Time da Gonddo: Rodrigo Cruz, Bruno Passos, Julia Morais, Bruno Gomes, Viviane Tavares e Guilherme Cruz. Foto: Gonddo/Divulgação
Tecnologia

Brasileira Gonddo quer levar pequenos varejistas para a era do estoque digital

A startup estreou no mercado no ano passado, quando, devido à pandemia, a presença on-line se tornou crucial para os pequenos negócios

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Quando Rodrigo Cruz começa a explicar o que é a Gonddo, startup brasileira de varejo, inevitavelmente lembra dos pais. Representantes comerciais em Porto Velho, em Rondônia, os dois cumpriam longas jornadas de trabalho e viagens, e lidavam com problemas com prazos, pagamentos e capital de giro. Rodrigo conta que não entendia porque tudo era difícil.

“Eu não entendia porque havia tanto progresso no comércio B2C enquanto o comércio B2B estava estagnado. O modelo brasileiro é muito penoso para o pequeno varejista, porque ele tem acesso limitado a marcas, depende de representantes comerciais, precisa viajar para Feiras, perde uma fatia significativa da sua margem de lucro para a logística de distribuição. Não fazia sentido”, conta Rodrigo.

Foi dessa falta de sentido que nasceu a Gonddo, fundada em janeiro passado por Rodrigo, Guilherme Cruz e Bruno Passos.

Focada no comércio B2B, a Gonddo quer otimizar a compra de estoque, digitalizar e estimular a competitividade entre varejistas e marcas de pequeno e médio porte, com receita variável entre BRL 150 mil a BRL 5 milhões por ano.

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A Gonddo oferece uma plataforma de tecnologia proprietária que funciona como um marketplace para o varejo: oferece um catálogo de marcas e produtos em sua plataforma e intermedia a compra do estoque.  Lá, o varejista consegue escolher produtos de várias marcas, selecionar a quantidade e a forma de pagamento. Esse é o pulo do gato da Gonddo.

“Um varejista eficiente é um varejista bom em compras. Ele precisa ter acesso a marcas variadas e a boas condições de pagamento. Mas as marcas também precisam de segurança nas vendas e de uma plataforma para oferecer seus produtos. Percebemos que a maioria das marcas têm site B2C, mas não tem um site B2B. A Gonddo oferece esse espaço digital ideal para o comércio B2B”, diz Rodrigo. 

Pela plataforma, o varejista faz o pagamento pelas suas compras direto para a Gonddo e pode pagar em até 60 dias, o que permite que ele consiga vender o produto estocado antes de pagar; já os atacadistas recebem pela Gonddo em até 30 dias. A operação não tem custo nenhum para os varejistas, e a Gonddo é remunerada por meio de uma comissão sobre as vendas realizadas. Os dois Bs saem ganhando. 

Crescimento acelerado pela pandemia

Nada como o timing. A Gonddo que o diga. A startup iniciou suas operações em janeiro de 2020, poucas semanas antes de a pandemia de COVID-19 colocar o mundo de pernas para o ar.

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Novata, a Gonddo encarou um cenário econômico ambíguo: se, por um lado, um produto B2B, que conectasse varejo e atacado e otimizasse o processo de compra de estoque era exatamente o que marcas e lojistas de pequeno e médio porte precisavam, por outro lado o setor foi um dos mais afetados pela crise econômica que se instaurou com a pandemia da COVID-19.

“Foi muito desafiador porque o serviço que a gente oferece nunca foi tão necessário. O varejista de pequeno e médio porte precisava comprar online, com mais facilidade e com melhores condições de pagamento. Mas muitos lojistas encerraram suas operações, ou precisaram suspender as atividades temporariamente”, conta Rodrigo.

Ainda assim, o forte crescimento do comércio on-line favoreceu as operações da Gonddo. A startup não revela o faturamento do ano, mas diz que alcançou um crescimento de aproximadamente 70% por mês.

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Em um ano, a Gonddo conseguiu construir um catálogo com mais de 2 mil produtos, 60 marcas e 250 lojas clientes de todo o Brasil, incluindo cidades pequenas e distantes, como por exemplo Jacareacanga, no Pará, o que ilustra bem o potencial do comercio digital em um país de proporções continentais como o Brasil. A meta da Gonddo, agora, é ampliar suas operações e chegar até pequenos negócios pouco ou nada digitalizados.

Primeiro aporte

No fim do ano passado, a Gonddo recebeu seu primeiro aporte, liderado pela Iporanga Investimentos, com participação da Verve Capital e de investidores-anjo, como Brian Requarth e Tiago Dalvi, fundadores da Viva Real e da Olist, respectivamente, entre outros. O valor não foi revelado, mas estima-se que tenha sido de alguns milhões de reais. 

Os recursos serão usados para expansão da equipe e ampliação do catálogo de atacadistas da startup para atrair mais varejistas. A Gonddo, que começou oferecendo apenas produtos cosméticos, lançou em janeiro o segmento de alimentos e bebidas e planeja, ainda para o primeiro trimestre, oferecer itens de vestuário e segmento pet.

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