Uma ONG com sede na Califórnia chamada Rainforest Connection está usando a tecnologia de inteligência artificial em nuvem da Huawei para proteger e monitorar florestas e espécies em risco na América Latina. A iniciativa faz parte do programa TECH4ALL, da Huawei, voltado para inclusão digital e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
A Rainforest Connection atualmente monitora florestas em 14 países, como Costa Rica, Equador, Peru, Bolívia, Brasil, Belize e Suriname. Com eventos como a extração ilegal de madeira e a caça, espécies, como os macacos-aranha que vivem na Costa Rica, estão em perigo na região. Para protegê-los, o CEO e fundador da Rainforest Connection, Topher White, desenvolveu um sistema de monitoramento de áudio movido a energia solar chamado Guardian, que usa telefones reciclados da Huawei para “ouvir” os animais.

Os telefones antigos da Huawei podem funcionar 24 horas por dia durante dois anos. White implantou esses telefones nas árvores da floresta tropical e os sincronizou com a tecnologia nuvem, para que informações sejam mandadas a qualquer momento.
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Os telefones cobrem mais de 2.500 quilômetros quadrados. Esses antigos smartphones são carregados por painéis solares e colocados dentro de caixas, em árvores. Os dispositivos capturam todo o áudio da floresta e o transmitem para a nuvem. Esses sons capturados são analisados por a tecnologia de inteligência artificial, que é capaz de detectar ruídos que possam representar algum ameaça, e alertar comunidades engajadas e autoridades locais em tempo real.

“Ainda não há ameaça maior do que os incêndios na Califórnia ou na América Latina. A tecnologia que construímos pode ser usada para detectar incêndios, mas não é necessariamente tão abrangente quanto imagens de satélite. Nós nos concentramos no som que está lá. Se você pode transmitir o som do floresta, você também pode transmitir muito mais porque todo o resto é menor que o som,” explicou o White ao LABS, durante mesa redonda promovida pela Huawei para apresentar as iniciativas do TECH4ALL a jornalistas.
“Colocamos muitos sensores extras”, disse ele, acrescentando que provavelmente a ONG começará a usar a detecção de fumaça. “Os painéis solares têm a capacidade de captar os detalhes no ar. Este é um recurso que adicionamos”.
Segundo ele, um dos grandes problemas que a América Latina tem que trabalhar é a diferença entre o que é legal e o que não é, quando se fala em floresta tropical. “É uma questão de colaboração e de as pessoas poderem ter acesso aos dados mais rapidamente. É uma questão de inclusão também”, disse.
Em toda a América Latina, White e sua equipe já instalaram cerca de 150 painéis, mas ainda vão instalar outros 150 até o final do ano. Eles também estão iniciando um novo projeto no Chile, Peru e Equador. “O objetivo é acelerar rapidamente. Também é verdade que a pressão ambiental aumentou muito, especialmente na América Latina desde o início da pandemia. Em muitos casos, as pessoas estão sob ataque ou não podem fazer o patrulhamento nas áreas. Ter alguém para monitorar remotamente pode ajudá-las”, disse.
É também no Chile que a Huawei vai implantar um novo data center (o segundo da empresa lá, depois de um ano) promovendo o país como um hub digital na região. O data center pode estar em operação no final de 2020.
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Ajudando a monitorar a floresta
James Hardcastle, diretor da Certificação da Lista Verde da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), disse na mesa redonda que há muitos programas em andamento na região amazônica.
Um desses programas é o Amarakaeri, um pioneiro da Lista Verde da IUCN, que é um território de manejo indígena na floresta amazônica. “Eles são mundialmente reconhecidos por sua conservação do território”, disse ele, acrescentando que com a pandemia e o isolamento social, os indígenas se isolaram como comunidade, fechando o acesso e as fronteiras da área. “Isso trouxe muitos problemas para eles, mas são pessoas resilientes. Foi por meio da tecnolgia digital que eles puderam contar para nós e para o governo alguns dos problemas sérios que estavam enfrentando.”
Hardcastle relata que essas pessoas têm celulares e estão provando que a conectividade digital é vital para esse tipo de trabalho, para pedir suporte – no caso deles, o problema mais recente estava relacionado à extração ilegal de ouro. “Mesmo que eles tenham fechado as fronteiras, o preço do ouro disparou durante a pandemia e as pessoas estavam invadindo o território para encontrar ouro ilegalmente, trazendo riscos não apenas para o meio ambiente, mas trazendo a pandemia para a comunidade vulnerável”, disse ele.
Com base em informações de sensores remotos e também nas mensagens dos indígenas, vídeos e fotos, eles foram capazes de alertar as autoridades e algumas ações foram postas em prática, disse o diretor da IUCN. “Esta pandemia está causando estragos, colocando autoridades e comunidades engajdas sob muita pressão, mas uma das soluções para isso é a conectividade digital no uso da tecnologia para ajudar não só a identificar problemas, mas ter evidências para justificar uma resposta e justificar o apoio necessário. “