Oito dos top dez eventos musicais ao vivo mais assistidos no YouTube no mundo em 2020 ocorreram no Brasil. A livemania, impulsionada pela pandemia de COVID-19 na América Latina como um todo, levou a empresa a pensar em uma série de novas funcionalidades e possibilidades de monetização da plataforma – especialmente aquelas ligadas à música. Em entrevista ao LABS, a diretora de parcerias musicais do YouTube para América Latina, Sandra Jimenez, disse que essas possibilidades são “um complemento natural” à plataforma, já que o YouTube “é palco para todo tipo de conteúdo”.
Eventos ao vivo pagos, novas modalidades de compras online e o YouTube Shorts, a funcionalidade de vídeos curtos da plataforma que chegará à América Latina em breve para brigar com o TikTok, são algumas das apostas da empresa na região para 2021.
Embora não revele números regionalizados, Jimenez diz que a média de horas assistidas na plataforma na região disparou no ano passado e que os latino-americanos respondem por uma fatia importante das assinaturas do YouTube Music, o serviço de streaming de música da plataforma. “Individualmente é uma das verticais de maior audiência, porque nós temos uma gama de conteúdo que é imbatível: temos todos os conteúdos oficiais, todos os covers, todas as apresentações ao vivo, todos os remixes e todas as manifestações dos fãs,” explica Jimenez.
Em fevereiro, na última divulgação dos resultados referentes a 2020, Philipp Schindler, CBO da Alphabet, a dona do Google e do YouTube, disse que a plataforma começou a explorar mais fortemente outras possibilidades de crescimento e receita, que vão além dos anúncios, há apenas três anos. Dentre esses possibilidades estão os serviços de assinatura. Globalmente, há mais de 30 milhões de assinantes do YouTube Premium e YouTube Music.

Em 2020, mais de meio milhão de canais do YouTube realizaram transmissões ao vivo pela primeira vez em todo o mundo – sozinhos, estes iniciantes foram responsáveis por mais de 10 milhões de streams. “Ano passado, o número de canais gerando parte da receita pelo Super Chat (funcionalidade que permite que usuário destaque seu comentário pagando por isso), Super Sticker (similar ao Super Chat, o destaque acontece por meio de figurinhas pagas) ou Clube de Canais (quando os espectadores pagam mensalmente canais em troca de benefício se conteúdos exclusivos) no YouTube triplicou,” diz Jimenez. Segundo ela, a empresa já está estudando como implantar o mesmo esquema do clube de canais no YouTube Music.
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Quando questionada sobre o que estaria fazendo o latino-americano assinar pelo serviço, Jimenez diz acreditar que seja, de fato, a experiência sem anúncios e a possibilidade de levar essa experiência para qualquer lugar, sincronizando ou não áudio e vídeo. Entre as estratégias para a venda de assinaturas estão parcerias com operadoras de telefonia, como a Vivo e a TIM no Brasil, e também com fabricantes de smarpthones, como Samsung, que têm oferecido períodos mais longos de teste gratuito dos serviços do YouTube como diferencial.
Na virada de 2020 para 2021 houve um primeiro teste com eventos musicais pagos no YouTube. A girlband sul-coreana Blackpink fez uma live com músicas inéditas apenas para fãs inscritos no seu canal no YouTube. Quem ainda não estava escrito precisava virar assinante mensal do grupo na plataforma para poder ver o show. “Aqui vai ser um modelo totalmente diferente; a gente já está testando uma espécie de pay-per-view,” adiantou Jimenez.
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Na era do streaming, o YouTube também está apostando em produções originais para ganhar assinantes, mais precisamente investindo em criadores que já fazem sucesso dentro da plataforma. Em 2021, a empresa anunciou quatro novos projetos para o YouTube Originals:
- Futuro Ex-Porta: um reality show em que a equipe do coletivo criativo Porta dos Fundos escolherá um novo talento para entrar no time do Porta. A estreia está prevista para o quarto trimestre de 2021;
- Próxima Parada, segunda temporada: bastidores da turnê do Youtuber e humorista Whindersson Nunes. Prevista para estrear no segundo trimestre de 2021;
- Galinha Pintadinha Mini, terceira temporada: animação infantil prevista para estrear no terceiro trimestre deste ano;
- The Beat Diaspora (: série documental com produção executiva de Konrad Dantas (Kondzilla), Coy Freitas (curador musical e produtor cultural) e Mayra Faour Auad (MyMamma).
E não é só para Netflix e afins que o YouTube está olhando. Neste mês de março, depois de Índia, a versão de vídeos curtos da plataforma, chamada de YouTube Shorts, estreia nos Estados Unidos e, na sequência, também virá para a América Latina. É a grande aposta da empresa para concorrer com o TikTok. Funciona exatamente como o TikTok ou o Reels do Instagram, com os usuários podendo deslizar verticalmente entre os vídeos, curti-los e compartilhá-los. Se os latino-americanos já produzem conteúdo altamente viciante nos parâmetros usuais, a nova modalidade deve crescer rapidamente na região também.
YouTube Gaming teve seu melhor ano em 2020
2020 foi “o ano” para as plataformas de transmissão ao vivo. As restrições e o isolamento imposto pela pandemia de COVID-19 no mundo inteiro tornaram as transmissões ao vivo ainda mais atraentes para milhões e milhões de pessoas. De acordo com relatório feito pela Streamlabs e pela Stream Hatchet, o YouTube Gaming foi a segunda plataforma em horas assistidas no ano passado (23,3% do total), atrás do Twitch (65,8%), da Amazon, mas à frente do Facebook Gaming.
Juntas as três plataformas registraram quase o dobro de horas assistidas no quarto trimestre de 2020 em comparação ao quatro trimestre de 2019: foram nada menos que 8,3 bilhões de horas assistidas contra 4,2 bilhões de horas no ano anterior.
O YouTube Gaming teve seu maior ano em 2020, com mais de 100 bilhões de horas vistas em conteúdo gaming e mais de 40 milhões de canais ativos globalmente, segundo o próprio YouTube. Mais de 350 criadores de games atingiram 10 milhões de assinantes. As transmissões ao vivo de games também se destacaram: as horas assistidas de live streams chegaram a mais de 10 bilhões.