Bruno Lucas, André Bernardes e Ludmila Pontremolez, cofundadores da Zippi. Foto: Divulgação
A Zippi, fintech brasileira que chegou ao mercado em 2021 com uma solução de crédito via PIX para microempreendedores e autônomos, anunciou hoje uma captação de US$ 16 milhões (cerca de R$ 82 milhões). A Série A foi liderada pelo fundo norte-americano Tiger Global e acompanhada por Y Combinator, Volpe Capital, Rainfall Ventures, Globo Ventures, Hummingbird, Mantis, MSA Capital, Soma Capital e fundadores de empresas como Faire, Robinhood, Plaid, Creditas, Kavak, Cobli e GoJek.
A Zippi é obra de André Bernardes, Ludmila Pontremolez e Bruno Lucas. Os três se conheceram quando atuavam no mercado financeiro e de tecnologia no Vale do Silício e decidiram unir as expertises para empreender, de olho no crescimento da indústria de pagamentos instantâneos. Em entrevista ao LABS, Bernardes contou que a ideia de fundar a Zippi surgiu quando o trio percebeu que a maior parte dos produtos financeiros disponíveis no mercado para os microempreendedores eram feitos para pessoas físicas, e não para atender as necessidades específicas de pessoas que, em última instância, são também empresas.
“O que nos motivou a criar a Zippi foi a narrativa do microempreendedor no Brasil: hoje 30% da força de trabalho do país trabalha dessa forma, é um contingente de 23 milhões de brasileiros que tem uma jornada de trabalho muito específica. O microempreendedor é uma pessoa e uma empresa ao mesmo tempo. Muitas vezes ele trabalha na informalidade, sem CNPJ. Vimos aí uma grande oportunidade, porque os produtos financeiros disponíveis para esses público não são compatíveis com as necessidades do microempreendedor, mas sim com as necessidades de consumidores”, explicou Bernardes, CEO da Zippi.
Assim, o público-alvo da Zippi é amplo e vem de vários setores, como alimentício, beleza e estética e varejo, entre outros. Segundo Bernardes, o denominador comum de todos os clientes da fintech é que a vida profissional deles é sobre comprar e vender – existe um fluxo de pagamentos constante, com entradas e saídas recorrentes.
Com o público-alvo definido, não foi difícil adicionar o PIX na equação: lançado em novembro de 2020, o sistema de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central alcançou tamanha popularidade entre os brasileiros que já ultrapassou o volume de TEDs e DOCs realizados mensalmente e atingiu uma penetração maior do que a de cartões de crédito. Dados do Banco Central mostram que 110 milhões de pessoas, mais da metade da população brasileira, já fizeram um PIX. Só no último mês de março, foram realizadas 1,6 bilhão de transações PIX.
“E, particularmente nessa economia informal que a Zippi atende, o PIX do dia para a noite virou o método de pagamento preferido de todos esses trabalhadores, porque digitalizou uma economia que até então era muito baseada no dinheiro vivo”, acrescentou Bernardes.
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A Zippi se define como um meio de pagamento de crédito instantâneo, que permite ao microempreendedor usar o PIX para comprar insumos para o seu negócio utilizando um saldo disponibilizado pela fintech. A solução permite que o microempreendedor tenha acesso ao capital de giro necessário para a manutenção da sua operação e que o fornecedor receba o pagamento na hora, sem necessidade de parcelar. Já o cliente da Zippi tem um prazo de 7 dias para pagar o crédito tomado com a fintech, que se remunera a partir de uma taxa de 3% sobre cada transação.
Embora lembre um produto Buy Now Pay Later, Bernardes explica que a operação da Zippi se parece mais com a de um cartão de crédito: o cliente tem acesso a um limite de crédito mensal e pode utilizar esse valor para pagar fornecedores via PIX. Toda essa operação é feita pelo aplicativo da Zippi, pelo qual o cliente consegue monitorar todas as transações realizadas, o crédito utilizado e o saldo restante. Por ser integrada à API do Banco Central, a interface da Zippi permite a realização de PIX para qualquer banco.
Para lançar essa operação de crédito via PIX, a Zippi fez uma captação de dívida com a Empírica; a fintech não revela o valor aportado, mas, segundo explicou Bernardes, o veículo de dívida permite que a startup invista os recursos da Série A em outras frentes.
O capital recém levantado será investido principalmente no crescimento da equipe, hoje um time enxuto de 26 pessoas, no aperfeiçoamento do produto e na expansão da operação.
Nesses primeiros meses de 2022, a Zippi reportou um crescimento de 78% mês a mês; a meta é concluir o ano com a operação entre seis e dez vezes maior do que era no ano passado. A fintech não abre números absolutos da operação, como faturamento, número de clientes volume transacionado ou ticket médio, mas, segundo Bernardes são dezenas de milhares de clientes e uma longa fila de espera de novos clientes, com mais de meio milhão de pedidos.
“O PIX é um dos sistemas de pagamento que mais cresce no mundo. Ficamos impressionados com o calibre do time da Zippi e a tração do produto disruptivo que criaram. Estamos muito animados em apoiar a empresa em executar sua visão de escalar um meio de pagamento inovador para os milhões de microempreendedores brasileiros”, disse Alex Cook, sócio da Tiger Global, em nota.
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