Cooperativa de reciclagem em projeto de reciclagem do iFood. Foto: iFood/Divulgação
Tecnologia

iFood promete neutralizar emissões de carbono até 2025 e acabar com plástico no delivery

"Vamos gastar o quanto for necessário para atingir nossa meta", diz Gustavo Vitti, vice-presidente de Pessoas e Soluções Sustentáveis no iFood

Read in english
  • O iFood quer que 50% das entregas sejam feitas em motos elétricas e bicicletas até 2025;
  • A empresa investirá em inovação, pesquisa e desenvolvimento para se tornar referência em operação de delivery sem impacto ambiental.

Pedir delivery é um desafio para quem optou por uma vida com menos lixo, já que a encomenda normalmente traz plástico que envolve o guardanapo, talheres, copos e embalagens diversas. Quando os restaurantes fecharam por conta das restrições para prevenir a COVID-19, o delivery virou a salvação para manter os negócios. Mas o aumento das compras online também levou a um aumento de lixo. Em junho de 2020, a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) disse que o e-commerce fez crescer 30% a coleta de materiais recicláveis por empresas de coleta em comparação com junho de 2019. 

LEIA TAMBÉM: iFood vai treinar e aumentar a empregabilidade de 25.000 novos profissionais de tecnologia até 2025

Para contornar o problema, o iFood, empresa líder em delivery no Brasil, anunciou nesta quinta-feira (25) o programa iFood Regenera, um plano de sustentabilidade que quer acabar com a poluição plástica das suas operações de delivery e tornar neutra a emissão de carbono pelo iFood em até quatro anos.

Gustavo Vitti, vice-presidente de Pessoas e Soluções Sustentáveis no iFood, explica que a pandemia trouxe novas responsabilidades à empresa, que se viu na necessidade de inovar para rever impactos socioambientais típicos de uma operação de delivery. “A gente olhou para muitas empresas, tentamos aprender e nos espelhar em alguma que estivesse fazendo algo que fosse além da compensação de CO2. Para ser muito sincero, a gente não encontrou nada. Esse projeto nosso é pioneiro no Brasil, mas também no exterior,” disse, em entrevista ao LABS.

Nenhuma empresa de delivery no mundo tem esses compromissos como a gente está fazendo agora, que é ir muito além dessa compensação do plástico e do CO2.

Gustavo Vitti, vice-presidente de Pessoas e Soluções Sustentáveis no iFood.

A foodtech conversou com cerca de 40 especialistas em meio ambiente, formadores de opinião e empresas como a Moss.Earth para entender o que a sociedade esperava do iFood. O iFood não divulgou o montante que será investido no projeto. 

LEIA TAMBÉM: iFood e Tembici lançam projeto de bicicletas elétricas para entregadores em São Paulo

“Não vamos divulgar o valor porque o preço da compensação de crédito do carbono oscila bastante, é complicado fazer uma previsão com base nisso, além de que o volume do iFood muda a cada minuto. Para pensar qual vai ser nosso volume daqui cinco anos, a gente arriscou não fazer essa previsão. Vamos gastar o quanto for necessário para atingir nossa meta. Mais do que com o valor investido, estamos comprometidos com o impacto,” afirma.  

Gustavo Vitti, vice-presidente de Pessoas e Soluções Sustentáveis no iFood. Foto: Divulgação/iFood

Evitar o uso de plástico, reciclar o que já circula e investir em cooperativas: a estratégia do iFood

A solução que o iFood encontrou é evitar o uso do plástico e reciclar o que circula, oferecendo para toda a base de usuários a opção de receber ou não talheres plásticos e outros itens descartáveis. Também no app, a empresa criou um selo para reconhecer as boas práticas ambientais dos restaurantes cadastrados. 

“Queremos reduzir a quantidade de itens plásticos o máximo que a gente conseguir. O que a gente não conseguir reduzir, a gente se compromete em aumentar a capacidade de reciclagem do País”, disse.

Como? Concentrando esforços em desenvolver e impulsionar embalagens feitas de matérias-primas de fontes renováveis, como o papel. O iFood vai investir na inovação das cooperativas de reciclagem do Brasil para transformar toda a cadeia nacional de fornecimento de embalagens sem plástico, da produção até a comercialização e logística. Isso, segundo Vitti, trará um preço mais competitivo para essas indústrias, que já existem, mas não possuem escala de produção e demanda. 

Outra iniciativa é o investimento na melhoria das estruturas e maquinários das cooperativas e na construção de uma nova central de triagem semi-mecanizada em São Paulo, que tem potencial para aumentar as taxas de reciclagem na cidade e aumentar a renda dos cooperados. 

A empresa já faz iniciativas com empresas de reciclagem, como o projeto “Já Fui Bag”, para reciclagem das mochilas térmicas usadas por entregadores. “Desde 2019, destinamos corretamente mais de 80 toneladas destes materiais, num modelo de projeto ‘zero aterro’. Mesmo sendo materiais de difícil reciclagem, as bags ainda ganham nova utilização como sacolas de mercado. Algumas destas sacolas já estão sendo utilizadas nos pedidos de delivery substituindo sacolas plásticas de mercados em São Paulo”. 

Costureira no projeto “Já Fui Bag”. Foto: Divulgação/iFood

iFood emitiu 128 mil toneladas de CO2 em 2020 e quer ir além da compensação

Outra iniciativa do programa é mensurar, reduzir e neutralizar todas as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) da operação do iFood. Só no ano passado, a empresa emitiu 128 mil toneladas de CO2

O iFood firmou uma parceria com a Moss.Earth, empresa de tecnologia do mercado de carbono, que desenvolveu o inventário de GEE. O documento, cujo ano base é de 2020, cobre os escopos de emissão 1, 2 e 3, ou seja, os créditos de compensação de carbono do iFood cobrem todas as emissões de entregas dos pedidos realizados no ano passado. A neutralização destas emissões será feita por meio de investimento em projetos de preservação ambiental e reflorestamento.

“Além da compensação, a gente quer parar de emitir carbono. A gente quer reduzir o máximo possível de emissão com modais não-poluentes e há outros projetos que estão no nosso pipeline, como por exemplo estimular a troca de carburador para reduzir a emissão da moto à combustão”.

Em outubro de 2020 o iFood lançou o iFood Pedal, em parceria com a Tembici, um projeto que oferece planos acessíveis para o aluguel de bikes elétricas por entregadores. 

LEIA TAMBÉM: Tembici e Itaú lançam programa piloto de bikes elétricas compartilhadas no Rio de Janeiro

Segundo o iFood, hoje há mais de 2 mil entregadores cadastrados no iFood Pedal que compartilham 1.000 bikes elétricas em São Paulo e no Rio de Janeiro. “Começamos no Rio de Janeiro na semana passada e nos próximos 12 meses vamos abrir em mais três capitais”, disse.

O iFood quer que metade dos pedidos sejam entregues em modais não poluentes (bicicleta, patinete, moto elétrica, bicicleta elétrica) até 2025. A empresa firmou parceria com a montadora Voltz, especializada em motos elétricas, e iniciará o projeto piloto no início do próximo mês com 30 motos elétricas que serão testadas pelos entregadores. 

Projeto de reciclagem de mochilas térmicas dos entregadores. Foto: Divulgação/iFood

Em até um ano, o iFood quer atingir 10 mil motos elétricas sendo usadas pelos entregadores. Para isso, o iFood firmou parceria com dois bancos (que ainda não divulgou os nomes) para criar uma linha de crédito especial para entregadores comprarem motos elétricas.

Vitti explica que pela linha de crédito será mais atraente para o entregador comprar uma moto elétrica do que uma moto à combustão. “A gente vai estimular que as pessoas conheçam essas motos de forma completamente isenta. Essas motos têm um bom custo benefício, é bastante econômica”.

Como incentivar a comprar uma moto que as pessoas não conhecem? Vamos emprestar essas motos elétricas para alguns entregadores para que eles testem e conheçam.

Gustavo Vitti, vice-presidente de Pessoas e Soluções Sustentáveis no iFood

Além disso, os escritórios do iFood passaram a fazer uso racional de recursos, reutilizando água. Eles também terão fontes de energia mais limpas. A sede da empresa em Osasco, em São Paulo, terá um telhado verde para distribuição de alimentos em comunidades do entorno.  A capacidade de produção da horta pode chegar a cerca de 1 tonelada mensalmente.

“Firmamos esse compromisso super rápido, para em menos de cinco anos chegar em todas essas metas super agressivas. Esperamos que possamos servir de inspiração para muitas empresas de delivery no Brasil, como a Magalu, Mercado Livre, B2W, UberEats, Rappi. Queremos que isso vire um hábito,” conta Vitti.

Keywords