa o cargo de Chief Revenue Officer (CRO) na ZAK e faz parte do time de fundadores desde a fundação da Mimic.

Marina Lima, Chief Revenue Officer (CRO) na ZAK. `Foto: Divulgação/˜ZAK

Agora, com cerca de 300 clientes, a startup planeja chegar a 1000 restaurantes até o terceiro trimestre do ano que vem. “Estamos focados em crescer rápido, mas crescer com sustentabilidade”, complementa Lima. Hoje, 90% das operações da ZAK estão em São Paulo, mas a empresa está presente em 25 cidades no Brasil

O foco é Brasil pelo menos para os próximos dois anos, mas a startup não descarta a expansão para o México. “Quando você olha para food-service na América Latina, Brasil e México juntos são metade do mercado da região”, lembrou Andrade. 

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Para construir uma “Toast da América Latina“, a ZAK aposta em quatro pilares: operações com restaurantes, consumidores finais, integração com agregadores nos canais de venda e processamento de pagamento. Muito do aporte Série A irá para a construção do time de tecnologia, que hoje já conta com 110 pessoas. “Esperamos dobrar esse número nos próximos 12 meses”, disse Grandes. 

É tudo sobre os dados 

Para Lima, uma vez que o restaurante experimentou a digitalização por conta da pandemia, não há volta. “Agora é o momento perfeito para a nossa solução porque não estamos olhando só para o delivery, mas uma solução que ajuda o restaurante a fazer essa transição do físico para o online”. 

Nos moldes da Shopify e Square, a ZAK mistura o modelo SaaS com fintech. Ou seja, a startup não cobra via software, mas monetiza a base via pagamento como uma subadquirente. 

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A ZAK processa o pagamento e ganha a remuneração na compra do cliente. “Quando eu tenho um pagamento integrado com o PDV (ponto de venda), isso ajuda no fechamento do caixa do restaurante”, explicou Lima. 

Este modelo de negócio abre portas para que a ZAK seja um parceiro financeiro do restaurante, com dados integrados com instituições financeiras para ajudar o estabelecimento a conseguir crédito, por exemplo. Hoje a ZAK já faz adiantamento de recebíveis para os restaurantes parceiros do mid-market, que transacionam em média R$ 400 a R$ 600 mil por mês em cada loja. 

“Estamos entrando no ecossistema onde o valor é justamente captar dados da operação para poder ajudar esse nosso parceiro”, disse Andrade.

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