CEO da Level Up na América Latina, Julio Vieitez
CEO da Level Up na América Latina, Julio Vieitez. Foto: Level Up/Divulgação
Tecnologia

O futuro dos games é portátil, especialmente na América Latina

Aqueles que conseguem acompanhar as mudanças e antecipar tendências sem perder o DNA são os verdadeiros vencedores

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O mantra de que a tecnologia faz o mercado evoluir em progressão geométrica é sentida pela indústria de games como quase nenhuma outra área. Calcado em processamento e evolução de softwares, esse segmento se vê completamente transformado ao menos duas vezes por década. E se considerarmos que o início dessa indústria vem da década de 1970 e que ela obteve estabilização na década seguinte, dá para acreditar que ela ainda é uma criança se comparada a indústrias como a automotiva, por exemplo.

Apesar de nova, essa indústria dos games já acumula números e seguidores tão relevantes quanto os de outros setores e passou por transformações dignas de revolução industrial, se estivéssemos considerando um intervalo de tempo maior ou baseado no contexto do início do século. Ao passo que os empresários buscam entender como agir com este novo tipo de negócio, os investimentos variam e o mercado se autorregula baseado no comportamento do usuário, que é tão ou mais imprevisível que a própria indústria. 

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Os que conseguem seguir as mudanças e antecipar tendências sem perder o próprio DNA são os reais vencedores. Adaptabilidade aqui é mais importante do que qualquer coisa e a Level Up é um exemplo de como essa capacidade é decisiva no mercado.

Criada há quase 20 anos e com presença na América Latina desde 2004, a companhia navegou em diversas áreas do mundo dos games e hoje se posiciona como uma agência especializada no público ávido por este tipo de conteúdo.

“O mercado se transformou ao longo dos anos e percebemos que entregamos mais valor como um serviço direto ao consumidor, via redes sociais ou mesmo orientando as publishers na maneira de lidar com o cliente final”, diz Julio Vieitez, CEO da companhia na América Latina.

A Level Up viveu o auge dos RPGs em PCs e formou a base de conhecimento de muitos jogadores e jogadoras latinos com a publicação de games como Ragnarok e MU nos anos 2000. Ao passo que publicava estes games e criava uma base de usuário perfeita para o mercado que aumentaria na década seguinte, a empresa amadurecia inconscientemente a ideia de ser um serviço para grandes publishers.

“Estamos no mercado desde a época do Orkut e acompanhamos o aumento do impacto na comunicação na hora de divulgar um game. Naquela época existia muita importância para a marca a presença em anúncios, e grandes portais. Hoje vemos que os reais porta-vozes da indústria são os influenciadores e existem redes cada vez mais novas que ganham espaço, como o TikTok“, diz Vieitez.

As mudanças continuam a acontecer com frequência e há um mercado que cresce muito todo ano. Hoje muito mais gente joga e automaticamente é necessário um trabalho ainda mais eficiente na hora de comunicar e promover o produto

Julio Vieitez, CEO da level up na América Latina.

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A vivência nos dois lados da moeda dão à Level Up uma vantagem de mercado óbvia, mas principalmente uma visão diferenciada da indústria de games na América Latina – uma que todo empreendedor do setor deveria buscar, aquela que comporta a satisfação da companhia, mas que deixa como prioridade a satisfação da audiência final.

Ter essa percepção não é ladainha de quem nega a importância de lucro ou domínio de mercado, mas sim de quem vive em contato com um público que demanda constantemente a presença da marca em ações, na hora de dar satisfação e principalmente para responder a problemas eventuais. No fundo, a marca precisa ser tão presente com a sua comunidade quanto o jogador mais assíduo do game em questão – e por isso perdê-los de vista é colocar o negócio em risco, mais do que nunca. 

Hoje, o Brasil e alguns países da América Latina passam por uma das maiores transformações que a indústria dos games já viu: a popularização dos eSports e das plataformas mobile. Antigamente, os eSports eram tidos como nicho dentro do segmento, hoje são uma parcela tão ou mais importantes que os games em si.

Os dispositivos mobile deixaram de ser periféricos caros e se apossaram de todo e qualquer smartphone. Hoje, todo celular é um videogame e isso democratiza o mercado de uma maneira inédita, especialmente no Brasil.

“Esse domínio do mobile no Brasil já aconteceu em outros países e ganha força por aqui agora pois os celulares mais potentes estão barateando e os jogos ao mesmo tempo se adaptam a realidade do processamento desses aparelhos. O sucesso de jogos como Free Fire não chega por acaso, já que é um game que roda em muitos aparelhos e se populariza com facilidade em um país com base crescente de usuários mobile como é o Brasil”, opina Vieitez.

“Temos um game chamado Avakin, uma espécie de Second Life, que só no México possui cerca de 350 mil usuários diariamente, e agora está ganhando força no Brasil. Ele tem gráficos e um funcionamento semelhante ao Free Fire, que adapta o entretenimento às limitações que o device do público tem”, completa o executivo. 

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Tendo em vista que o Brasil é tido como um dos países que mais acessa a internet via celular e passa, em média, nove horas conectado segundo pesquisa do Hootsuite, não há como prever uma diminuição neste cenário. O motivo principal é o acesso escasso em classes sociais menos abastadas, pois segundo o IBGE, nem 50% dos habitantes do país na classe D e E possuem ainda acesso mobile ou residencial.

Com o esperado avanço da economia e a natural penetração de acessórios e consumo nos próximos anos, uma nova parcela da população entra no público gamer visado por empresas que criam jogos como Free Fire, mas também por outras que se conectam com a audiência por outros canais, como a Level Up.

Ainda que esteja em mudança constante e de um tamanho considerável, ainda há muito espaço para se investir na indústria de games na América Latina.