- O imunizante produzido no Brasil dará ao maior país da América Latina a autonomia científica e tecnológica sobre outros países;
- Segundo o governo de São Paulo, os resultados dos testes pré-clínicos da ButanVac são promissores e já permitem o avanço para testes em voluntários.
O Instituto Butantan anunciou nesta sexta-feira (26) a ButanVac, a 1ª vacina 100% brasileira contra a COVID-19. A produção da vacina deve começar ainda este ano, na fábrica do Butantan que hoje faz a vacina contra Influenza. A ButanVac será entregue ao Brasil ainda em 2021.
O imunizante produzido no Brasil dará ao maior país da América Latina a autonomia científica e tecnológica sobre outros países. Segundo o governo de São Paulo, os resultados dos testes pré-clínicos da ButanVac são promissores e já permitem o avanço para testes em voluntários.
A expectativa é que a Anvisa autorize os testes clínicos em abril (quando o Butantan promete entregar 46 milhões de doses) e em julho o Brasil já deve ter a vacina nacional pronta para ser aplicada, com 100 milhões de doses entregues pelo Instituto até agosto, de acordo com o governador de São Paulo, João Dória.
Segundo Dimas Covas, diretor do Butantan, a pode ser que a vacina seja em dose única, pois apresenta uma melhor resposta imunológica. Mas isso será avaliado depois dos testes em humanos. “Iremos avançar nas fases 1 e 2 e na sequência da fase 3 dos testes forma acelerada, isso deve ser feito como foi com a CoronaVac, o que auxilia nesse processo de compreensão e autorização da vacina para possamos efetivamente usar a vacina no segundo semestre.”
Os voluntários da ButanVac são pessoas que não estão contempladas no cronograma de vacinação nacional. Segundo o Instituto, a ButanVac não interfere em procedimentos da produção da CoronaVac (vacina produzida pelo Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac).
Segundo Covas, a ButanVac usa a mesma tecnologia da vacina contra Influenza, já produzida pelo Butantan, e é também uma das mais baratas. “Esperamos que ela tenha um custo bem inferior das que estão sendo usadas no Brasil nesse momento”, disse. Além da tecnologia, a vacina não terá custo de logística nem importação, já que é uma produção brasileira.
Perguntado se a vacina é eficaz contra as variantes, Covas disse o Instituto já está trabalhando na versão P1 (variante do Amazonas) e que se for necessário, essa vacina é facilmente modificada para as outras variantes.
LEIA TAMBÉM: Chile adota medidas restritivas para entrada de viajantes vindos do Brasil
A fábrica que hoje produz a vacina da gripe e que produzirá a ButanVac a partir de maio tem capacidade para produzir 60 milhões de doses por ano.
Enquanto isso, o Butantan espera que uma nova fábrica fique pronta em 30 de setembro para a produção da CoronaVac.
As pesquisas da ButanVac começaram há um ano. Segundo Dória, São Paulo poderá exportar a vacina para a América Latina e para parceiros tecnológicos do Butantan, o Vietnã e a Tailândia, depois da aplicação nos brasileiros.
*ATUALIZADO: Esta história foi atualizada. Uma versão anterior dizia que a ButanVac é a primeira vacina de COVID-19 fabricada na América Latina. Na verdade, é a primeira vacina fabricada na América do Sul. Na América Latina, Cuba já tem dois imunizantes em testes de fase 3.