A pandemia impulsionou práticas que já vinham sendo planejadas e nunca colocadas em ação, como a adesão ao home office ou trabalho híbrido, além de novos hábitos, como os de locomoção. Com isso, poderes públicos de diversas cidades ao redor do mundo passaram a dar maior atenção ao planejamento urbano, especialmente à mobilidade. Durante 2020, vimos notícias informando sobre as reduções de poluição devido ao isolamento social e maior uso de bicicletas, que contribui para o distanciamento e, contudo, é sustentável, econômica e eficaz.
Por essas razões, vem ganhando espaço um novo conceito, “as cidades de 15 minutos”, que consiste em todos os residentes poderem ter a maioria de suas necessidades atendidas a uma curta caminhada de 15 minutos ou de bicicleta, partindo de casa. E aqui vou ressaltar a mobilidade ativa apenas pois, para construir cidades inteligentes e sustentáveis – e de 15 minutos –, é preciso olhar também para o replanejamento urbano. Carros elétricos, por exemplo, ocupam o mesmo espaço que os veículos movidos à combustão. Os congestionamentos, falta de infraestrutura cicloviária e pouco espaço para convivência vão continuar.
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Com cerca de 7,3 milhões de habitantes, Bogotá já vem avançando nesse sentido desde 1998, quando implantou o TransMilenio. Inspirado na Rede Integrada de Transporte de Curitiba, o sistema BRT já é considerado um dos melhores do mundo, e parte de sua tarifa é subsidiada pelo governo para pessoas de baixa renda. O sistema de transporte da cidade inclui veículos menores que fazem trajetos para bairros onde o BRT não chega. É o caso do TransMiCable, um bondinho para aproximadamente oito pessoas. O modal integra bairros montanhosos e contribui para o ganho de tempo dos usuários. É possível cruzar a capital em menos de uma hora, enquanto o carro triplica o tempo.
A capital colombiana é, sem dúvidas, referência em mobilidade ativa. Sua primeira ciclovia tem quase 50 anos. E com a pandemia, a prefeitura tem aproveitado a oportunidade para incentivar o uso do pedal. Bogotá tem se destacado pela integração modal, com implantação de paraciclos em terminais de ônibus e metrôs e dezenas de quilômetros de ciclovias temporárias para promover a bicicleta durante a pandemia. Atualmente, a cidade conta com mais de 550 km de estrutura cicloviária, cerca de 25% a mais que no Rio de Janeiro, por exemplo, que é uma cidade bastante adepta ao uso da bicicleta.
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Vale destacar que, nos próximos meses, a Tembici irá implementar seu sistema em Bogotá, que será a primeira cidade em que o projeto já nasce com 3.300 bicicletas, sendo 50% de bikes convencionais e 50% de bikes elétricas. Assim, a capital colombiana dá mais um passo nos avanços como cidade inteligente, já que a mobilidade elétrica vem sendo discutida globalmente como futuro inovativo do deslocamento urbano e da redução de CO2 no planeta.
Além disso, um dos nossos pilares de inovação para essa chegada está relacionado à entrega completa de última milha, que contempla não só o foco nos deslocamentos diários, como no delivery. Essa, inclusive, é uma tendência global que vem se destacando cada vez mais e por aqui não é diferente, uma vez que só no ano passado percebemos que a busca das nossas bikes para essa finalidade cresceu 10 vezes mais em relação a março de 2020, início da pandemia.
As grandes cidades estão se desenvolvendo com crescentes demandas por formas mais democráticas e eficientes de locomoção dos habitantes e que não impactem negativamente o meio ambiente. Estamos otimistas não só com a chegada em Bogotá, que é uma grande aposta, mas também com a corrente global que tem se fortalecido, especialmente no Brasil, no quesito mobilidade sustentável.