Uma consulta rápida no Google Trends revela que a busca pelos termos diversidade e inclusão (diversity and inclusion) vem crescendo de forma rápida e consistente nos últimos anos em todo o mundo. O detalhamento da busca aponta que as pessoas querem, principalmente, entender o que significam esses termos e como atingir diversidade e inclusão nos espaços de trabalho.
Um estudo lançado em maio deste ano pela IBM aponta que a pandemia também foi um ponto de virada na avaliação dos consumidores e dos profissionais sobre temas de sustentabilidade e responsabilidade social pelas empresas. Depois de entrevistar 14.000 pessoas de 9 países (Brasil, Canadá, China, Alemanha, Índia, México, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos), os resultados do estudo apontam que 64% dos respondentes consideram muito/extremamente importante a redução de desigualdade de renda, de gênero e de oportunidades.
No mesmo estudo, quando consideram oportunidades de trabalho, 71% dos respondentes afirmam que estão mais propensos a aceitar uma proposta de trabalho de organizações que consideram socialmente responsáveis; 49% dessas pessoas, inclusive, prefeririam receber um salário inferior para trabalhar em empresas que consideram socialmente responsáveis.
Assim, a busca por diversidade e inclusão vem crescendo rápido entre consumidores e entre talentos, e dar uma resposta a essa demanda virou peça fundamental para o sucesso das empresas. E aquelas que olham com atenção para questões de representatividade e buscam a inclusão de grupos minorizados, estão na dianteira de uma mudança que se mostra, finalmente, irreversível.
A promoção da diversidade no espaço de trabalho tem rapidamente moldado as novas dinâmicas de atração e retenção de talentos e aproximado os produtos ou serviços vendidos dos diferentes perfis de consumidoras e consumidores. Sem nenhuma surpresa, diversos estudos também apontam que empresas mais diversas são mais inovadoras e mais lucrativas.
Trabalhar para ampliar a diversidade e promover a inclusão é uma das pautas englobadas nas iniciativas de ESG (sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa), que visam criar estruturas corporativas mais responsáveis socialmente e ambientalmente.
O primeiro passo na promoção da diversidade é tornar esse um objetivo estratégico da organização. Não é algo que se faz em paralelo – se der tempo, se sobrar algum recurso. Mas sim, algo que deve fazer parte das prioridades da organização. Os dados também são grandes aliados e podem apontar, por exemplo, vieses nos processos de recrutamento, seleção e retenção de talentos. Ao dedicar energia na construção desse diagnóstico, é possível estabelecer metas realistas para atração e retenção de profissionais diversos, adaptar e também alterar políticas e processos internos.
No entanto, dissolver essas disparidades requer também ações para a mudança de um pensamento enraizado na estrutura da nossa sociedade. Assim, é fundamental o esforço individual de letramento, de reconhecimento dos vieses, preconceitos e como cada um pode se tornar um agente de transformação. Dentro de cada organização e de cada empresa, esse letramento pode ser potencializado por meio de grupos de afinidade, palestras, debates, clubes de leitura, etc.
É esse o caminho que a Endeavor tem se disposto a percorrer. A organização tem um papel histórico no desenvolvimento do ecossistema inovador brasileiro, acelerando empresas de alto crescimento. Desde meados de 2020, demos início a um processo que visa ampliar a participação de grupos minorizados no nosso time, na comunidade de scale-ups que aceleramos e apoiamos e no grupo de mentoras e mentores de nossa rede. A expectativa é de alcançar 40% de representatividade de gênero e 40% de representatividade de pessoas negras em toda nossa rede até 2025 e, além disso, inspirar outras empresas a olharem atentamente para suas práticas e torná-las mais inclusivas.
No primeiro semestre deste ano, a presença de scale-ups comandadas por mulheres e aceleradas pela Endeavor cresceu 10% com relação ao ano anterior, alcançando 28%. Essa taxa é bem superior quando comparamos com a média de mulheres founders de scale-ups aqui no país – 10,8%, segundo o estudo Female Founders, que contou com a participação da Endeavor.
Sabemos que estamos longe do ponto ideal na promoção de representatividade de grupos minorizados, mas temos que nos desafiar todos os dias a fazer diferente e melhor. Temos o compromisso de ajudar a tornar o ecossistema de empreendedorismo e inovação mais justo e equitativo, enfrentando um problema estrutural que, desde o início, privilegia a mesma parcela da população. É essencial que cada organização ouça o que dizem os talentos e os/as consumidores/as, porque, para essas pessoas, não há mais retorno no caminho para diversidade e inclusão.