No desenho animado Os Jetsons, lançado em 1962, os personagens viviam em um futuro distante para a época, usando discos voadores como carros, tendo a robô Rose para fazer o serviço doméstico da família e uma casa inteiramente dominada pela tecnologia. Os dois primeiros tópicos continuam sendo apenas fantasia, mas ter uma casa conectada já pode ser realidade.
Já populares há alguns anos nos Estados Unidos, em 2019 chegaram ao Brasil os dois principais modelos de assistentes de voz do mercado: a Alexa da Amazon e o Google Nest Mini, e pela primeira vez estes equipamentos foram trazem o português como idioma principal. Parece simples, mas não é exagero dizer que a adaptação do idioma foi a grande responsável pela abertura do mercado para estes novos equipamentos.
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Mesmo que já não causasse estranheza aos brasileiros o costume norte-americano de ter uma casa inteiramente conectada, em um país como o Brasil, em que apenas a minoria da população possui conhecimentos avançados de inglês, a possibilidade de ter este tipo de equipamento em casa ainda parecia um pensamento futurista, seja pela ideia de que tudo isso demoraria muito para ser vendido no país ou mesmo que seriam produtos destinados apenas a classe A.
A realidade, entretanto, trouxe notícias muito mais animadoras do que os brasileiros esperavam. Assim que a Alexa e o Nest Mini lançaram a versão em português de seus produtos, o mercado entendeu o potencial deste segmento no país e uma sequência de acessórios compatíveis com eles também começaram a ser apresentados ou desenvolvidos, desde lâmpadas até robôs de limpeza compatíveis com assistentes de voz.
Além disso, diversos produtos já comercializados anteriormente estão sendo preparados pelas fabricantes para receberem atualizações e passarem a ser compatíveis tanto com a assistente da Amazon quanto com a do Google.
E enquanto os equipamentos destas gigantes podem ser adquiridos por valores a partir de R$ 350, os acessórios para transformar a casa toda em um ambiente conectado podem ser encontrados com valores a partir de R$ 100, aproximando este tipo de tecnologia da classe média.
A cultura é o maior desafio

Enquanto nos Estados Unidos, mesmo antes do hábito das casas conectadas, o uso das assistentes de voz nos smartphones já era um hábito comum. No entanto, no Brasil a falta de entendimento do idioma por estas plataformas sempre afastou o consumidor do uso de comandos de voz. Enquanto em inglês os comandos eram entendidos perfeitamente, em português, mesmo quando a assistente é disponibilizada no idioma, não faltavam falhas e erros de interpretação.
Isso fez com que os brasileiros não encarassem as melhorias da Siri como um grande diferencial no lançamento dos novos modelos de iPhone, por exemplo, e muito menos fizessem com que este tipo de evolução estimulasse a compra. Quando o assunto eram smartphones, atributos como a qualidade da câmera, memória e velocidade de processamento sempre foram mais apelativos para este público.
Agora, o grande desafio das marcas é virar o jogo, provando aos brasileiros que os novos equipamentos serão realmente mais eficientes e capazes de entender os comandos dados logo na primeira tentativa. Assim, a quebra da barreira cultural imposta pelas falhas dos assistentes anteriores pode levar ao entendimento do real valor agregado destes produtos.
Por isso, se 2019 foi o ano de lançamento da categoria para o mercado brasileiro que, além de receber mais opções relacionadas ao segmento também começou a qualificar a prestação de serviço relacionada a eles, como a assistência aos consumidores, exemplo, em 2020 espera-se que o mercado viva uma fase de maturidade, com Google e Amazon no centro da batalha pelo protagonismo no Brasil.
A segurança é o atributo mais atrativo para os brasileiros

Ainda que já existam sistemas inteligentes de segurança disponibilizados no Brasil, as marcas apostam que a facilidade de não apenas ver o que está acontecendo na sua casa à distância como também poder enviar comandos do celular para eletrodomésticos ou produtos conectados, será o grande argumento para conquistar os consumidores.
Em entrevista ao jornal Estadão, Alessandro Germano, diretor de desenvolvimento de negócios do Google para América Latina, ressalta que “poder ver, à distância, o que acontece na porta de casa com uma câmera conectada é algo que pode trazer muito valor para o usuário”.
Em primeiro lugar, segurança é sempre uma das maiores preocupações dos brasileiros e, portanto, um dos atributos mais considerados na compra de qualquer equipamento. Além disso, existe também o valor agregado de controlar todos os principais dispositivos da casa por meio de um único equipamento e sem a necessidade de diversos sistemas independentes, seja simplesmente para chegar em casa com o ambiente já climatizado pelo ar condicionado que à distância você solicitou para ser ligado, ou até mesmo para agir rapidamente em casos de assaltos.
A evolução mundial deste segmento
Mesmo que o mercado de assistentes de voz já esteja muito mais consolidado em outros países, o futuro continua reservando um mundo de novas possibilidades. Quem poderia imaginar, por exemplo, que a Apple, Amazon e Google se reuniriam como parceiros para o lançamento de um novo projeto e foi exatamente em prol da evolução do mercado de casas conectadas que isto aconteceu, considerando que as três marcas são as principais gigantes na batalha pela liderança em assistentes de voz.
Com o objetivo de facilitar a comunicação entre aparelhos de todas as marcas e não obrigar o consumidor a renovar todos os equipamentos da casa, optando por apenas uma delas, para poder usufruir dos melhores recursos conectados a assistentes de voz, as três marcas estão trabalhando para desenvolver uma forma de facilitar a criação de produtos inteligentes que possam ser conectados as três marcas.
Seja no Brasil ou em outros países, a realidade das casas conectadas não poderá mais ser ignorada, resta saber em que velocidade o mercado brasileiro responderá a este fato. Façam suas apostas!