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Tecnologia

Amazon Prime Video terá de brigar para manter vice-liderança, dizem analistas

Expansão do Prime Video está também ligada aos serviços oferecidos pela gigante do ecommerce. Previsões a colocam disputando com Disney e HBO por assinaturas na América Latina em 2025

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Três anos e meio após sua chegada à América Latina, a Amazon Prime Video conquistou 7 milhões de assinantes na região, onde a plataforma se consolidou como a segunda maior força em streaming de vídeo. Em números totais, o Prime Video ainda tem cerca de um quinto da base de clientes latino-americanos da Netflix. Por um lado, ele tem amplo espaço para crescer; por outro, poderá sofrer mais do que o principal rival após o lançamento de grandes novos serviços.

A estratégia da Amazon para o streaming tem sido muito diferente desde o início. Inicialmente chamado nos Estados Unidos de Amazon Unbox, Amazon Video on Demand e Amazon Instant Video, o serviço teve sua expansão fortemente vinculada ao programa Amazon Prime, que permite aos usuários do e-commerce acesso a benefícios, como entrega rápida, sem custo adicional.

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Previsões feitas pela Digital TV Research, consultoria especializada no setor, mostram um cenário de 2025 em que o Prime Video, com 11 milhões de assinantes, poderá estar brigando com a HBO Max pelo terceiro lugar na América Latina, depois de ter sido ultrapassado pela Disney+

“Acreditamos que o Prime Video não repetirá o desempenho mostrado nos Estados Unidos. Ele está presente em 200 países em todo o mundo, mas com uma abordagem com pouca diferenciação entre mercados. A Amazon Prime [a assinatura premium da plataforma de ecommerce] está disponível em 19 países; na América Latina, está presente no Brasil e no México. Fora desses países, achamos que o Video terá menos apelo”, diz Simon Murray, analista principal da TV Digital. 

Mas, é claro, as guerras de streaming oferecem uma imagem dinâmica e difícil de projetar no futuro, e parte dessa imprevisibilidade tem a ver com o comportamento das Big Tech em campo. Amazon e semelhantes podem não ser guardiões de conteúdo instantaneamente reconhecível, pelo menos não igual ao da Disney e da Warner, mas eles têm outro ativo igualmente relevante: pilhas de dinheiro para gastar. 

Lottie Towler, analista sênior da Ampere Analysis, empresa britânica que reúne dados sobre mídia e comunicação em todo o mundo, diz que a Disney será um sério concorrente, dado o seu sucesso nos mercados onde já estreou, mas os anos de operação da Amazon oferecem uma vantagem indiscutível. “Na América Latina, a luta pelo segundo lugar está praticamente aberta. Na verdade, em vários outros mercados, a Amazon não está muito atrás da Netflix, portanto tem uma posição muito forte”, avalia ela.

A empresa de Jeff Bezos tem gastado bem seu dinheiro em conteúdo audiovisual, contratando executivos experientes de mídia e entretenimento e mentes criativas para orientá-los e investindo em conteúdo de alta qualidade que já faz incursões em grandes cerimônias de premiação como o Oscar e o Globo de Ouro.

Amazon Biometric Payments
Jeff Bezos tem investido muito em conteúdo e as pilhas de dinheiro da Amazon podem fazer a diferença. Foto: Shutterstock

A Apple precisa de mais conteúdo original para crescer

A Apple, a outra Big Tech tentando a sorte em streaming de vídeo, tem seus próprios caminhos para distribuir mídia por meio do hardware. A menos que invista mais em shows exclusivos ou intensifique acordos com provedores de conteúdo, porém, pode em breve chegar a um teto para a Apple TV+ na América Latina, onde os aparelhos da marca são relativamente caros e não tão populares como nos EUA.

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“A Apple TV+ oferece assinatura gratuita de um ano para os compradores dos seus principais produtos. Acreditaos que muitas dessas pessoas não permanecerão na plataforma se tiverem que pagar pelo serviço. Não há muitos originais nela, e muito pouco conteúdo exclusivo. Ela terá um impacto limitado e 2,7 milhões de assinantes até 2025 na região”, conclui Murray. Se confirmado, isso significa que o serviço pode perder 15% de sua atual base de assinaturas na América Latina.