A América Latina tem cinco fintechs entre as mais inovadoras do mundo. A quinta edição do relatório Fintech100 produzido pela consultoria KPMG em conjunto com a empresa de investimentos de capital de risco australiana H2 Ventures traz os neobancos brasileiros Nubank (16ª posição) e Banco Inter (28ª), e a startup com foco em crédito com garantia Creditas (41ª) entre as 50 fintechs mais inovadoras e consolidadas no mundo.
Na segunda sublista, das 50 fintechs emergentes e que estão na vanguarda da tecnologia financeira, estão a também brasileira Rebel, focada em crédito pessoal sem garantias, e a argentina Ualá – nesta segunda seleção não há ranking, apenas uma lista das fintechs destacadas por ordem alfabética.
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O veterano e os estreantes
Na lista das top 50, o Nubank já é veterano, mas perdeu posições em relação aos anos anteriores. Ficou em 12º em 2017, 7º em 2018 e agora em 16º. É possível que a explicação para isso esteja na espantosa ascensão das fintechs asiáticas.
De maneira geral, a China domina o relatório, com a Ant Financial, braço financeiro do gigante Alibaba, liderando o ranking, além de outras nove fintechs listadas. Em seguida vêm os Estados Unidos, com 18 fintechs.
As outras duas fintechs brasileiras no top 50, Banco Inter e Creditas, estrearam no relatório nesta edição, e já em posições relevantes. Ambas fazem parte da lista de statups investidas pelo Softbank na América Latina em 2019.
Enquanto o Banco Inter comemorou a marca de 4 milhões de usuários no último mês de dezembro e a mudança para uma sede nova, capaz de abrigar os seus mais 1,5 mil funcionários, a Creditas lançou novas modalidades de crédito, anunciou sua chegada ao México e também a criação de um centro de tecnologia na Espanha.
A ascensão consistente do Banco Inter
Um dos critérios observados pela KPMG e pela H2 Ventures para a seleção é o aumento de capital das fintechs avaliadas, ao longo do tempo. No caso do Banco Inter, esse quesito é resultado de um conjunto de fatores que têm atraído fortemente os investidores locais e estrangeiros.
Diferentemente de outras fintechs que apostam nos serviços bancários, o Banco Inter opera no azul. No terceiro trimestre do ano passado, a empresa atingiu um lucro líquido de R$ 11,8 milhões com receitas totais de R$ 297 milhões no período, um crescimento de quase 40% em relação ao terceiro trimestre de 2018. No ano, a empresa registrou lucro líquido de R$ 56,8 milhões até setembro, um crescimento de 19,6% frente ao mesmo período do ano anterior.
Além disso, o Inter é, de fato, um banco. Tem uma carteira de crédito em crescimento, com foco não só em pessoas físicas mas também em micro e pequenos empreendedores, um braço de investimentos, o PAI, e um leque de possibilidades ainda a explorar, e com experiência no ambiente regulatório brasileiro para tanto.
Não à toa, em agosto do ano passado, segundo levantamento da consultoria Economatica para o jornal Valor Econômico, era o banco com maior valorização em bolsa no mundo (447,54%), com valor de mercado estimado em R$ 16 bilhões. A alta valorização também se deu por influência de um grande e novo investidor, que entrou na empresa apenas um mês antes.
Ainda no fim de julho, a fintech levantou R$ 1,25 bilhão em um oferta de ações na Bolsa de Valores que foi arrematada, em sua maior parte, pelo Softbank, por meio da gestora LA BI Holdco LLC, sediada em Miami. O fundo japonês ficou com 8,1% do Banco Inter após ter desembolsado R$ 760 milhões por 19 milhões de units (grupos de ações).
Quando estreou na B3 em abril 2018, a fintech tinha 435 mil clientes e estava avaliada em R$ 1,9 bilhão. Hoje, tem valor de mercado estimado em cerca de R$ 11 bilhões e espera, com base no ritmo atual, chegar a 8 milhões de clientes até o fim de 2020. O Softbank, após adquirir mais ações de famílias controladoras, agora possui quase 15% da fintech.
Em entrevista ao LABS, a diretora de Relação com Investidores do Banco Inter, Helena Lopes Caldeira, explicou que esse conjunto de fatores, aliado a uma estrutura de tomada de decisão rápida, que facilita o estabelecimento de parcerias, é que compõem o grande diferencial da empresa em relação as demais fintechs brasileiras: “A capacidade do Inter não só de atrair (novos) clientes, mas de monetizar essa base de clientes”.

O lançamento do super app do Banco Inter no último mês de novembro é prova direta disso; estreou com mais de 60 parceiros em uma espécie de marketplace de produtos e serviços financeiros e não financeiros.
Helena confirma que há um plano de expansão internacional, começando por países da América Latina, a exemplo do que vem fazendo o Nubank e a Creditas, mas que ele não será executado a curto prazo.